Fale-nos
sobre você.

Docente Associada 3
e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE – UFSCar
– Linha de Pesquisa: Educação Escolar: teorias e práticas (
http://www.ppge.ufscar.br/).

Diretora do
Cfei  – Centro de Pesquisa da Criança e de Formação de Educadores da
Infância

(https://www.cfei.ufscar.br/https://www.facebook.com/ufscar.cfei). 

Pesquisadora com
Acordos Bilaterais de Cooperação Internacional: UniMore (Reggio Emilia –
Itália); UniRomaTre (Roma – Itália); ULisboa (Lisboa-Portugal); UniRoma 4 (Roma
– Itália); Edugest – Formação Educacional (Madrid e Barcelona – Espanha) e
 Serveis per a la Infancia Créixer Junts (Espanha), UniCatt (Milão-Itália).

Docente Associada 3
do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas – CECH (
www.dtpp.ufscar.br).

Pós-doutora
pela Università Degli Studi Roma Tre (UniRoma Tre) – Dipartimento di Scienze
della Formazione (Itália). 

(https://www.uniroma3.it/ateneo/dipartimenti-e-scuole/https://www.uniroma3.it/)

Doutora em Educação
Escolar pela Universidade Estadual Paulista (Unesp, campus de Araraquara/São
Paulo- Brasil). 

Pedagoga e Mestre
pela Universidade Estadual Paulista (Unesp, campus de Rio Claro/São Paulo –
Brasil).

Docente do quadro
efetivo da Universidade Federal de São Carlos – Campus de São Carlos/São
Paulo/Brasil. 
 

Prof. Dra. Aline Sommerhalder – Foto divulgação

ENTREVISTA: 

Como analisa a questão da violência nas escolas? Falta uma cultura de
paz por parte das pessoas (alunos, comunidade escolar etc.)?
 

A escola é uma instituição
social, em que se vive a vida não apartada da sociedade. Pode ser entendida
como minissociedade para as crianças ou estudantes que nela cotidianamente
aprendem não somente sobre conhecimentos científicos, mas ainda sobre modos de
viver a vida nas nossas culturas. Um lugar de aprendizagem de valores, de
concepções, de ideias, de viver no coletivo, de aprender a  viver (e
conviver) com a diversidade, de fazer amizades etc. Pode ser entendida como um
lugar em que se manifestam as culturas, se interiorizam culturas e se
ressignificam essas culturas. Ou seja, mais do que os conteúdos das disciplinas
escolares, a escola é um lugar de aprender sobre tudo que existe na sociedade.
Ela traz para seu cotidiano a manifestação também dos valores sociais. Mas,
em pedagogias críticas ou ativas,  este aprender sobre tudo que há na
sociedade e na cultura ou os conhecimentos historicamente existentes deve
acontecer de forma crítica, problematizadora, reflexiva e libertadora. Não se
trata de absorver naturalizando os fatos sociais, os modos de viver, mas de
aprender a partir da problematização, da criticidade, da autonomia do pensar,
de uma liberdade humanizadora. 

Nessa lógica, uma educação para a
paz é parte do sentido escolar das ações cotidianas educativas em pedagogias
críticas. A cultura da paz contraria um aprender sem reflexão, sem
criticidade, um aprender submisso, não democrático, não pensante autonomamente,
em que o/a cidadão estudante (criança, por exemplo) recebe o conhecimento
científico, as culturas presentes em nossa sociedade (e nestas também os
elementos das discriminações, das violências, das desigualdades, das
injustiças) sem questionar ou problematizar tais valores e costumes. Uma
cultura de paz nas escolas é, sem dúvida, parte do sentido das pedagogias
revolucionárias ou das pedagogias críticas ou ativas. É uma forma de fazer a
educação escolar com fundamentação teórica em epistemologias críticas. Em
pedagogias tradicionais, o aprender é transmitido pelo/a professor/a e
memorizado pelo/a estudante, mas sem questionamento, justamente para manutenção
do ‘status quo’. Dito de outro modo:  um ensinar e aprender para
manutenção do vigente ‘maléfico’ da sociedade ou esfera empobrecida dos valores
sociais e culturais (o que inclui as violências, as desigualdades, as
injustiças, as intolerâncias etc.). Para transformação social, é preciso uma
educação escolar de paz (e não disputa, guerra, competição, inimizades e ódio):
para aprender a conviver com o plural, com a diversidade e atuar como cidadão
para uma sociedade mais igualitária, mais justa, mais humana nas
relações. 
 

