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José Eduardo Borges da Costa, alcunha de Eduardo Costa, nasceu na cidade de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Com poucos anos de idade, mudou-se para Monte Alto, uma pequena cidade do interior de São Paulo. É professor de língua portuguesa, mestre em Educação, músico e escritor. Atualmente, trabalha nos setores da educação pública e privada. Pai do Heitor e do Luiz Pedro e noivo da Fernanda. Exerce sua profissão com muito amor e afinco e, nos finais de semana, quando não está escrevendo ou trabalhando, participa ativamente das rodas de samba da cidade tocando o seu cavaquinho.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Eduardo Costa: Apaixonei-me pela leitura no início do ensino médio. Gostava de ler poesias e me arriscava em escrevê-las. Segui este caminho por um tempo até começar a compor algumas músicas ( toco cavaquinho). Das composições, surgiu a necessidade de escrever histórias. Foi ai que me identifiquei com a prosa. Foi um caminho sem volta. Tenho muita facilidade em narrar, criar personagens, clímax e um bom desfecho. Todavia, nada disso seria possível se eu não me tornasse um leitor. Acredito que todo leitor carrega uma vontade enigmática de sair escrevendo por ai. É uma liberação de dopamina. É vicio.
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Conexão Literatura: Você é autor do livro “As cartas que eu não escrevi”. Poderia comentar?
Eduardo Costa: Este livro teve vários títulos. Foi uma história que não estava me agradando muito. Por diversas vezes eu o coloquei na lixeira do computador. Até que um dia eu decidi terminá-lo para concorrer a um concurso literário. Não deu tempo, mas eu o terminei. Toda vez que eu o lia eu me emocionava. É uma história e tanta. Trata-se de uma narrativa que nos leva à reflexão sobre este mundo doentio em que vivemos abastado de utopia. O livro aborda sobre a tecnologia, espiritualidade, a força do amor e do perdão. As famílias deveriam lê-lo juntas. Eu ainda não me conformo com o poder destrutivo dos celulares. Ele tem separado famílias que moram dentro da mesma casa. Tem imbecilizado uma sociedade que não se educou, mas que se adequou ao tecnológico rapidamente. É praticamente isso: o poder destrutivo dos celulares nas famílias e na educação. É isso que eu mostro neste livro num processo narrativo que emociona todo mundo que lê.
Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?
Eduardo Costa: Sou muito observador. Eu olho tudo ao meu redor e reflito sobre aquilo que observo e sobre os comportamentos. É dai que eu tiro as minhas inspirações. O meu primeiro livro “O Colar de Ignis” nasceu de um sonho. Ele também é uma fonte inesgotável de inspiração. Já escrevi vários contos e poesias baseados nos meus sonhos. Todo autor deve estar atento. Às vezes, a futilidade para uns é poesia para outros, Eu enxergo com poesia, com metáforas e com fantasia. Não dá para ser normal num mundo caduco. Na verdade, a anormalidade me encanta e me inspira. Eu procuro olhar para o que ninguém olha e ouvir o que ninguém ouve. É um olhar diferenciado para o mundo em que vivemos e como vivemos.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Eduardo Costa: Gosto muito da descrição do beijo entre Marcio e Manu:
“Os lábios se encaixaram. Dançavam conforme a intensidade do beijo. Os corpos estavam arrepiados. O sinal tocou, mas a única coisa que conseguiam ouvir era o coração batendo
apaixonado. O mundo ficou pequeno para o jovem casal. Não cabia mais nada e mais ninguém naquele momento. O olhar refletia um no outro. As mãos acariciavam os corpos com o devido respeito. O mundo já não girava mais. A única coisa que se movimentava eram os lábios que se saciavam de um amor de outrora e que agora estava sendo edificado.”
Conexão Literatura: Você já participou de algum concurso literário?
Eduardo Costa: Sim, de muitos. Em quase todos em que eu participei fui premiado. Os principais são:
– Participação no livro IX Concurso Literário e Antologia – Poesias sem Fronteiras com poesia intitulada “Silêncio” – e na antologia “O tempo não apaga” com a poesia “Uma rua pacata”;
– Participação no concurso internacional “Escritores Malditos” da editora Iluminare com o conto intitulado “Verde Mortífero”;
– 2° lugar no concurso de contos da revista “Farol Fantástico” com o conto intitulado “O menino de seis dedos”;
– 5° lugar no concurso de contos organizado pela editora Published ( 2017 ) com o conto intitulado “As tragédias de Tito Andrônico”;
– 4° lugar no concurso de contos da Academia Fluminense de Letras (2018) – “O professor e seus dilemas atuais”;
– 1° lugar no concurso de contos da Academia de letras de São João da Boa Vista – 2021.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Eduardo Costa: Por ser um autor independente, os leitores devem me procurar pelas redes sociais, principalmente pelo Instagram ( eduardo.costa.33 ) ou pelas plataformas de vendas do Mercado Livre ou Amazon. Pela rede social, é só mandar um alô que eu mesmo atenderei ao pedido. Faço questão de autografar o livro.
Conexão Literatura: Como analisa a questão da leitura no Brasil?
Eduardo Costa: Precária. A cada ano que passa a situação piora. Basta olharmos as pesquisas do Retratos de Leitura. É preocupante. Como professor de Língua Portuguesa e escritor procuro incentivar os meus alunos e ratificar a importância da leitura. Sinto que falta muita coisa para que possamos atingir um nível médio de país leitor. Faltam políticas públicas e profissionais apaixonados pelos livros. Eu sempre digo que todo professor deve ser leitor e instigar a leitura nos alunos. Todavia, o exemplo vem de casa. As famílias não leem e não incentivam os filhos. Presenteiam com os celulares de última geração, mas reclamam do preço do livro. Não dá para entender. É um retrocesso doloroso.
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Eduardo Costa: Muitos. Preciso terminar o terceiro livro da trilogia “ O colar de Ignis”. Atualmente estou trabalhando em dois livros de poesias. Há um projeto de contos e outro de crônica, sem contar as sinopses de histórias que pretendo escrever. Os projetos são muitos. O que nos machuca é a desvalorização e a falta reconhecimento da sociedade. Ás vezes, compram a sua arte por dó e não porque querem ler. Isso me frustra, mas não desisto. Tenho muito que contar ao mundo e sei que um dia eles ouvirão as minhas vozes em cada página lida daquilo que eu escrevo.
Perguntas rápidas:
Um livro: “O Seminarista” de Bernardo Guimarães
Um ator ou atriz: Wagner Moura
Um filme: “Como as estrelas na terra”
Um hobby: música, principalmente uma roda de samba.
Um dia especial: nascimento dos meus filhos Heitor e Luiz Pedro.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Eduardo Costa: Leiam. A leitura, em tempos de tecnologia, coloca-nos a um passo a frente da sabedoria, da vivência e da vida. Leiam para falar e escrever melhor. Leiam para debater, para persuadir. Leiam para ser feliz e viver na plenitude desta vida efêmera.
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Criador e Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Já foi Educador Social e também trabalhou por 18 anos no setor de Inclusão Digital na Cidade de S. Paulo, numa rede de solidariedade que desenvolve ações de promoção da vida em várias partes do país e do mundo, um trabalho desenvolvido para pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social. Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado de Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo”, “Contos e Poemas Assombrosos” e outras. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com