Débora Lima – Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

Olá, eu sou a Débora Lima: mãe, mediadora judicial, professora universitária, artista plástica e autora, agora, com dez livros publicados.

Fale-nos sobre seus livros. O que motivou a escrevê-los?

Escrevo porque sinto que sou vocacionada a isso, e não atender a esse chamado seria um ato de revolta contra quem me legou o dom. Além disso, foi entre os livros da biblioteca de uma escola pública, que, aos dez anos, descobri que há mundos diferentes do meu. Então, a curiosidade acerca da vida dos outros, que antes só me metia em encrenca (por imaturidade, claro), passou a me favorecer. Quando eu mergulhava nas narrativas dos livros, eu esquecia que quase tudo me faltava em casa, inclusive harmonia… Eu já não era uma menina pobre que ia para a escola se refugiar da fome e de outras dores da vida, eu era alguém que observava (ou espiava) a grandeza e a miséria da condição humana se revelando por meio de personagens que jamais morrerão: eu estava com Capitu, com Helena de Troia, com Carolina, enquanto cantarolava: “eu tenho quinze anos e sou morena e linda”, e isso me consolava. Bem, como diria Van Gogh: “A arte é para consolar os que são quebrados pela vida.”

E, hoje, estou lançando, concomitantemente, três livros:

Nomes para quê?
Um livro de contos formado por histórias tão envolventes, marcantes e reflexivas, que os nomes dos personagens nem precisam ser apresentados, pois, cada um deles, em sua grandeza e miséria, em sua alegria e dor, é o próprio leitor, e todo drama que o espetáculo da vida envolve. 

Do subsolo de todos nós:
Também um livro de contos, inspirado na obra Notas do subsolo: “Sou um homem doente… Um homem mau. Um homem desagradável. Creio que sofro do fígado.”
Com essa declaração intrigante, Dostoiévski inicia aquela que, dentre suas obras (caracterizadas pela capacidade de despir a alma humana), pode ser considerada a mais sombria. Notas do subsolo ou Memórias do subsolo é uma novela eminentemente filosófica, em que a negação da vida, o desprezo pelas instituições, o desejo de humilhar, de esmagar moralmente seus semelhantes, principalmente aqueles que se revelem mais vulneráveis, é o que caracteriza o protagonista narrador e essa grande obra da literatura russa, consagrada por escancarar sentimentos humanos dos quais a maioria de nós se envergonha, é tomada como paradigma para a construção de cada personagem nesse intrigante livro de contos que nos mostra que há um “homem do subsolo” que habita cada um de nós.
e, 3: Há uma carta na minha crônica:
Livro de crônicas, em que reflito sobre temas como amor, trabalho, fé, inveja etc. tomando por base a obra de Adélia Prado que, brilhante como sempre, nos ensinou que “beleza não é luxo, é uma necessidade” e que o cenário onde a poesia se manifesta é o cotidiano. Afinal, o que temos senão nossa própria circunstância, a nossa “vidinha” com suas vinte e quatro horas por dia? E foram os ensinamentos dessa grande autora (que presenteou o mundo com uma poesia de plena beleza e profundo existencialismo, usando palavras simples, como quem com elas brinca, como quem recebeu a missão de atrair a beleza como um princípio ordenador da vida), que deram o compasso desse livro que transborda sensibilidade. Além de ser uma singela homenagem à minha poeta (poetisa, se preferir) favorita.

Como analisa a questão da leitura no país?

Superficialmente falando, não vejo com como gostaria, uma vez que, dado o acesso à informação, por meio da disponibilização de obras escritas que já estão sob domínio público e à democratização da educação que se seguiu à promulgação da CF/88, como, por exemplo, a reforma no ensino superior, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública e a promulgação da LDB, percebo que o interesse pela leitura poderia ser muito mais expressivo. Como bem pontuou Mário Vieira de Melo em “O conceito de educação da cultura”, o número de iletrados no Brasil tem aumentado à medida que aumenta o número de alfabetizados. Infelizmente, o acesso à educação não tem significado formação intelectual sólida. De modo que, segundo o estudioso, proporcionalmente, há hoje menos leitores de Machado de Assis e Guimarães Rosa do que em 1960, quando o índice de analfabetismo no país era muito mais alarmante.
Mas mantenho firme a esperança de que, pelo poder humanizador que tem, a literatura seguirá respirando, uma vez que sempre encontrará terra boa para brotar no coração de pessoas que, como eu, entendem que têm um dever para com o outro e sabe o quanto a arte (em geral, e aí incluída a literatura) pode elevar a consciência das pessoas.

Que dica poderia fornecer para quem aspira a ser escritor?

Primeiramente, muita leitura, muita, mesmo. Enquanto não houver uma boa bagagem, não haverá bom uso das inúmeras ferramentas da linguagem, tampouco riqueza temática, que depende também do quanto de informações temos armazenado na memória: não basta haver criatividade, não basta ter algumas boas histórias para contar, é preciso dominar esse maravilhoso instrumento de comunicação que é a palavra. Como diria Clarice Lispector: “A palavra é meu domínio sobre o mundo.” Mas esse domínio, esse poder só se manifestava porque era muito bem utilizado.

Uma pergunta que não fizemos e que gostaria de responder?
Por que ler literatura?

Porque a literatura, que é a arte da palavra, tem um poder humanizador incrível. A literatura gera engajamento e desperta empatia, amplia o vocabulário e a visão de mundo. Além disso, se de boa qualidade, é uma inesgotável fonte de prazer.

Links para os livros:

https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/do-subsolo-de-todos-nos/
https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/ha-uma-carta-na-minha-cronica/
https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/nomes-para-que/

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