A violência pode ser reflexo de uma sociedade capitalista, que
privilegia a competição, o individualismo?
 

Considerando a escola como uma
microssociedade, a violência que ocorre dentro dela é a manifestação de uma
cultura violenta dentro de um conjunto de valores sociais que enaltece, por
exemplo, o prazer da realização do desejo pessoal sem a consideração do Outro
como humano. O Outro é visto como objeto que posso violentar ou até levá-lo à
morte. Não há valores humanos de reconhecimento do Outro como  ‘fonte’
humana de convivência. O que se apresenta na somatória dessa violência é uma
ausência de pensamento sobre como conviver com as diferenças, com outros modos
de pensar, com a ausência de respeito pela humanidade. A violência é um ato
humano aprendido na sociedade e nas culturas. Não nascemos violentos. Por isso,
aprender questionando ou em uma educação problematizadora e crítica é
fundamental para nossos estudantes, para nossas crianças  e jovens.
Justamente, para que não incorporem valores desumanos. A competição, o
individualismo fazem parte do catálogo de uma sociedade que não privilegia os
processos, as relações humanas e sim a  produtividade, muitas vezes, aos
custos da exploração, das injustiças, do menosprezo pelo Outro humano em suas
capacidades físicas e mentais. 

Fale-nos sobre seus livros. 

São várias produções científicas
derivadas de pesquisas ao longo de  20 anos de magistério superior. O
Cfei, que é o Centro de Pesquisa da Criança e de Formação de Educadores da
Infância, responde pela gestão deste fluxo de investigação, acolhendo e realizando
estudos acadêmicos em vários níveis científicos (de uma iniciação científica ao
pós-doutorado ou pesquisas internacionais/transnacionais com a Europa). No
quesito livros, faço destaque à seguinte obra: Jogo e a Educação da Infância:
muito prazer em aprender. Essa obra foi premiada pelo Ministério da Educação e
compõe o PNBE do professor, na categoria Educação Infantil – Interações e
Brincadeiras (2013)/FNDE, tendo sido editada não somente em forma impressa, mas
ainda em DVD e compõe a Biblioteca Nacional do Professor. Uma obra que foi
distribuída às escolas públicas brasileiras. Os demais materiais intelectuais /
científicos podem ser acessados por meio do endereço: 
https://lattes.cnpq.br/4775432120371947. 

Como os jogos podem ajudar na implementação de uma cultura de paz nas
escolas?
 

 Os jogos são  a forma
de aprender das crianças. Elas pensam (e aprendem) jogando, seja mais
livremente (no que chamamos de brincar livre) ou de forma dirigida (jogo
dirigido). De todo modo, de uma forma ou de outra (ambas importantes na
infância e na vida humana), o ponto central está na problematização que o jogo
permite. Jogar é analisar, simbolizar ou representar a sociedade e seus valores
e, assim, compreender o que acontece na vida real. A criança leva para o jogo o
que existe na vida real, mas simboliza. O que simboliza? O ponto nodal educativo
está nessa dimensão simbolizadora do jogo. O que simboliza é como vê, como
analisa, como pensa essa realidade ou vida real que traz para o jogo. Ela pode
jogar interiorizando sem criticidade as injustiças, as desigualdades, o horror
da humanidade: o ódio ou as discriminações, por exemplo. Deve-se educar pelo
jogo, educar para a paz, para a liberdade de um pensar justo e humano, para a
problematização e para uma sociedade democrática e justa. Somente provocando o
problematizar com as crianças durante seu jogo ou após este é que atuamos como
educadores/as sobre esses aspectos culturais e sociais.

 

CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas
Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos
livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita:
atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca
(Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O
quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021) e Exercícios de bondade (Editora
Ciência Moderna, 2023). Colunista da revista Conexão Literatura. 

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde
1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de
gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil.
Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru.
Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se
intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora
Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro se denomina Exercícios de
bondade (Editora Ciência Moderna, 2023). 

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