Profissional de TI, aposentado, pai de duas meninas e avô de duas netas.  Gosta muito de escrever. Identificado com as posições de esquerda, progressistas. Resolveu trabalhar em um livro que mostrasse o envelhecimento nos últimos anos conturbados do Brasil. Possui biblioteca com cerca de 800 livros.

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Gil Camargo: Sempre escrevi para público interno, sem maiores pretensões literárias. Editei por conta um livro de poesias faz alguns anos e tive um livro que contava a história da cidade de São Paulo e do meu time de futebol contratado por uma editora, mas ela foi vendida e o projeto engavetado. Agora consegui lançar Velhice Sinistra.

Conexão Literatura: Você é autor do livro “Velhice Sinistra”, poderia comentar?

Gil Camargo: O tema do envelhecimento vem ganhando destaque na mídia, especialmente em debates sobre as implicações sociais e emocionais do aumento da expectativa de vida em um mundo acelerado. Estudos recentes apontam que os impactos de eventos globais, como pandemias e instabilidades políticas, são especialmente profundos para a terceira idade, tornando minha obra atual e relevante. Como gosto de comentar: “A narrativa de Velhice Sinistra se propõe a mostrar como envelhecer pode ser desafiador em um contexto de tamanha transformação, mas também como a amizade e os vínculos humanos nos ajudam a encontrar sentido.”

Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?

Gil Camargo: Em geral busco um refúgio, um local sossegado e distante da cidade de São Paulo para escrever. Neste momento minha principal inspiração tem sido observar através de amigos e mesmo comigo mesmo, como tem sido o processo de envelhecimento diante de um momento tão cheio de alterações na vida de todos nós, considerando tanto pandemia quanto mudanças radicais nos meios políticos. E escrever sobre isso tudo.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?   

Gil Camargo:

“Pedro não se considerava uma pessoa fria, apenas antissocial. Uma espécie de alma divergente que carregava tatuado no semblante o desconforto com relações hipócritas, forçadas, exageradamente simpáticas na superfície. Não é distância, é escudo contra as próprias desilusões, justificava-se.

Por segundos regrediu aos anos setenta tentando rever-se, mas não encontrou mais aquele menino. Casamentos e empregos se tornaram protagonistas do dia a dia e os sonhos e as crenças foram preteridos, muitas vezes até dilacerados, e quem vencera fora o destino atávico sul-americano pela corrupção e pelo descaso com os semelhantes.

Antes de adormecer de cansaço lembrou da caixinha. Pegou-a na mochila e abriu. Era um copinho propício para tomar o velho Jack. Grafado em letras minúsculas por algum artesão local, a frase que o deixo sinceramente emocionado.

“Nós sempre teremos Cunhaú”.

Ainda dentro da caixinha um pedaço de papel azul só fez aumentar os sentimentos:

Você lembra naquele dia no sítio do Vlad, quando falamos de amores proibidos e eu disse que não tinha nenhum? Pois eu menti, meu Darin dos trópicos.

Fechou os olhos lembrando do filme argentino. Sabia que duas certezas desceriam com ele em Guarulhos: continuava sem pertencimento. E a trupe acabara de vez.”

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?

Gil Camargo: Quando você mesmo patrocina a edição de seu livro, acaba por buscar editoras mais em conta e por isso mesmo mais tímidas. A área comercial da editora é limitada e até o momento só está disponibilizado assim:

Direto comigo, e-mail velhice.sinistra@hotmail.com (mando pelo correio com dedicatória)

https://www.ipedasletras.com

https://www.amazon.com.br/ (físico e Kindle)

https://www.estantevirtual.com.br

https://www.umlivro.com.br

Em 28/03 haverá o lançamento do livro na Livraria da Vila de Higienópolis as 19 hs. Depois do lançamento estará disponível também na Livraria da Vila.

Conexão Literatura: Como você analisa a questão da leitura no Brasil?

Gil Camargo: A leitura de livros está diminuindo gradativamente no Brasil, o que é lastimável. Não há incentivo, não há investimento e as novas gerações estão mais entretidas com as redes sociais do que com a leitura de livros, a meu ver essencial para a formação de qualquer pessoa. Uma pena.

Recentemente o jogador Neymar fez uma festa para seu filho. Na hora dos presentes, ele fez o que considerou um brincadeira (de péssimo gosto, by the way): Simulou estar dando de presentes alguns livros, que o menino, não fosse filho e neto de quem é, desprezou e mostrou uma certa indignação. Então recebeu o presente “correto”, uma idiotice qualquer de jogos. Assim são os tempos.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Gil Camargo: Tenho duas idéias para transformar em livros, mas só vou me dedicar após esse lançamento de março

Perguntas rápidas:

Um livro: Pessoas decentes, Leonardo Padura

Um ator ou atriz: Fernanda Torres

Um filme: Um estranho no ninho

Um hobby: Cerveja, Jack Daniels, música clássica e leitura

Um dia especial: Quatro. Nascimentos de filhas e netas

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Gil Camargo: Sim: Leiam!!!

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