Eis que me encontro condenada a solidão d´alma, a qual me envolve
totalmente em um manto sombrio de amargura e dor, que me definha lentamente. Um
gélido vento passa por meu rosto e pousa em meus ouvidos profundos murmúrios de
tristeza, que declamam a saudade que sinto de um passado que infelizmente não
voltará.
Viver? Por quê? Se a alegria que exalava em meu ser se extinguiu,
cedendo lugar a uma infinita tristeza que se apoderou de mim até a última gota
de sangue? Tudo que restaram foram lembranças mórbidas e um coração vazio! Sou
hoje apenas a sombra do que um dia fui.
Morrer? Para quê? Talvez descansar do mundo e encostar a cabeça numa
lájea fria onde não serei mais assombrada por tais sentimentos, é uma
possibilidade profundamente atraente, pois acredito que é preferível morrer e
talvez encontrá-lo, a viver diariamente aterrorizada pelos punhos impiedosos
deste descomunal sofrimento.
Lembro-me que ele sempre dizia: “o que fica para depois não é o
que está confirmado para existir!” E enquanto os dias se arrastam eu tento
acreditar que este “depois” talvez me trará uma pequena porção de
felicidade.
E assim vivo ou melhor, sobrevivo, atormentada por sua ausência que se
faz sempre presente aterrorizando-me com seus murmúrios de tristeza…
* Pintura de Markus Akensson




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