“A magia está apenas no que os livros dizem, no modo como
confeccionavam um traje para nós a partir de retalhos do universo.” (trecho de Fahrenheit 451)

Olá leitores! Em meu primeiro post compartilho com vocês, uma obra que considero
admirável e instigante: Fahrenheit 451 do autor Ray Bradbury.

Sobra a obra
Editada em 1953, pinta um futuro sombrio para a história,
quando todos os livros foram proibidos e eram queimados. Atualíssimo e
premonitório de nossa época, denuncia como os meios de comunicação, em especial
a TV, podem manipular o pensamento e os sentimentos dos telespectadores, criar
fatos e gerar guerras.
Sobre o autor
Ray Bradbury (1920) nasceu e vive nos EUA. Suas inúmeras histórias de ficção científica, mescladas com toques precisos de suspense, de
terror e de crítica ao status quo, tornaram-no mundialmente conhecido. Teve
seus livros adaptados para o cinema e escreveu também roteiros de filmes,
dramas para o teatro, ensaios e poemas.
Ponto de vista
Eis um livro de leitura rápida e linguagem acessível, mas que aborda
assuntos intensos, profundos e filosóficos. A obra é considerada um clássico da ficção científica e classificada como literatura distópica. A distopia, é a
antítese da utopia e mostra uma sociedade futurística e imaginária que é governada
através do totalitarismo e autoritarismo. Em Fahrenheit 451, o governo busca com os meios de
comunicação de massa, controlar a sociedade e a influenciar ao consumismo irresponsável,
além de imputar regras e valores. Assim, a obra nos faz refletir demasiadamente
sobre a atual condição humana dentro da sociedade e nosso papel no futuro.
O fator determinante que me capturou para a leitura deste livro, se
refere a uma ação tenebrosa que é praticada dentro daquele universo: os livros
e qualquer tipo de leitura, exceto manuais, são terminantemente proibidos e
todos os exemplares que são encontrados devem ser queimados, ou melhor,
exterminados pelos bombeiros, estes que atualmente são os responsáveis em
apagar incêndios, na obra são os profissionais que ateiam fogo aos livros. O
próprio título faz menção à escala de temperatura na qual os livros
pegam fogo e queimam.

“Queimar era um prazer. 
Era um  prazer especial ver as
coisas serem devoradas, ver as coisas enegrecidas e alteradas. Empunhando o
bocal de bronze, a grande víbora cuspindo seu querosene peçonhento sobre o mundo,
o sangue latejava em sua cabeça e suas mãos era de um prodigioso maestro
regendo todas as sinfonias de chamas e labaredas para derrubar os farrapos e as
ruínas carbonizadas da história.” (trecho do livro)

De acordo com a lei, todos os livros são considerados mentiras que foram contadas por
pessoas que não existiram. Os cidadãos vivem cada vez mais solitários e pouco
conversam entre si, passam seus dias
ocupados com seus “telões” (tvs gigantes que chegavam a ocupar várias paredes e
exibiam um programa que era chamado de família) e suas “conchas de ouvido
(fones de ouvido). Desta forma, vemos uma sociedade que optou (não foi imposição
unilateral do governo) pela falta de leitura, de conhecimento e de cultura, por
acreditarem que tais meios seriam prejudiciais para alcançar e manter à
felicidade e a paz de todos.

“A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as filosofias, as
histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco
negligenciadas, e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego
é que conta, o prazer está por toda parte depois do trabalho. Por que aprender
alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e
porcas?” (trecho do livro)

Com o desenrolar da narrativa um dos bombeiros, o personagem principal Guy
Montag, influenciado por sua vizinha Clarisse, a qual possuía pensamentos divergentes
da sociedade abordada na obra, começa a apresentar um sentimento de
insatisfação com sua função de bombeiro e a entrar em conflito interno, contestando
se realmente a presença dos livros é nefasta a pontos destes serem destruídos.

“Ontem a noite eu pensei em todo o querosene que usei nos últimos dez
anos. E pensei nos livros. E pela primeira vez percebi que havia um homem por
trás de cada um dos livros. Um homem teve de concebê-los. Um homem teve que
gastar muito tempo  para coloca-los no
papel. E isso nunca havia me passado pela cabeça.” (trecho do livro)

Montag então, começa a buscar informações
que o auxiliem a entender todas os seus descontentamentos, e a responder seus
questionamentos sobre os costumes e crenças da sociedade na qual estava inserido. Desta maneira, ele vai
paulatinamente tornando-se um ser pensante, onde a realidade se torna
esmagadora e contrária a seus novos conceitos.
Escrito na década de 50, Fahrenheit vislumbrou um futuro que
infelizmente vejo muito presente em nossa sociedade atual, pois cada vez mais, estamos
plugados nas redes sociais e na internet, deixando de lado invariavelmente o convívio social e nosso
raciocínio crítico, para avaliar a veracidade das inúmeras informações que
recebemos diariamente, e distinguir aquilo que realmente é importante e que
agrega algum conhecimento.
Enfim, é uma leitura indispensável que mostra a força e o poder dos
livros e que estes nunca devem ser menosprezados e extinguidos. Já reli esta
obra algumas vezes e em cada uma delas, encontro algo novo que me perturba e me lança
de roldão, a um turbilhão de pensamentos e divagações sobre a diferença entre estar vivo
e realmente existir.

Compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *