A paixão pelos Beatles fez o paranaense Nelson
Lourenço colecionar tantas referências musicais quanto literárias em suas
estantes. “Já juntei uns dois mil CDs, e tive que me desfazer da maioria. Mas
dos livros não tem jeito, a gente carrega pra onde for”, diz ele.
Jornalista de formação, começou a publicar
tardiamente, ainda que produzisse ficção desde a adolescência. A pandemia
acabou sendo produtiva para ele: finalizou Paraíso Selvagem, seu primeiro romance,
lançado pela Kotter Editorial, e agora prepara novo livro para o ano que vem.
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos
leitores como foi o seu início no meio literário?
Nelson Lourenço: Sempre escrevi ficção, contos
principalmente, mas foi somente nos últimos dez anos que resolvi levar adiante
a ideia de publicar. Meu primeiro trabalho impresso foi o conto Homem-Placa,
que saiu na extinta Revista da Folha, da Folha de S. Paulo. De lá para cá, estive
em coletâneas de contos, ministrei oficinas de literatura e participei da FLAQ,
a Festa Literária de Aquiraz, às vezes nos bastidores, participando da
curadoria, e às vezes mediando as mesas de autores. Também procurei ter aulas
com os melhores quando o assunto é workshop literário: Márcia Denser, João
Silvério Trevisan, Nelson de Oliveira.
Conexão Literatura: Você é autor do livro “Paraíso
Selvagem”. Poderia comentar?
Nelson Lourenço: Há muito tempo, ganhei um concurso
do antigo Jornal da Tarde (sim, sou amante de jornal impresso até hoje) sobre o
aniversário de lançamento do disco Sargent Pepper´s. A historieta que
criei na época girava em torno da ideia de as celebridades que estão retratadas
na capa do disco ganharem vida. Daí resolvi escrever um romance com esse ponto
de partida, mas acontece que a tarefa foi ficando cada vez mais difícil. Me
concentrei apenas no Elvis, imaginei como seria se ele ainda estivesse por aí,
tentando sobreviver, arranjando um emprego e pagando as contas. Esse foi o
embrião do Paraíso Selvagem.
Conexão Literatura: Como é o seu processo de
criação?
Nelson Lourenço: Costumo acordar cedo, todos os dias.
Gosto de escrever logo pela manhã ou no final da tarde. Quando estou envolvido
com uma história, tento escrever sempre que posso. Para textos mais longos,
procuro delinear bem a história que desejo contar, os personagens e o
encadeamento dos capítulos, antes de começar. E não deixo de ler mesmo nos
momentos mais conturbados. Pode ser um romance, um conto, uma biografia ou
alguma coisa de filosofia, um ensaio, enfim. Tem sempre alguma coisa na minha
cabeceira.
Conexão Literatura: Quais são as suas inspirações?
Nelson Lourenço: Gostaria de ser um artesão, como
Fitzgerald, mas acho que sou mesmo mais do tipo Hemingway, mais econômico. Deve
ser influência do jornalismo. Gosto muito da narrativa seca e poética de Dalton
Trevisan, pra mim é a perfeição. O Paraíso Selvagem tem um pouco de tudo isso e
também influência da literatura beat, do pulp, de Salinger, entre outras
referências.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do
seu livro especialmente para os nossos leitores?
Nelson Lourenço: Olha, tem um capítulo inteiro
disponível na Revista Zunai. Foi publicado antes mesmo do livro sair. É o
primeiro capítulo em que o Elvis aparece na história. É só acessar https://www.revistazunai.org/post/sapatos-de-camurça-azul-por-nelson-lourenço para ler.
Conexão
Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro
e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Nelson Lourenço: O jeito mais fácil é entrar no meu
site pessoal, o universonerso.com. No final da página inicial tem meu
email, para que o leitor entre em contato e eu envie o livro pelo correio.
Conexão Literatura: Quais dicas daria para os
autores em início de carreira?
Nelson Lourenço: Hoje qualquer pessoa que se
dispuser a escrever consegue publicar um livro. Mas nem todos vão persistir na
carreira de escritor. Um bom livro de estreia é fundamental para quem deseja
continuar escrevendo. Trabalhem duro na trama, na construção dos personagens,
na reescrita, no polimento. Escolham alguém para uma primeira leitura no texto
que pretendam publicar, não necessariamente um amigo, mas alguém que tenha
capacidade de fazer uma leitura crítica. E procurem boas editoras, que se
preocupem em ter boas obras em seu acervo.
Conexão
Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Nelson Lourenço: Sim, tenho pronto um romance
juvenil, sobre um garoto que se apaixona na pandemia, e outras histórias que
ainda estão no forno.
Perguntas
rápidas:
Um
livro: O Apanhador no Campo de Centeio
Um
ator ou atriz: Ingrid Bergman
Um
filme: Os Bons Companheiros
Um
hobby: Viajar
Um dia especial: Quando recebi a notícia de que a
Kotter iria publicar meu livro.
Conexão
Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Nelson Lourenço: “Até os anjos mergulham no
inferno”. Não é do Paraíso Selvagem, apesar de ter tudo a ver com o romance. É
de um texto antigo meu, Preciosidade, que está no blog, o Instant Karma (https://nelsonlourenco.blogspot.com). Convido a todos a irem lá
também para lerem um pouco mais da minha produção.