Samuel Patriço Ramos – Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

Nasci em Colatina, Espírito Santo, em 1990. Sou professor de Língua Inglesa, divido meu tempo entre lecionar e criar histórias. Minha carreira literária começou em 2020 com o livro “O Mistério de Carmond”, seguido de “O Segredo de Montes”, em 2022, que foi premiado com o Prêmio Book Brasil de “Melhor Suspense de 2022”. Em março de 2024, lancei o meu terceiro livro, “Antes Que a Ferida Se Feche”, pela Editora Flyve. Atualmente, vivo em Pinheiros, no Espírito Santo.

Fale-nos sobre o livro “Antes que a ferida se feche”. O que motivou a escrevê-lo?

Essa é uma pergunta interessante, porque eu costumo dizer que foi o vento quem me soprou a trama de “Antes Que a Ferida Se Feche”. Inclusive, dediquei o livro a ele. A história é a seguinte: em agosto de 2022, o estado do Espírito Santo, onde moro, foi agraciado com uma frente fria que durou mais de uma semana, trazendo ventos fortes e persistentes. Sendo um entusiasta das temperaturas amenas, rendi-me ao clima convidativo para retomar uma de minhas atividades prediletas: a corrida ao ar livre.

Então, enquanto me movimentava pela estrada de terra, imerso na natureza do trecho conhecido como “a estrada do Pedro Pereira”, sentia o vento beijar livremente o meu corpo, proporcionando uma sensação sublime de liberdade e conexão com o Divino. Foi nesse cenário inspirador que a narrativa começou a se desenrolar para mim. A partir daí, sabia que tinha uma boa história a ser contada. À medida que a trama do casal protagonista se desenvolvia, comecei a sentir a necessidade de contar alguns relatos pessoais da minha infância e adolescência. Foi um processo muito prazeroso poder entrelaçar minhas memórias afetivas com o enredo dos meus personagens.

Fale-nos sobre seus outros livros.

Eu sou um contador de causos. Faço questão de deixar isso explícito logo nas primeiras páginas dos meus livros, para que o leitor saiba exatamente o tipo de história que encontrará. Até porque existe leitor que não gosta desse estilo de narrativa. Todos os meus livros publicados até o momento seguem esse estilo. São histórias que poderiam ter sido facilmente contadas por algum parente mais velho numa roda de conversa enquanto os participantes tomam café. São narrativas que se passam em lugarejos como vilas, povoados e cidadezinhas do interior.

Sou apaixonado por esses ambientes e por toda a bagagem cultural que geralmente encontramos neles. “O Mistério de Carmond” e “O Segredo de Montes” são dois causos que envolvem lugarejos, histórias de assombração, lendas regionais, crendices e mitos, tudo isso com uma boa dose de mistério, suspense e uma pitada de romance para aquecer o coração de quem lê.

Como analisa a literatura de terror/horror escrita por brasileiros?

Eu acredito que têm surgido boas histórias no cenário nacional e torço para que surjam ainda mais. Somos um país com uma bagagem cultural gigantesca e temos inúmeras possibilidades para criar enredos sensacionais. Penso que os autores devem se apropriar mais da nossa brasilidade na hora da criação e escrever cada vez mais sobre nós, sobre a nossa gente, sobre as nossas raízes. É bacana se inspirar nos grandes nomes da literatura mundial, mas acredito que só conseguiremos uma identidade forte quando passarmos a contar mais histórias com a cara do nosso país.

Como analisa a questão da leitura no país?

Ainda temos um longo caminho a percorrer para nos tornarmos um país de leitores. Falta apoio, incentivo e investimento, entre outros fatores. No entanto, percebo um crescimento gradual no número de leitores, e isso é encorajador. É um sinal de que, com o tempo e os estímulos certos, podemos transformar nossa relação com a leitura.

Qual livro te transformou em leitor?

Foram muitos. Títulos como: “Éramos seis”, “A ilha perdida” e “A árvore que dava dinheiro”, foram alguns. A questão é a seguinte: eu fui um leitor assíduo da coleção “Vagalume” da Editora Ática. Vivia na biblioteca das escolas onde estudei e nas bibliotecas municipais das cidades onde morei, sempre à procura de novos livros da série. Considero a “Vagalume” uma das coisas mais bonitas já feitas no nosso mercado editorial. Hoje, vivo resgatando esses títulos graças aos sebos espalhados pelo país.

CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024). Colunista da revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024). 

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Uma resposta

  1. Amo esse autor, faço questão sempre de ler tudo que ele escreve. Tenho o prazer de ter ele como autor parceiro do meu IG e Meu canal no YouTube onde produzo conteúdo literário. Torço muito por mais reconhecimento dos meus autores e autoras queridas nacionais como ele.

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