Por Ademir Pascale

Sou apaixonado por quadrinhos e literatura desde que me entendo por gente, e entre os grandes nomes que moldaram não só meu gosto, mas também minha forma de ver o mundo da escrita, Stephen King ocupa um lugar especial. Nascido em Portland, no estado do Maine (EUA), em 21 de setembro de 1947, King enfrentou desde cedo os desafios da vida. Filho de Donald Edwin King e Nellie Ruth Pillsbury, foi criado com o irmão mais velho, David, pela mãe, após o abandono do pai. As dificuldades financeiras da família moldaram seu caráter — e talvez também os horrores que mais tarde viria a escrever com tanta maestria.

Sua jornada como escritor não foi fácil. King começou a escrever ainda jovem, vendendo contos para revistas e jornais estudantis. Acumulava recusas editoriais como quem coleciona troféus — e, de certa forma, eram mesmo. Em uma famosa entrevista, ele revelou que pregava os bilhetes de rejeição em um prego na parede de seu quarto. Com o tempo, o prego não suportou o peso dos “nãos”. Mas ele continuou.

Um dos momentos mais simbólicos de sua carreira — e que sempre me emociona — envolve seu primeiro grande sucesso: Carrie, a Estranha. King havia escrito parte do manuscrito, mas, insatisfeito, jogou-o no lixo. Foi sua esposa, Tabitha King, quem o resgatou. Leu, gostou e o incentivou a terminar. Carrie foi publicado em 1974 e mudou sua vida para sempre. O livro vendeu milhões de cópias e logo foi adaptado para o cinema, consolidando o nome de Stephen King no mundo.

Desde então, ele não parou. Vieram obras como O IluminadoA Dança da MorteIt – A Coisa, entre tantas outras que hoje são verdadeiros clássicos do horror e do suspense. Muitas dessas histórias foram parar nas telonas e televisões do mundo todo. Adaptar Stephen King virou quase um subgênero próprio dentro do cinema. Quem nunca se arrepiou com Jack Nicholson em O Iluminado, dirigido por Stanley Kubrick? Ou ficou perturbado com a atuação de Kathy Bates em Misery?

Uma frase dele que carrego comigo como inspiração é: “Você pode, você deve, e se for corajoso o suficiente para começar, você o fará.” Esse espírito determinado é o que o transformou em um dos grandes contadores de histórias do nosso tempo. King escreve praticamente todos os dias e já ultrapassou a marca de 60 romances e mais de 200 contos. É um verdadeiro operário das palavras.

Seu livro mais recente, You Like It Darker (2024), é uma coletânea de contos inéditos que exploram os lados mais sombrios da natureza humana — sua especialidade. Com seu estilo inconfundível e domínio absoluto do ritmo narrativo, King mostra que continua em plena forma. Há quem diga que ele está ainda melhor, mais profundo e refinado do que nunca.

Curiosidades sobre ele não faltam. King tem medo de voar, não gosta do número 13 e já sofreu um acidente quase fatal em 1999, atropelado por uma van enquanto caminhava. O episódio foi tão impactante que o fez refletir sobre a finitude e influenciou diretamente suas obras posteriores. Outro detalhe curioso: ele já publicou livros sob o pseudônimo Richard Bachman, como uma forma de testar se seu sucesso vinha da qualidade das histórias ou apenas do seu nome. Resultado? As obras de Bachman também venderam bem — prova de que talento verdadeiro fala por si.

Stephen King é mais do que um autor de terror. É um cronista da alma humana, um explorador do medo, da culpa, da perda, da infância, da solidão e da esperança. Sua importância na literatura mundial é imensa e, para mim, pessoalmente, inestimável. Ele não só inspirou minha escrita, como também me ensinou que insistir, mesmo diante de tantas recusas, é o verdadeiro caminho para a realização.

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3 respostas

  1. Um livro interessante de se ler é “Dissecando Stephen King” (Tim Underwood e Chuck Miller, Editora Francisco Alves), obra que reúne diversas entrevistas concedidas pelo escritor e traz um panorama sobre sua forma de pensar, seu humor negro e processo criativo. Não li tudo o que ele escreveu, nem vou dizer que gostei de tudo o que li, mas, no geral, sim, aprecio suas histórias e a fluidez narrativa. Ex: “Carrie”, “Zona Morta”, “O Iluminado”, “A Hora do Vampiro”. Pessoalmente, prefiro-o mais como contista do que como romancista, caso esse em que acho que ele enche linguiça demais; em parte, talvez, por ganhar por quantidade de palavras. Digno de nota está que, entre os livros dele que apreciei, figura um dos mais curtos: “A Hora do Lobisomem”, uma noveleta na verdade, onde o autor destila lirismo, realçado pelas belas ilustrações de Bernie Wrightson. Quanto aos contos, o meu favorito sequer é de terror. Intitula-se “O último degrau da escada”. Há algo de melancólico, trágico e sentimental nessa história que me surpreendeu. Faz parte da coletânea “Sombras da Noite”, a qual recomendo, juntamente com “Tripulação de Esqueletos”, ambos os livros também pela Francisco Alves. Para concluir, uma frase de Stephen King, extraída de uma de suas entrevistas: “… Se você é capaz de contar uma história, tudo mais se torna possível. Porém sem a história, nada feito, pois ninguém quer saber o que sucede aos seus sensíveis personagens se não houver nada acontecendo na história. E o mesmo é verdade no que se refere ao estilo. A história é a única coisa que importa…”

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