ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Rodrigo Galvão: Desde criança me encanto pela leitura, por vivenciar histórias através de páginas. Não consigo me recordar quantas vezes passei o recreio da escola na biblioteca lendo gibis da turma da Mônica. Bibliotecas e livrarias sempre foram meus locais favoritos, de uma conexão quase espiritual.

Ainda com uns 11 anos comecei a escrever minhas primeiras histórias, e, animado, as imprimia e levava para minha querida professora de literatura, uma exímia contadora de histórias.

As séries “OS KARAS” de Pedro Bandeira e “Percy Jackson e os Olimpianos”, de Rick Riordan definitivamente são dois grandes marcos na minha vida como jovem leitor que me fizeram criar mundos e personagens cativantes. Inclusive, o primeiro livro de Percy Jackson foi um presente da minha tia-avó, Sônia, que infelizmente faleceu meses antes da publicação do meu primeiro livro, e que foi a pessoa que mais incentivou minha paixão pela leitura.

Conforme os anos se passaram, nunca abandonei totalmente a escrita, mas relutava em me dedicar a ela de forma mais séria e profissional. No entanto, ao final de 2019 eu encarei esse sonho de frente e decidi estudar, e daí surgiu Três Dores.

Conexão Literatura: Você é autor do livro “Três Dores”. O livro trabalha temáticas pesadas e que nos leva a reflexão, como foi o surgimento da ideia e como trabalhar temas tão delicados?

Rodrigo Galvão: Pro meu primeiro livro, que marcaria minha chegada ao mundo da literatura como escritor, quis abordar temas que levassem meus leitores a alguma reflexão. Ainda que não tenha a presunção de mudar o mundo com meu primeiro livro, queria levar

as pessoas a refletirem, a enxergarem a dor do outro, a complexidade do ser humano e, com alguma sorte, mudar algumas atitudes (e fui a pessoa mais feliz ao receber alguns feedbacks nesse sentido!).

Mas, claro, trabalhar temas difíceis não é uma tarefa simples. Não afastar o leitor, passar a mensagem que se quer passar e não ofender quem queremos retratar, sem reforçar estereótipos simplistas: é necessário bastante sensibilidade para equilibrar todos esses fatores.

A ideia, em si, surgiu enquanto eu estudava Direito da Criança e do Adolescente, ao ler alguma situação sobre violência contra a criança minha mente viajou, naturalmente surgiu Maria, e posteriormente Eliseu. Nos meses seguintes eu vivenciei na minha imaginação as histórias de cada um, senti as angústias, os medos, de fato me coloquei em seus lugares até precisar despejar essas dores em palavras.

Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?

Rodrigo Galvão: Eu brinco que meu processo de criação é uma gestação. Eu carrego os embriões dos personagens e dos enredos na minha mente o tempo todo, indo pro trabalho, na academia, comendo, em qualquer atividade eles estão lá se desenvolvendo. Quando estou criando uma história vivencio aquela história, aqueles personagens, absolutamente todo o tempo. Chego a brincar que eles não me deixam dormir, porque as ideias, cenas, sentimentos, não param de jorrar, e me vejo como os personagens e sinto que muitas vezes parecem que tem vida própria.

Sobre inspirações, além da vida ao redor que sempre provém alguma inspiração, cito músicas, que me ajudam bastante a me transportar para outros cenários, histórias e universos, e minha esposa, Agatha, minha musa, que é a pessoa mais complexa que já conheci, poderia criar 100 personagens diferentes, totalmente únicos, apenas de conviver com ela.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?   

Rodrigo Galvão: “— Filha, deixa eu te ensinar uma coisa que eu aprendi nessa vida. — Sua voz começou a ficar mais calma, em um tom passivo-agressivo. Mas Maria sabia que era apenas sua própria frustração engasgada, seus olhos não mentiam. — Essa cidade é uma grande máquina. E as engrenagens são feitas pra moer gente como eu e você. É uma máquina que quer que a gente morra. E pra pessoas sem casa, sem família, sem trabalho… Ela não só não tá nem aí. Ela vai perseguir vocês com todas as suas forças, até deixarem de ser um incômodo.”

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?

Rodrigo Galvão: A versão e-book de “Três Dores” está disponível apenas na amazon, e a versão física tanto na amazon, quanto em outras lojas varejeiras.

Convido, ainda, se gostou do conteúdo, a me seguir no instagram, @profrodrigogalvao, para acompanhar meus futuros lançamentos.

Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?

Rodrigo Galvão: Leia e escreva. Eu brinco que meu sonho era viver como uma criança em processo de alfabetização, apenas dedicando meu tempo a ler e escrever. Ler outros autores, de diferentes países e estilos abre bastante nossos olhos para o que é literatura. Além disso, a melhora na qualidade da escrita advém do treino, quanto mais escrever, treinar, revisar, reescrever, melhor será sua técnica.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Rodrigo Galvão: Sim! Pretendo lançar ainda esse ano um conto na Amazon, que já está quase pronto e estou muito animado com essa história, pois apresento um estilo de escrita bem diferente de Três Dores.

Além disso, tenho o protótipo do meu segundo livro, mas provavelmente demorarei um pouco mais para desenvolvê-lo por completo.

Perguntas rápidas:

Um livro: A hora da Estrela

Um escritor: James Baldwin

Um filme: As vantagens de ser invisível (acho que roubei nessa porque também é um livro hahahah)

Um hobby: Arte digital (https://www.behance.net/Rodrigo_Galvao)

Um dia especial: A primeira vez que alguém que eu nunca tive contato direto ou indireto leu Três Dores e veio até mim comentar sobre o livro.

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Rodrigo Galvão: Gostaria apenas de agradecer ao espaço e a atividade que vocês realizam de promover a leitura e o interesse na literatura nacional. E, a quem ainda não conhece Três Dores, que deem uma chance pra essa jornada de três histórias tão doloridas mas tão reais.

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