Fale-nos sobre você.
Me chamo Carolina Zweig. Nasci na Argentina em 1999 e pouco depois me mudei para o Brasil. Abandonei os desenhos assim que conheci as letras. Terminei seguindo a carreira de Economia, me formei pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e atualmente trabalho no mercado financeiro. Mesmo assim, me considero escritora – comecei com posts em blogs e um capítulo em uma coletânea, agora acabo de publicar meu primeiro romance: “A herança do agente funerário”.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre o livro. O que motivou a escrevê-lo?
“A herança do agente funerário” retrata a vida de Moisés, um agente funerário que cuida dos seus mortos como se fossem seus próprios filhos. Essa história de realismo mágico na verdade começou com muita verdade: eram causos do pai de um colega da faculdade. As estórias eram tão interessantes, imploravam que alguém as escrevesse. Achei que era uma literatura que já vinha pronta, não pensei que teria mais o que adicionar. No entanto, desde 2018, quando comecei a escrever, a vida e a morte não deixaram de acontecer – e assim continuei e ampliei a história de Moisés, no que se tornou uma biografia-ficção.
Como analisa a questão da leitura no país?
Não conseguiria opinar sobre a questão da leitura em todo o Brasil, porque as realidades são muitas, mais do que eu conseguiria imaginar. Pelo menos no meu restrito entorno, tenho a impressão de que há uma tendência a revisitar a literatura com uma perspectiva de pertencimento. Por exemplo, há clubes de assinatura de livros que não apenas te garantem que você não será a única pessoa lendo o livro tal esse mês, como ainda te trazem conteúdos complementares – podcasts, resenhas, playlists – para você se sentir acompanhado na leitura. Influenciadores de livros criam grupos em redes sociais e dá a impressão de que vocês são amigos trocando vivências literárias. Está também o pertencimento no sentido de trazer uma causa comum, como linhas editoriais baseadas em pautas sociais ou a representação de grupos identitários específicos. Por mais que eu não seja particularmente inclinada às tendências como essas – gosto de ler para viajar para longe do que me é familiar –, isso deve tornar a leitura mais atrativa para quem não tinha o costume de ler anteriormente.
Você tem novos projetos em pauta?
Sim! Estou trabalhando em outro romance, bem diferente do que acabei de publicar. Mas no momento a prioridade é dar a vida pelo meu livro já nascido – quero participar de clubes de leitura, feiras literárias, saraus e entrevistas como essa para levar a história de Moisés para lugares que o homem que o inspirou não imaginaria.
Uma pergunta que não fizemos e que gostaria de responder.
Bom, já te contei por que comecei e por que continuei a escrever esse livro, mas quero te contar por que decidi terminá-lo.
A pandemia da covid-19 virou o mundo de ponta cabeça – tanto dos vivos quanto dos mortos. O que não faltava era história para contar. Parecia ter chegado em uma fonte inesgotável de ideias para mais e mais capítulos, mas aconteceu algo que me motivou a colocar um ponto-final: o falecimento do meu avô. Naquele momento, pensei que se eu tivesse encerrado esse romance antes, talvez ele tivesse tido a oportunidade de lê-lo. Talvez não. De qualquer forma, não há tempo suficiente no mundo para continuar escrevendo até chegar no livro mais completo e perfeito – e ainda sobrar alguém para abri-lo. Acho que foi Moisés, o protagonista, que me ensinou a olhar com mais carinho para o fim. Fim.
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024).
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Fã de Edgar Allan Poe. Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado De Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo” e outros. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com