Nascido em 1984, Renato Alves é romancista, contista e poeta. Seu mais novo livro, “A eternidade é um tédio”, foi publicado recentemente e de forma independente pelo Clube de Autores. Em 2019 o autor publicou, através da mesma plataforma, o romance “Criaturas indiscretas e obscenas”.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Renato Alves: Acredito que como a maioria dos escritores da minha geração, comecei publicando textos avulsos nos sites de autopublicação. Com o passar do tempo e com a notória percepção de que minha escrita evoluía, comecei a levar o processo mais a sério. Então, o que era um hobby se tornou uma tarefa árdua e complicada, porém mais prazerosa e satisfatória. Escrever com coerência é difícil. As armadilhas estão por toda a parte: incoerências, contradições, repetições e os excessos se proliferam como erva daninha nos campos das páginas. Um bom escritor também deve ser um bom ceifador.
Conexão Literatura: Você é autor do livro “A eternidade é um tédio”. Poderia comentar?
Renato Alves: É um livro de contos. Sempre gostei das amplas possibilidades narrativas que as histórias curtas dão ao autor. Neste livro, procurei explorar de maneira criativa as mais variadas formas de contar uma boa história. Um exemplo: durante dois contos, o fator surpresa é preponderante para o funcionamento da trama; o leitor é levado a um caminho em que apenas a linguagem literária é capaz de conduzi-lo sem prejuízos. O que se passa durante essas histórias não poderia ser contado, por exemplo, com imagens. O imaginário é de fundamental importância. E no geral, todos os contos entregam ao leitor algo novo se comparado aos padrões das estruturas.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Renato Alves: Foram muitas pesquisas, pois cada conto possui uma temática diferente. Complexo, misantropia, doença terminal e traição são alguns dos destaques da obra. Li muitos artigos e matérias sobre os determinados temas que me propus a escrever. Os livros que tenho na estante também me serviram como fonte de pesquisa. O tempo de conclusão do livro, entre escrita e revisão, durou em média três anos; esse tempo é meio que um padrão para mim, na certa o meu próximo livro será concluído em tempo similar.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?
Renato Alves: As conclusões são fantásticas. Alguns contos terminam revelando algo inesperado, outros de maneira mais cômica, porém se eu pudesse escolher… não sei, mas de fato, três contos me chamam mais a atenção: o segundo, intitulado “A eternidade é um tédio” (conto que dá título ao livro), relata o dia em que Jesus Cristo decide visitar a Terra com a intenção de realizar um milagre. A forma que essa história é contada lembra muito uma esquete, e o final é hilário. Há também outro conto chamado “O misantropo”, que é narrado em primeira pessoa. Nesse, acompanhamos o ponto de vista e as atitudes inconvenientes e politicamente incorretas de um homem digamos… excêntrico. E talvez o mais surpreendente seja o conto “A letra S”, em que um jovem rapaz se apaixona por uma linda e misteriosa mulher. Essa história conta com um Plot twist de, literalmente, encher a boca. E logo na sequência, uma nova revelação faz a trama fazer todo o sentido e ser fechada com chave de ouro. Ao todo são dez histórias, e todas valem muito a pena.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Renato Alves: O livro está à venda no site Clube de Autores e em outras livrarias on-line, vou deixar os links aqui. Também vou deixar o endereço da minha página no Recanto das Letras para quem quiser conferir mais sobre o que eu escrevo.
Links para adquirir o livro: https://clubedeautores.com.br/livro/a-eternidade-e-um-tedio
Link do Recanto das letras: https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=70606
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Renato Alves: Sim, mas ainda estão ganhando forma dentro da minha cabeça. Por ora, posso adiantar que o meu próximo livro será narrado em primeira pessoa.
Perguntas rápidas:
Um livro: Muitos. De praxe, vou citar o último que li: Serotonina, de Michel Houellebecq.
Um (a) autor (a): No momento, não poderia ser outro: Rubem Fonseca. Acabou se tornando personagem de um dos contos do meu livro.
Um ator ou atriz: Sob a direção do Tarantino, todos.
Um filme: Também são muitos, mas vou citar o que mais me surpreendeu recentemente: Interestelar, do Nolan. Ficção científica nunca foi a minha praia, porém esse filme me fez pensar por semanas.
Um dia especial: Silencioso, frio e, se possível, com chuva.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Renato Alves: Vou ser curto e grosso: “Ingênuo é o homem que desconhece a sua própria classe. Ignorante é o homem que endossa as atitudes perversas e errôneas de um genocida boçal. E criminoso é aquele que duvida e ainda propõe findar com o processo democrático que conquistamos à base de muita luta”.