Nascido em 1983 na cidade de Lins, noroeste do estado de São Paulo — Brasil, sou um autor, pesquisador e designer gráfico que se dedica ao resgate dos processos de construção do imaginário brasileiro e latino-americano em minha obra. Meu livro de estreia, “Terra dos Pássaros”, publicado em dezembro de 2023 pela Mondru Editora, busca desconstruir as barreiras entre arte e ciência para abrilhantar o valor, a diversidade e os significados históricos de nossa cultura. Resido em Campinas — São Paulo, desde 2010, e sou responsável pelo Storiologia®, um estúdio que recorre à inteligência narrativa para fundamentar o aspecto multicultural de conceitos, imagens e símbolos, além de codirigir o periódico Poiesis®, que desenvolve e divulga ensaios nas áreas de filosofia, história e crítica literária.
Sobre o livro “Terra dos Pássaros” e suas motivações
“Se é o passarinho quem faz nossa média com o lado de lá, a música é a língua que ele usa pra trazer o recado de Deus às bandas de cá.”
É com este trecho que começa ‘Terra dos Pássaros: Três Alumbramentos, Quatro Canções e Doze Manuscritos”. A história segue os passos da arqueóloga Maia Luiza do Carmo, a qual, após encontrar os vestígios de uma civilização inédita, descobre uma série de manuscritos enigmáticos deixados por seu avô e mergulha em uma jornada de revelação e autodescoberta.
Não foi o Antonio José, meu pai, quem me apresentou o Antonio Brasileiro. Mas foi ele quem me incentivou quando, após muito relutar com minha cabeça pré-programada de adolescente — que sabia valorizar apenas músicas cantadas em inglês —, achei em meio à sua coleção o disco ‘Os Grandes Sucessos de Toquinho e Vinícius’. Daí em diante, e principalmente após a sua morte, descobri que o ritual de ouvir os grandes artistas de nossa velha guarda me ajudava a tê-lo mais perto. Como se ao escutar as entrevistas, ler as histórias e me aprofundar na obra de Tom Jobim, Dorival Caymmi e Vinícius de Moraes, eu estivesse mais uma vez ao seu lado. E isso segue até os dias de hoje.
Nunca imaginei que os esforços em escavar os motivos por trás de sua genuína apreciação da cultura popular brasileira me levariam a conceber uma rapsódia literária. A inspiração, que em pouco tempo se desdobrou em um projeto incontornável, me surgiu através de um sonho no qual o pequeno menino Jobim seguia passarinhos por uma queda d’água, tão interminável quanto a toca do coelho de Alice. Foi assim que me apareceu uma ideia na qual eram os próprios pássaros quem ditavam as músicas ao nosso maestro soberano. Daí pra frente, o enredo sofreu muitas correções de rota, até se encaixar por fim na trajetória de nossa grande arqueóloga Niède Guidon, criadora do Parque Nacional da Serra das Capivaras. Patrimônio Mundial da UNESCO, esse conjunto de sítios arqueológicos é um dos que possuem a maior quantidade de pinturas rupestres do mundo, e a decifração desses índices, ícones e símbolos é uma das grandes aventuras narrativas da Terra dos Pássaros.
Praticamente todas as culturas possuem mitos originários nos quais se utilizam da figura de pássaros para representar a alma. Isso sem contar as histórias que narram o aprendizado da música por vias de nossos guias alados. Mais raro porém é o conhecimento de que nossos ancestrais dispensavam qualquer filtro no seu trato com os deuses, utilizando, ninguém menos, ninguém mais, que as aves como oráculos, bússolas e “musas” para canalizar a poesia dos céus.
O resultado deste movimento em espiral — uma espécie de “metapesquisa em forma de romance enciclopédico”, que reflete as encruzilhadas encontradas pelo próprio autor na formulação de seus achados e ideias, é uma trama improvisada a partir de uma variedade de fragmentos históricos, composições musicais e conceitos filosóficos que ajudaram a inventar um imaginário sob altíssimo risco de extinção. Principalmente a partir das eleições de 2018.
Sobre a Storiologia
Por mais livres que imaginemos serem as nossas crenças e pensamentos, somos regidos, quase sempre de forma subconsciente, por paradigmas de época ou “zeitgeists” — “espíritos do tempo” no alemão. Na era digital em que vivemos, o “acesso livre” à informação abre brechas cada vez maiores para a manipulação de dados e narrativas, criando redomas mentais que apelam aos nossos mais instintivos temores para — a favor de nosso conforto, preguiça e limites de compreensão —, destituir a verdade como fator último de legitimação dos processos de comunicação.
Nesse contexto no qual perdemos gradativamente a capacidade de transmitir nossas reais intenções, o trabalho de construção de significado e reputação de marca ganha importância capital. Afinal, viver em tempos de pós-verdade é ser forçado a assumir, com pouca ou nenhuma margem para autocrítica, o papel de vítima ou carrasco de pensamentos que definitivamente não podem ser nossos. O resultado é mais que conhecido: uma crescente onda de crises de imagem e “cancelamentos” de figuras públicas, instituições e organizações.
Problemas complexos exigem respostas complexas. Por isso a solução da Storiologia, meu estúdio pessoal de história, pesquisa e design, é escavar as camadas mais profundas das ideias, construindo firmes alicerces para uma marca saber como, quando, onde e, principalmente pelo quê se posicionar. O estímulo à individualidade, marca distinta de nossa época, deve ser utilizada aqui a nosso favor: é somente no confronto com as nossas mais íntimas crenças — e isso vale tanto para empreendedores e lideranças públicas quanto para a sociedade em geral —, que se criam as condições próprias para o nascimento de símbolos coerentes, integradores e construtivos.
Definitivamente, essa não é uma história que será escrita por inteligências artificiais.
Sobre o periódico Poiesis
A Poiesis® é uma rede formada por três profissionais “sentipensantes”, ou seja, que pensam sem deixar de sentir e sentem sem esquecer de pensar. Composto pela minha experiência na Storiologia, junto da Lívia Mota e da Natália Mota, duas poetas contemporâneas que, além de também serem irmãs, são fundadoras da marca Manas Escritas®, formamos um trio que sabe mergulhar na filosofia, na história, na literatura e, sobretudo, na poesia, para realizar um trabalho sério, verdadeiro e em profundidade.
O escopo de nosso periódico, publicado semestralmente em formato impresso, almeja novos modos de pensar e de se expressar na sociedade. Foi criado para levar valor e trocar informações reais com as pessoas, e não refrões que servem apenas para lubrificar a métrica dos algoritmos, repetir mantras vazios de conteúdo e grudarem em nossas cabeças enquanto lavamos a louça. Sim, prezamos pela estética, pela sensibilidade e pelo discernimento. Não pelo embrutecimento.
A publicação é uma inventiva direta aos Chats GPT da vida, os quais devem sempre se manter no lugar que lhes diz respeito e do qual nunca devem sair: o de apenas auxiliar quem realmente sabe criar, escrever, pensar e sentir.
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CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024).
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado de Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo”, “Contos e Poemas Assombrosos” e outras. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com
Fiquei emocionada, que ideal maravilhoso.
Parabéns, aos participantes dessa trilha …
Sucesso!