“Não tenha medo de fazer, errar, corrigir, aprender. Muitas obras boas não são concluídas porque os autores acham que não estão “perfeitas”. A perfeição não existe e você só irá evoluir enquanto escritor a partir do momento em que outras pessoas tiverem acesso as suas criações. As críticas fazem parte do processo e você certamente irá descobrir muito sobre você e suas escolhas através dos comentários e pontos de vista externos. Tão importante quanto nutrir o sonho de escrever é avançar e aprender fazendo”.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Renata Marinho: Eu sempre quis escrever. Me apaixonei pelos livros por volta dos 13, 14 anos e nessa época eu devorava dois ou três livros por semana. Essa paixão influenciou todas as demais decisões da minha vida, inclusive optar pelo jornalismo. Apesar de ter essa convicção, trabalhei durante muitos anos exclusivamente como jornalista até que em 2018 lancei meu primeiro livro, As Garotas do Caixão. Acredito que essa “demora” se deu primeiro porque até então eu não havia conseguido chegar a uma história minha que eu gostaria de escrever e compartilhar, minhas referências nessa época passavam muito pelo romance romântico e intuitivamente eu já nutria essa vontade de desenvolver suspense, como o próprio nome da obra sugere. E, segundo, porque eu não conhecia absolutamente nada sobre o mercado editorial. Eu tinha o sonho de escrever, já fazia isso profissionalmente há mais de uma década, mas ainda assim eu não entendia a importância de estudar também as editoras, os processos, e acredito que esse é um erro comum para quem está entrando no mercado. Então minha primeira editora foi um verdadeiro aprendizado, não tive nenhum apoio e precisei fazer absolutamente tudo sozinha (enviar livros para os críticos, carregar caixas e organizar todo o lançamento, inserir o e-book na Amazon). Entendi aí também a diferença entre as editoras tradicionais e as empresas que publicam com co-participação e geralmente não tem uma equipe por trás para sustentar o processo editorial. Com o tempo e depois de tomar algumas porradas que me apresentaram a realidade dos autores nacionais, consegui de fato me inserir no mercado editorial e tenho conquistado, dia após dia, mais leitores e espaço.
Conexão Literatura: Você é autora do livro “O veneno do caracol”. Poderia comentar?
Renata Marinho: O Veneno é um verdadeiro divisor de águas na minha vida e carreira. Com este livro venci meu primeiro concurso literário e além de garantir a publicação pela Astral Cultural conquistei também um contrato com agência literária Increasy. Tem sido incrível entrar em livrarias e ver meu livro em todas. Quem vive o mercado editorial sabe o quanto é difícil conquistar esse patamar de distribuição e alcance. Tenho recebido fotos e marcações de pessoas em diferentes estados em todo o país e é esse carinho e reconhecimento é o que faz tudo valer a pena. E ainda preciso comentar um outro aspecto tão importante quanto o primeiro que é o fato de eu ter me encontrado, sem dúvidas, os leitores podem esperar novos livros de suspense/ thriller psicológico.
Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?
Renata Marinho: Antes de sentar para escrever eu gosto de fechar a história primeiro na minha cabeça. Então quando eu vou começar um novo projeto começo a pensar sobre ele, qual seria o enredo, os personagens, tramas, e só depois que tenho tudo isso definido é que começo de fato a produzir. Pra mim funciona saber onde a história começa e onde ela termina. Cada autor tem seu processo e isso é muito interessante, alguns sentam sem nada definido e deixam a história “se contar”.
Sobre as minhas inspirações, nos últimos três anos tenho me dedicado exclusivamente ao gênero que escrevo hoje. Então tudo que sai e se destaca no mercado com essa pegada de thriller, principalmente o psicológico, me atrai. Sou uma consumidora ávida de livros, filmes e séries com essa vertente. E cada vez mais esse gênero tem tomado as livrarias e telas, tem muitos autores estreantes incríveis. Um autor que é uma referência para mim e consegue fazer sucesso em toda a cadeia e tem quase todos os seus livros transformados em séries e filmes é o Harlan Coben.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Renata Marinho: “Poucos olhares são tão poderosos quanto aqueles regidos pelo ódio, que são capazes de congelar qualquer alma que os aceite de frente. Não há como lutar nem como fugir. Ali, naquela noite fria e cercada por uma pequena mata que conferia ao chalé charme e solidão, a ilusão de segurança se desfez em poucos segundos. O silêncio gritava, dizia muito. Ele era meu. Era nosso. As mãos trêmulas e agitadas de minutos antes cederam lugar a um novo membro rígido e sem qualquer tipo de movimento. Mas a minha mente… não me deixou esquecer quem eu era”.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Renata Marinho: O livro físico pode ser encontrado em todas as livrarias do Brasil. E uma opção interessante também é comprar pela Amazon, que disponibiliza ainda a versão para Kindle.
Para quem deseja saber um pouco mais sobre a minha trajetória, basta me seguir no Instragram: @renatamarinho.jn
Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?
Renata Marinho: Escrever é um ato solitário. Então minha dica é: não desanimem ou percam o foco. Começou a escrever, crie uma rotina dentro das suas possibilidades (porque praticamente todos os autores precisam conciliar com demais trabalhos e atividades). E estudem sobre o mercado editorial, escolham e direcionem seus projetos para as editoras certas, busquem conhecimento e sigam escritores que podem te ajudar a encontrar o seu próprio caminho.
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Renata Marinho: Sim! Já estou trabalhando no meu novo suspense e ele será entregue a minha agente literária até março de 2024. Se tudo der certo, no segundo semestre do ano ou no máximo início do próximo teremos livro novo no mercado. Assim como no Veneno, o próximo tem como objetivo aprofundar na mente humana. E usar o mistério como pano de fundo das histórias tem sido bem interessante porque com este gênero é possível explorar situações extremas como a morte, suicídio, traumas, complexidade das relações humanas, para passar as mensagens e propor as reflexões que eu gostaria.
Perguntas rápidas:
Um livro:) – Vou citar A Empregada da Freida McFadden, minha última leitura e é um livro que gostei bastante.
Um ator ou atriz: Rosamund Pike (ela é perfeita).
Um filme: Fragmentado
Um hobby: Jogar futsal
Um dia especial: Quando recebi o resultado do concurso literário da Astral Cultural e eu estava viajando, o contexto tornou a conquista ainda mais inesquecível.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Renata Marinho: Na verdade, gostaria de deixar um convite aos leitores. Leiam mais autores nacionais! Deem uma chance para quem está chegando agora e se dedica tanto. Ser um autor no Brasil é nada contra a correnteza, no geral, não temos apoio – principalmente no começo, e dificilmente os autores conseguem viver exclusivamente de literatura. Ainda assim, fazemos por amor a nossa verdade e a arte. São meses e as vezes anos de dedicação. Por isso, sempre que possível, compre e siga os autores nacionais.
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Fã de Edgar Allan Poe. Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado De Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo” e outros. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com