Conexão Literatura: Como foi a experiência de lançar o primeiro livro de maneira independente?

Arthur Vinícius Feitosa Furtado: Foi uma experiência de muito aprendizado e humildade. Por um lado, eu não sabia nada sobre o mercado editorial e tive que aprender sobre os meios de divulgação e distribuição, além de perder a vergonha de vender o meu trabalho. Ainda estou aprendendo, mas me sinto menos despreparado nesta nova etapa.

Também é preciso dosar as expectativas, para não se frustrar logo no início da jornada. Sem a cobertura de uma editora ou de profissionais do mercado, dificilmente as vendas serão elevadas, mas, ainda assim, é possível conquistar um núcleo pequeno de leitores e expandi-lo progressivamente.

Conexão Literatura:  Qual foi o maior desafio que encontrou?

Arthur Vinícius Feitosa Furtado: Para os escritores independentes, acho que o maior desafio é chegar ao público. Você precisa pensar: por que alguém leria o livro de um desconhecido? Por que alguém acreditaria no meu trabalho? É um labor de formiguinha que envolve divulgação nas redes, palestras, eventos e muita disposição para conquistar novos leitores. No meu caso, ainda tenho muito o que evoluir, mas acho que encontrei alguns caminhos possíveis e pretendo testá-los nos próximos meses.

Conexão Literatura: E como foi a recepção do público ao romance “O Poeta Maldito e a Rainha da Noite”?

Arthur Vinícius Feitosa Furtado: Considerando que se trata de um livro independente, entendo que a recepção foi boa, com 300 exemplares vendidos até o momento e críticas majoritariamente positivas. Acho que a maior parte dos leitores compreendeu a proposta da série “As Crônicas do Conde Lopo” de misturar realidade ⸺ a vida de autores como Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães ⸺, ficção ⸺ personagens oriundos de romances clássicos do século XIX ⸺ e elementos góticos, como ambientações em cemitérios e, é claro, a presença de vampiros.

Conexão Literatura: E o processo de escrita da continuação, o romance “O Corvo Escarlate e o Navio dos Mortos”?

Arthur Vinícius Feitosa Furtado: Quanto à parte técnica, foi muito mais fácil, pois a prática ajuda muito e percebi que a escrita fluiu com bastante naturalidade. Não tive nenhum bloqueio ou algo do tipo. Porém a rotina intensa de trabalho ⸺ sou professor de escola pública ⸺ e de estudos ⸺ sou doutorando em Educação Escolar ⸺ acabou limitando o tempo disponível e atrasando um pouco a finalização da obra.

Conexão Literatura: Qual é o enredo de “O Corvo Escarlate e o Navio dos Mortos?

Arthur Vinícius Feitosa Furtado: Após os acontecimentos trágicos do primeiro livro, o protagonista Maneco se encontra a bordo do navio Grampus, rumo à Europa, onde pretende encontrar respostas para salvar a Rainha da Noite. Nos Estados Unidos, Edgar Allan Poe sofre com a morte recente de sua esposa, mas um visitante misterioso lhe propõe um pacto de sangue, o qual lançará o poeta americano em uma espiral ascendente de violência e destruição. Poe e Maneco encontram-se no Grampus, mas um inimigo do passado reaparece em busca de vingança, iniciando uma guerra entre os vivos e os imortais.

Ao longo da trama, há muitas referências aos contos de Poe, além de personagens oriundos dos romances brasileiros “A Escrava Isaura” e “Bom-Crioulo”, respectivamente de autoria de Bernardo Guimarães e Adolfo Caminha.

Conexão Literatura: E quais são os próximos passos? 

Arthur Vinícius Feitosa Furtado: Agora estou concentrado na divulgação do novo livro e na finalização do meu doutorado. Para o próximo ano, pretendo lançar um novo conto e iniciar a escrita do terceiro volume da série “As Crônicas do Conde Lopo”, centrado na figura do poeta Byron.

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