ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Você é autor de vários livros: entre trabalho, família e escrita, como é o seu dia a dia?
Fauno Mendonça: A literatura representa somente uma pequena parte de meu tempo. Minha vida profissional, trabalhando no âmbito do Direito, toma a maior fatia de minhas atividades, mas, isso também é muito interessante, porquanto, Direito e literatura têm suas conexões vinculadas à escrita. Enfim, sempre falta tempo para dedicar de forma mais profissional à literatura, pois não posso esquecer de cuidar de minha vida familiar, social, bem como de meu corpo, mente e alma.
Conexão Literatura: Você é autor do livro “A busca dos loucos”. Poderia comentar?
Fauno Mendonça: Esse livro foi o primeiro escrito por mim, nele procurei colocar a vida no limiar da morte ou a morte no limiar da vida, tudo para demonstrar que a vida deve ser vivida plenamente. Penso que cada leitor, ao adentrar na narrativa, poderá ter uma visão própria acerca do que eu estou falando. Trabalhei a compreensão daquilo que, por vezes, somente há entendimento após uma abrupta experiência, uma entrega sem volta. O tema é muito delicado, visto que mexe com emoções profundas e com temas sensíveis, notadamente reflexões sobre a falta de vontade de viver e a entrega para morte, mas, paradoxalmente, ressalto a desesperada intenção do seu protagonista vivenciar a vida em seu esplendor. De qualquer forma, apesar do peso do livro, tenho muita convicção de que a obra leva uma mensagem muito positiva acerca da vida e, sobretudo, sobre a possibilidade real de vivenciar a glória neste plano, sem que haja quaisquer subterfúgios para estorvar ou ceifar nossa caminhada.
Conexão Literatura: Para quem você indica “A busca dos loucos”?
Fauno Mendonça: Indico para todas as pessoas que gostam de literatura intimista, principalmente para aqueles que não estão em sintonia com o mundo. Acho que um tranco nas emoções, em face da leitura do livro “A Busca dos Loucos”, poderá aclarar o leitor no desiderato de demonstrar que a vida é uma mágica a ser reverenciada e desfrutada. No entanto, todos que gostam de literatura de modo geral poderão apreciar a obra.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Fauno Mendonça:
“Morte, maldita, incompreendida. Não sei se ela me perseguia, se o temor de seu pó me apavorava. No fundo, percebia que o medo não existia, mas estava tão ligado à vida que não gostaria de deixá-la assim tão facilmente. A morte tem existência real como a vida, pena que as pessoas não possuem tal noção. Todos lamentam a morte como um fim, entretanto, ninguém questiona o próprio começo da vida como um fim de algo desconhecido. Ficam no mundo do presente, esquecem o anterior. Só há olhos para o sentido mais rude de tudo. O futuro nunca existiu, somente o passado e o presente têm existência concreta. Tudo segue o caminho retilíneo do absoluto. Talvez a morte não exista.”
Conexão Literatura: Como analisa a questão da leitura no país?
Fauno Mendonça: Lamentavelmente, o Brasil, por questões de políticas educacionais erradas ao longo de sua história, tornou-se um país de analfabetos funcionais, por isso, a literatura encontra-se no contexto de um público muito restrito, contudo, apesar de haver poucos leitores brasileiros, considerando o tamanho de nossa população, acredito que são leitores muito qualificados, atentos aos clássicos e à literatura contemporânea. A elite brasileira lê muito e lê todos os gêneros. Quem adquire consciência acerca da necessidade e importância de ler não perde a oportunidade de fortalecer seu intelecto e seu espírito.
Conexão Literatura: O que tem lido ultimamente?
Fauno Mendonça: Ainda gosto dos clássicos, estou lendo Dostoiévski, Crime e castigo, mas sei que preciso ler também os autores contemporâneos, existem muitos autores de grande talento desconhecidos do grande público, os quais devem ser prestigiados.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o livro e saber mais sobre Fauno Mendonça?
Fauno Mendonça: Na Amazon e no Clube dos Autores, as minhas obras estão disponíveis, mas, há outros diversos sites que podem ser adquiridas, basta fazer uma simples busca no Google.
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Fauno Mendonça: Há, mas estou adiando. Acho que preciso amadurecê-los um pouco mais.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Fauno Mendonça: O Livro “A Busca dos Loucos” não é um livro trivial, irá impactar nas sombras que foram construídas ao nosso redor durante o curso da vida. Trata-se de compreender e desnudar o sentido maior da existência; sua narrativa centra-se em uma constante luta que só os “loucos” têm coragem de enfrentar a sua própria escuridão para galgar a felicidade plena. Ressalto, ainda, que o termo “louco” no livro tem uma conotação de capacidade de desnudar os eixos errantes do cotidiano para enxergar o simples e dele extrair todas as suas benesses. Nesse caminhar, quem tiver essa coragem poderá ser taxado de “louco”, mas, na verdade, trata-se de buscar a lucidez para seguir corretamente seu caminho. Sei que usei de uma narrativa carregada e acobertada pela morte, mas tudo não passa de figuras de linguagem para provocar reflexões. Portanto, após ler “A Busca dos Loucos”, talvez, o leitor possa fazer parte desses “loucos” que buscam destruir as falácias emocionais para atingir o zênite da vida, tornando-se consciente de que a vida é algo sagrado, uma dádiva de Deus, a qual deve ser preservada e usufruída da melhor forma possível. Siga a luz de vela e alcançará as glórias que estão ao seu redor!
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Fã de Edgar Allan Poe. Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado De Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo” e outros. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com