Isaac Asimov era um mestre absoluto da narrativa. Mais do
que isso, um grande criador de tramas, em que a história toda gira a partir de
uma determinada lógica, que é seguida do início até o fim. Um dos melhores
exemplos é a trilogia Fundação.
Escrita entre 1942 e 1953, a história mostra um futuro
longínquo em que a humanidade  dominou a
Via Lactea, espalhando-se por milhares de mundo em um poderoso império. Mas um
cientista especializado na Psico-história (um ramo da ciência que lida com a
humanidade a partir de uma análise matemática, só possível em população
imensas, como os bilhões de habitantes do império) percebe que este império ira
decair, o que dará origem a uma era de trevas e barbarismo – e concebe um plano
para diminuir esse período bárbaro, fazendo com que um segundo império se erga
em mil anos. Para isso foram criadas duas fundações, em pontos opostos da
galáxia, destinadas a garantir o chamado plano Seldon (batizado em homenagem ao
seu criador).
A trilogia, focada principalmente na primeira fundação, mostra
como o plano vai sendo preservado, apesar dos perigos e dificuldades – na
verdade, são justamente esses perigos, chamados de crises Seldon, que farão com
que a Fundação se torne forte. A cada crise ela vai evoluindo e é interessante
observar como Asimov maneja a trama de modo a que tudo se encaixe nos planos de
Seldon. Há uma lógica interna irrefutável por trás dos acontecimentos. O tipo
de coisa que você lê e pensa: mas é claro, essa é a consequência lógica disso!
Asimov, provavelmente prevendo críticas à estrutura rígida e
à visão positivista e matematizadora, inclui até mesmo um elemento inesperado à
equação, um verdadeiro efeito borboleta, ou atrator estranho, como diriam os
teóricos do caos, que não havia sido previsto por Seldon, e que gera uma séria
crise, que acaba sendo solucionada, também de maneira lógica.
Essa estrutura cria um elemento de suspense verdadeiramente
viciante: sabemos que a Fundação irá enfrentar crise e sabemos que ela irá
superá-las. A questão é como isso irá ocorrer de maneira lógica, que não pareça
um simples Deus Ex-Machina (recurso em que o escritor simplesmente arranja uma
solução artificial para o conflito).
Ajuda muito o fato do texto de Asimov ser sintético, focado
principalmente em diálogos e descrições breves, um quase roteiro de cinema (é
surpreendente que ainda não se tenha pensando em transformar a trilogia em
filme ou seriado).
O sucesso foi tão grande que foram escritos mais quatro
livros: Limites da Fundação, Fundação e a Terra, Prelúdio à Fundação e Limites
da Fundação. Aliás, esse é o problema da trilogia. É tão viciante que você
termina de ler e já quer comprar os livros complementares.

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