Meu nome é Ed Saraiva Jr., sou autor de terror e editor da Crypta Books, uma editora voltada para literatura de terror, suspense e policial. Formado em Comunicação e Jornalismo, atuo no mercado editorial como escritor, editor e curador de histórias sombrias. Desde cedo, fui fascinado pelo horror e suas múltiplas camadas, desde o medo visceral até a crítica social implícita nas narrativas. Meus trabalhos mesclam folk horror, terror social e horror cósmico, explorando a psique humana e seus abismos.
Meu trabalho na Crypta Books e o foco no terror
A Crypta Books surgiu em 2019 pela minha paixão pela literatura fantástica e pela necessidade de um espaço dedicado exclusivamente ao terror e seus subgêneros. O Brasil tem um público crescente de leitores ávidos por literatura sombria, mas muitas editoras ainda veem o terror como um nicho secundário. Nosso trabalho é dar visibilidade aos autores nacionais, proporcionar um catálogo variado e expandir o mercado para além dos grandes nomes estrangeiros. Como editor, busco lapidar histórias autênticas, intensas e aterrorizantes, que tragam imaginários próprios e um senso de identidade brasileira ao horror.
Meus livros e o que me motiva a escrevê-los
Entre minhas obras, destaco Jardim para Borboletas Mórbidas, um terror social que mistura folk horror, horror cósmico e contos de fadas macabros. O livro tem uma atmosfera opressora e melancólica, abordando a relação do ser humano com o medo e o desconhecido.
Além disso, tenho envolvimento com outros projetos no gênero, incluindo Um Banquete aos Deuses do Fim, uma história que une terror social e horror cósmico, inspirada em eventos reais e nas narrativas perturbadoras do interior do Brasil.
No entanto, um dos meus desafios mais interessantes como escritor foi sair da zona do terror adulto e escrever para crianças. Meu livro infantil O Fantasma do Valentão foi uma experiência totalmente nova para mim. A obra aborda o tema do bullying de forma lúdica e reflexiva, ajudando crianças a entenderem questões como medo, coragem e empatia. Esse livro foi premiado pela Secult Ananindeua no ano passado, um reconhecimento importante para mim e um sinal de que a literatura infantil pode ser uma ferramenta poderosa para debates necessários.
O que me motiva a escrever, seja para adultos ou crianças, é essa capacidade da literatura de revelar verdades ocultas, explorar o lado sombrio da humanidade e criar narrativas que ficam na pele do leitor mesmo depois do último parágrafo.
O estado atual da literatura de terror nacional
O terror nacional está crescendo e se consolidando, mas ainda enfrenta desafios. Há uma resistência do grande mercado editorial em apostar no gênero de forma ampla. Porém, cada vez mais autores brasileiros estão se destacando, trazendo histórias originais, impactantes e culturalmente ricas. Temos um vasto folclore e um histórico de medos e mitos que podem ser explorados de maneira única, e vejo um futuro promissor para o terror nacional.
Qual o maior desafio para um autor/editor de terror no Brasil?
Além do acesso ao público e ao mercado editorial, o maior desafio é convencer as pessoas de que o terror não é apenas susto e violência. O gênero tem camadas complexas, pode ser crítico, reflexivo e profundo, abordando medos coletivos e individuais. Meu objetivo, tanto como escritor quanto como editor, é fortalecer essa ideia e expandir os horizontes da literatura sombria no Brasil.
Link para o site da editora:
https://cryptabooks.com.br/
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Ambos com formação em Letras, são professores, escritores e palestrantes, com dezenas de livros publicados por diversas editoras. São colunistas da revista Conexão Literatura.
