Adilson Zambaldi (Foto Chico Morais) e capa do livro Tronco de Canoa |
À primeira vista, a ideia é de um livro com fotos ou ilustrações, já que o cenário é farto de imagens maravilhosas, mas não. Zambaldi ousadamente prescindiu desse recurso para que as palavras descrevessem melhor do que qualquer imagem. Para cada praia uma página de um texto curto, despretensioso e suficiente para transportar o leitor a um universo de costumes, crenças, cenários e cenas, folclore e história que esse recorte da natureza guarda.
Guapuruvu, ingá flecha, banana-de-são-tomé, pinguim-de-magalhães, guaiamu, bivalve, saíra-sete-cores, caxinguelê, tiê-sangue. Quem não vive nesse universo, talvez não saiba que saíra-sete-cores é uma ave de cores belíssimas, assim como o tiê-sangue e seu vermelho exuberante, ou que o guapuruvu é uma árvore nativa, de madeira macia, boa para fazer canoas. Outra ousadia do escritor, filho de Ubatuba, é o léxico regional. Quem lê “Tronco de canoa”, descobre que está imerso em um universo literário raro.
“Minha proposta inicial era realmente transgredir a fronteira entre os gêneros breves. A geografia do local me levou a isso. É uma região com diversos microterritórios. E uma imagem ou ilustração dos lugares poderia tirar a potência imagética dos textos. Sou um escritor iniciante, me permito um pouco de ousadia”, comenta Adilson, filho de Ubatuba que viveu a infância degustando essa natureza até deixar a cidade para cursar e se formar em Comunicação Social.
Sobre o autor
Adilson Zambaldi é comunicador social, pós-graduado em Formação de Escritores pelo Instituto Vera Cruz (SP) e aluno do Curso Livre de Preparação de Escritores da Casa das Rosas (CLIPE 2023). Autor do livro de contos Fidelidade das Araras (Reformatório, 2021).
Editora Reformatório
Uma das poucas editoras voltadas exclusivamente para a literatura brasileira contemporânea, a Reformatório surgiu em 2013. Em 2015 lançou o selo Pasavento, para publicações de livros de não-ficção. São 212 livros publicados, de 175 autores diferentes. A editora conquistou dois Prêmio São Paulo de Literatura (2016 e 2018) e três Prêmio da Biblioteca Nacional (2020, 2021 e 2022). Desde 2015, tem um ou mais títulos finalistas nos maiores prêmios da literatura brasileira. 50% do catálogo é formado por autores estreantes. Tem três obras com direitos vendidos para outros países/línguas, com livros publicados nos EUA e Líbano. Parceira do Festival MIX Brasil, promove o Prêmio Caio Fernando Abreu, uma vez por ano, que tem como premiação a publicação da obra inédita vencedora de autor estreante com temática LGBTQIAP+. Agora, está iniciando a publicação de livros de autores contemporâneos dos países de língua portuguesa.