Deborah Gomes de Paula – Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

Possuo graduação em Letras-Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004), mestrado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008), doutorado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2017) e pós-doutorado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2019). Atualmente sou professora da Universidade Paulista e membro do Grupo de Pesquisa NUPPLE – Núcleo de Pesquisa e Ensino de Português Língua Estrangeira do IP – Instituto de Pesquisa “Sedes Sapientiae” da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004) e do Grupo de Pesquisa Encontros Interculturais na EaD: Narrativas de Vidas dos Diferentes Brasis? da Universidade Paulista (2019). Tenho experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Textual, atuando principalmente nos seguintes temas: análise crítica do discurso, argumentação, ensino-aprendizagem, inclusão social, representação social, discurso jornalístico e crônica do cotidiano.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre o livro “As emoções no discurso jornalístico”. O que motivou a escrevê-lo?

Esta obra refere-se à minha pesquisa de doutorado, que foi orientada pela profa. Regina Célia Pagliuchi da Silveira, falecida recentemente, mas que foi fundamental para o desfecho da pesquisa e consequentemente da publicação. A motivação para o tema da obra, já tinha surgido durante o período do mestrado em que o foco, na época, foi verificar quais eram as estratégias utilizadas para a elaboração das notícias nos jornais impressos brasileiros, de modo a atrair mais leitores. Dando continuidade, começamos a investigar, profa. Regina Célia, minha orientadora e eu, a construção do escândalo por meio do sensacionalismo e descobrimos que de acordo com a Ideologia da empresa jornal, algumas questões sociais são transformadas em áreas semânticas para a ancoragem de diferentes notícias, elaboradas estrategicamente, por meio das sensações, a fim de atrair leitores. Desse modo, construiu-se um metamodelo que sequencia os atos de fala (ilocucional, locucional e perlocucional) para o mesmo texto, assim, a partir das contribuições do modelo sociocomunicacional de Charadeau (2010) foi possível verificar a intenção de quem fala ao fazer saber algo, fazer crer no que está sendo dito e fazer sentir uma emoção a partir do dito, dessa forma, é possível verificar o princípio de felicidade proposto por Austin (1962) ao constatar a execução e a realização da intenção projetada pelo enunciador, por meio da palavra. Essa projeção pode causar uma reação risível, de indignação, de compaixão e até dramática, mas para fazer o leitor sentir. Para tanto, foi necessária a noção de comparação por similitudes, a noção dos contextos, da captação e da subversão; enunciar o riso de Bergson (2001), incitar os atos, a partir dos estados de violência de Michaud (1989). E para a palavra que circula com maior rapidez nas redes sociais, e estabelece contextos comunicativos no mundo real e virtual, fez-se necessária a contribuição das teorias sociais do Discurso, da Mídia, do Escândalo para que se possa acompanhar a palavra e suas repercussões. Desse modo, verificou-se a construção dos escândalos pelo sensacionalismo e suas repercussões na construção das áreas semânticas que tem como pressuposto questões sociais que incomodam o poder da empresa jornal. Entre os casos analisados na obra, temos o Lula, a Parada Gay, o menino Ayslan Kurdi, a morte de Eduardo Campos e outros.

Fale-nos sobre o livro que organizou (“O lugar de fala e as narrativas midiáticas”).

O advento das novas tecnologias tornou a comunicação fundamental nos processos de sociabilização cotidianos, privilegiando a expressão de ideias e opiniões como estratégia de informação. As experiências que transitam nas plataformas digitais propõem formas de expressão e de comportamentos que, por estarem no espaço virtual, constroem e divulgam conhecimento sobre os diferentes aspectos da linguagem que praticamos baseados nas experiências midiáticas e também de mediação. 

Entende-se que as narrativas midiáticas são relevantes para relacionar as diferentes comunidades conectadas pelas diversas plataformas tecnológicas, especificamente a EaD, e tem sido objeto de estudos da equipe de pesquisadores no Grupo de Pesquisa Encontros Interculturais na EaD: narrativas de vida dos diferentes brasis (UNIP/CnPQ) liderado pelas professoras Dra. Cielo Festino e Dra. Roseli Gimenes. 

Esta obra é resultado da apresentação de uma mesa-redonda do grupo de pesquisa no XXI Encontro Científico da UNIP, em que alguns professores-pesquisadores do grupo se juntaram a mim, para a publicação de seus textos de pesquisa. A produção de conhecimento proposta nessa apresentação busca destacar a importância das linguagens e dispositivos essenciais para a comunicação e a sociabilidade num mundo de conexões, interações e discursos quase sempre midiatizados e tecnológicos.

Como analisa a questão da leitura no país?

Além das dificuldades históricas do nosso sistema educacional, as perdas foram mais significativas por causa da pandemia e entendo que se torna imprescindível realizar, em todos os níveis da educação, atividades para a recuperação da aprendizagem dos alunos. É necessário repensar diariamente métodos de ensino que propiciem a construção de um caminho de autonomia, por meio da leitura e da escrita. Essas estratégias, se implementadas com afinco, deverão contribuir com uma possível melhora a longo prazo.

O que tem lido ultimamente?

Entre umas tarefas e outras, que fazem parte da rotina do professor, fico vagando entre leituras. Eu tenho lido os contos de Marco Moretti no livro Trilharada publicado em 2021 pela Editora Patuá, os tipos de inteligência propostas por Roseli Gimenes na obra Existe Inteligência Libidinal? publicada em 2022 pela Editora das Letras e Cores e as dimensões da ética e da moral na obra Ética de Fabio Konder Comparato publicada em 2006 pela Companhia das Letras.

Como relacionar as publicações com a atuação em sala de aula?

Na minha atuação como professora universitária e pesquisadora, tenho incentivado a publicação dos textos de pesquisas, mesmo para aqueles no início do caminho acadêmico. Eu entendo que ao priorizar o raciocínio investigativo na elaboração das pesquisas, os alunos deverão desenvolver estratégias de leitura e escrita de modo mais proficiente e, ao se sentirem valorizados, poderão construir a própria autonomia na atuação profissional, por meio da leitura e escrita dos documentos pedagógicos, acadêmicos e administrativos. Assim, alguns alunos da graduação do Curso de Letras da UNIP tiveram a oportunidade de publicar seus textos de Trabalho de Curso e de Iniciação Científica como livros, capítulos e artigos em revistas de pesquisa da área.

CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Colunista da revista Conexão Literatura e apresentadora do programa “Nóis sabe português” na TV Cidade de Santo André: https://www.tvcsa.tv.br/nsp/.

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Apresentador do programa “Nóis sabe português” na TV Cidade de Santo André: https://www.tvcsa.tv.br/nsp/.

Compartilhe!

Uma resposta

  1. Parabéns pelo livro. Nos traz um alerta sobre a necessidade da criticidade no texto apresentado, que apesar de sabermos de tal necessidade, seu livro escancara alguns métodos utilizados. Aguardando o próximo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *