O fator alternativo, episódio da primeira
temporada da série clássica de Jornada nas Estrelas escrita por Don Ingalls é
uma daquelas histórias que tinham tudo para serem grandes, mas que acabam se
tornando um desastre.
Na trama, a Entreprise se depara com uma
turbulência magnética ao entrar na órbita de um planeta. O fenômeno é descrito
como uma piscadela, um momento em que o universo parece deixar de existir.
Ao descer para investigar, Kirk encontra um
homem que diz estar lutando contra um demônio responsável pelo evento. De fato,
nos momentos em que ocorre a perturbação magnética, Lazarus e o demônio parecem
lutar e tudo leva a crer que ele pode estar falando a verdade. Mas Lazarus
também parece enlouquecido na maior parte do tempo.
(A partir daqui, teremos spoiller, então leia
por sua conta e risco).
No final, descobrimos que na verdade, o
“demônio” é a contraparte do próprio Lazarus de um universo de antimatéria. Assim,
o encontro dos dois Lazarus provoca as “piscadelas” em que o universo parece oscilar.
Mas, pela lógica do próprio roteiro, o simples encontro dos dois faria com que
ambos os universos deixassem de existir. Para explicar o fato do universo ainda
existir, o roteirista tira da cartola um “corredor” entre as duas dimensões, em
que os dois podem se encontrar sem destruírem seus universos, um verdadeiro
deus ex machina.
Como essa trama confusa não sustenta um
episódio de 50 minutos, o diretor é obrigado a repetir à exaustão longas cenas
dos dois Lazarus brigando num efeito bem mequetrefe. A caracterização do
personagem, com um longo bigode artificial, também não ajuda.
Em tempo: pelo que pesquisei, o roteiro foi
modificado. No original, Lazarus tinha um romance com uma tripulante negra,
algo que foi cortado para evitar problemas com a censura (na época casais interraciais
eram mal vistos). É possível que a história original não fosse tão vergonhosa.

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