ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Geny, você escreve e cria suas histórias há mais de 35 anos, poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Geny Vilas-Novas: O meu início foi frequentando a Oficina Literária do professor Ivan Cavalcanti Proença (OLIP), desde 1988 e ainda hoje, estudando técnicas literárias.

Conexão Literatura: Já são mais de 15 livros publicados, sendo o lançamento deste ano o livro “Um lugar muito distante” (Ed. 7Letras). Poderia nos contar, em suas palavras, sobre o que o leitor pode encontrar em “Um lugar muito distante”?

Geny Vilas-Novas: Cada leitor tira conclusões e aprendizados diferentes do mesmo livro. Um bom livro oferece muitas leituras, inclusive quando o mesmo leitor o reler. 

Conexão Literatura: Com tantos livros publicados, como é o seu processo de criação? Você carrega consigo inspirações para suas obras?

Geny Vilas-Novas: O meu processo criativo é muito espontâneo, não obedeço a nenhuma regra. Tanto pode ser de manhã ou me acordar no meio da noite para escrever e ir até ao meio dia sem parar nem para tomar café. Também quando eu não quero escrever e a ideia vem eu faço bilhetinhos e anotações. Eu não escrevo livros, escrevo frases e as frases escrevem meus livros.

Ana Rita de Calazans Perine: Poderia destacar um trecho de algum de seus livros especialmente para os nossos leitores?

Geny Vilas-Novas:

            Início de um capítulo de “Um lugar muito distante.”

“Dizem que a noite chega mais forte em certos lugares. Era assim que ela chegava ao Sítio de Cima. Acendíamos as lamparinas, os lampiões Alladim. Mais modernamente os lampiões a gás. Mas se olhássemos pela janela não enxergávamos nada. Era uma cegueira sem fim. Um breu! Nada espantava o negrume. Principalmente em noites de chuva ou quando roncavam os trovões.

Um manto negro revestia os verdes das serras e das várzeas salpicadas de por vaga-lumes. Os pássaros noturnos piavam macabros, parecidos com sacis, demônios ou fantasmas. Os animais domésticos adormeciam, os sapos coaxavam nos baixios. Os humanos se confinavam nas casas, torturados pela escuridão.

Minha irmãzinha e eu olhávamos os insetos se chocando contra os vidros dos lampiões ou se queimando nas chamas das lamparinas. Projetávamos na parede com as sombras das nossas mãos cabeças de coelhos, de cavalos, de cães e aves voando.”

Conexão Literatura: Geny, você já foi semifinalista no Prêmio Oceanos e coleciona menções honrosas em outros concursos literários. Recentemente, o seu livro “Todo dia é domingo” (Ed. 7Letras) ficou em 3º lugar na categoria de romance do Prêmio Júlia Lopes de Almeida, do Concurso Internacional de Literatura UBE RJ 2023. Como você se sente, como autora, tendo seu trabalho reconhecido por essas premiações?

Geny Vilas-Novas: Os prêmios são mágicos, voláteis e fugazes, duram alguns minutos e evaporam. O que fica é o trabalho duro, árduo e pesado. Muitas vezes sinto a ilusão de estar criando. Embriagada desta ilusão. Imagino estar criando maravilhas, não há nada mais triste do que a ilusão de estar criando.

Conexão Literatura: Você recomenda algum livro como porta de entrada à sua escrita para os leitores?

Geny Vilas-Novas: É uma pergunta muito difícil.  Um lugar muito distante é um livro delicado. Flores de vidro, Onde está meu coração e Fazendas ásperas fazem parte de uma trilogia. E Fazendas ásperas ficou como semifinalista do prêmio Oceanos de literatura.  Depende muito do gosto do leitor. Foram todos escritos com o mesmo cuidado.

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?

Geny Vilas-Novas: Os leitores podem encontrar meus livros através do meu site (https://genyvilasnovas.com.br/livros/), pelo site da Editora 7Letras (https://7letras.com.br/Autor/geny-vilas-novas/) ou pela Amazon.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Geny Vilas-Novas: Estou escrevendo dois livros ao mesmo tempo: Minas Gerais vista pelo lado de dentro e O medo pode mudar de lugar.

Perguntas rápidas:

Um livro: História da guerra do Peloponeso

Um escritor: Kobayashi Issa

Um filme: Baladas de Narayama

Um hobby: Jardinagem, ler e escrever.

Um dia especial: O nascimento dos meus filhos.

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