(Marion Zimmer Bradley, As Brumas de Avalon).
Marion Zimmer Bradley, em As Brumas de Avalon, soube com muita competência criar personagens femininas com características distintas, pontos de vista e objetivos completamente diferentes, mas todas dotadas de forte personalidade e capazes de lutar por seus ideais, tornando os Cavaleiros da Távola Redonda, assim como seu rei, meros coadjuvantes. Outro aspecto interessante nesta obra é a reflexão que a autora faz sobre a condição feminina no início da Idade Média, abordando temas como casamento por conveniência, homossexualidade, liberdade sexual e aborto, que eram bastante discutidos na época em que o livro foi escrito, nos meados da década de oitenta. Os excertos abaixo exemplificam o questionamento a respeito de liberdade sexual e do casamento por amor e não por conveniência:
“E por um momento de paixão iria arrastá-lo a um compromisso para toda a vida? Os costumes das festas tribais eram mais sinceros, um homem e uma mulher que tivessem o sol e o luar no sangue podiam juntar-se, como queria a Deusa, e mais tarde, se o desejassem, morar juntos e criar filhos, depois pensava-se em casamento. Sabia, no fundo do coração, que não tinha realmente vontade de casar-se com Lancelot, ou qualquer outro. ” (BRADLEY, 2008, p.98-99).
“O que estou fazendo? Será apenas por ter me falado em nome da Deusa, de sacerdote a sacerdotisa? Ou será apenas porque, quando ele me toca, ou me fala, eu me sinta mulher e viva novamente, depois de todo este período em que me senti velha, estéril, semimorta, neste casamento com um homem morto e uma vida morta? (…). Pensou num desafio: Sou uma sacerdotisa, meu corpo é meu, para ser dado em homenagem a ela! ”
(BRADLEY, 2008, p. 145).
Morgause, Morgana e Viviane, as três grandes personagens do romance na adaptação cinematográfica |
Referências: