
Por Ademir Pascale
Confesso que sempre fui fascinado por autores que ousaram romper com os padrões da literatura tradicional. Um dos nomes que mais me impressiona nesse sentido é o do irlandês James Joyce, um verdadeiro revolucionário das letras. Nascido em 2 de fevereiro de 1882, em Dublin, Joyce foi mais do que um escritor: foi um gênio que redefiniu a narrativa moderna com suas experimentações de linguagem, fluxo de consciência e estrutura não linear.

Joyce viveu boa parte de sua vida fora da Irlanda, passando por países como França, Suíça e Itália, mas sua terra natal nunca deixou de ser protagonista em sua obra. Aliás, poucas cidades foram tão bem retratadas na literatura quanto Dublin nas mãos de Joyce.
Uma das curiosidades mais emblemáticas sobre o autor é que ele escreveu o livro Ulisses, sua obra-prima, em um estilo inovador, que acompanha um único dia na vida do personagem Leopold Bloom: 16 de junho de 1904. Essa data se tornou tão icônica que hoje é celebrada como o “Bloomsday” por fãs ao redor do mundo. Outra curiosidade é que Joyce era extremamente detalhista: mesmo morando longe da Irlanda, pedia que amigos lhe enviassem mapas e informações atualizadas de Dublin para que sua descrição da cidade fosse absolutamente fiel.
Entre suas obras mais conhecidas estão Retrato do Artista Quando Jovem, Ulisses, Finnegans Wake e Dublinenses. Este último, publicado em 1914, é uma coletânea de 15 contos que traçam um panorama da sociedade dublinense do início do século XX. O livro é uma verdadeira pintura literária da rotina, dos conflitos internos e das frustrações da classe média da época. Em contos como “Os Mortos”, Joyce já ensaiava o estilo introspectivo e reflexivo que marcaria suas obras futuras.
Uma de suas frases mais conhecidas é: “Erros são os portais da descoberta.” E talvez essa seja a essência de sua escrita: explorar o erro, o pensamento disperso, os desvios da mente humana como forma de chegar a algo verdadeiro e profundo.
Embora James Joyce nunca tenha ganhado o Prêmio Nobel de Literatura, sua influência é incalculável. Autores como Samuel Beckett, Italo Calvino, William Faulkner e até mesmo Jorge Luis Borges reconheceram sua importância para a literatura mundial.
Escrever sobre Joyce é como navegar por um mar revolto de ideias, símbolos e sensações. É impossível sair ileso de uma leitura sua — ele exige, provoca e transforma. E é por isso que, como leitor e escritor, admiro tanto sua coragem artística. Joyce nos mostrou que a literatura não tem limites. E é justamente isso que a torna tão fascinante.
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Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Criador e Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Já foi Educador Social e também trabalhou por 18 anos no setor de Inclusão Digital na Cidade de S. Paulo, numa rede de solidariedade que desenvolve ações de promoção da vida em várias partes do país e do mundo, um trabalho desenvolvido para pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social. Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado de Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo”, “Contos e Poemas Assombrosos” e outras. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com