Eu fiquei velho semana passada. É assustador, mas tem uma vantagem: você vai subindo uma escada, cada ano um degrau. Eu cheguei no alto da torre e daqui do alto a vista é linda!”

Na manhã deste sábado dia 6 de abril (2024) acordei com o meu esposo me dizendo, em voz saudosa, sobre o falecimento de Ziraldo. Um pouco ainda sem noção por estar a levantar, por minutos nada me veio à mente.
Mas após tomar o café, fui me dando conta da partida, para um lugar melhor (assim dizem) do querido cartunista, um dos melhores do país, Ziraldo Alves Pinto, que também desempenhou com maestria em diversas áreas: sendo chargista, escritor, dramaturgo, poeta, cronista, desenhista, pintor, ufa... caricaturista, apresentador, humorista e jornalista.
O eterno “Menino Maluquinho” - sua maior obra que rendeu mais de 4,1 milhões de exemplares -, nos deixou aos 91 anos, dormindo em seu apartamento na Lagoa, bairro carioca do Rio de Janeiro.
Falar de Ziraldo me faz recordar de minha saudosa mãe, ao me comparar a uma menina maluquinha no ensino fundamental: brigava comigo com rispidez logo ao ver a malinha da escola voar sala adentro ao abrir a porta de casa, ação cotidiana que me consagrou, em minha família, como a Menina Maluquinha! Imaginem qual minha surpresa e felicidade ao “saborear” o livro de Ziraldo com o mesmo nome, lançado nos anos 80!
O genial autor mineiro de Caratinga, nascido em 24 de outubro de 1932, iniciou sua vida profissional aos 22 anos, na Folha da Manhã, atualmente, Folha de São Paulo, com uma coluna de humor. Precursor do primeiro gibi brasileiro feito por um só autor, em 1960 a “Turma do Pererê” foi uma grande conquista marcando a primeira história em quadrinhos a cores produzida no Brasil.
E o que dizer também de outros lançamentos e sucessos durante sua carreira: “Uma Professora Muito Maluquinha”, “O Planeta Lilás”, “O Bichinho da Maçã”, “O Pequeno Planeta Perdido”, “Menina das Estrelas”, “Chapeuzinho Amarelo”, “The Supermãe” e o “Menino e seu Amigo”, entre livros, ilustrações, quadrinhos e cinema. 
Suas produções ao longo da vida lhe renderam premiações importantes:  o Nobel Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas, Prêmio Merghantealler (imprensa livre da América Latina), Prêmio Jabuti de Literatura Infantil (O Menino Maluquinho).
Também não podemos nos esquecer da trajetória incansável de Ziraldo de oposição ao regime militar ao lançar o periódico “O Pasquim” e de sua fama internacional, com ilustrações entre as importantes revistas “Mad” dos Estados Unidos; “Private Eye”, Inglaterra; e ainda “Plexus”, da França. 
Uma persona como Ziraldo, que fez parte da trajetória política, educativa e cultural do país e que esteve e sempre estará nos corações de crianças e adultos com sua vasta e rica obra, jamais será esquecido! 
Tenho certeza de que não só em meus sentimentos que o menino maluquinho Ziraldo brilhará nas estrelas, levando ainda para o outro lado da vida seu humor e genialidade para agradar também os anjos do Senhor!

Minibiografia da autora
Miriam Santiago: jornalista e formada em Letras. Publicações: “Livro Negro dos Vampiros”; “No Mundo dos Cavaleiros e Dragões”; “Sobrenatural”; “Metamorfose II: Os Filhos de Licaão”; “Momento do Autor VIII”, pela Prefeitura de Santos; “Nevermore – contos inspirados em Edgar Allan Poe”; “Mrs. Hyde” e Contos de Terror, da Fábrica de E-books.
Participante da Revista Digital Conexão Literatura e autora da extinta Revista TerrorZine.
Blog: http://miriammorganuns.blogspot.com/
Contato: miriansssantos@gmail.com

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