O poema de Edgar Allan Poe O Corvo é provavelmente a obra mais famoso do
escritor. Segundo o próprio Poe, a ave que repete o refrão “Nunca mais”
(Nevermore) no poema quase foi um papagaio, mas tal ave não traria o tom certo
para o poema, ou seja, o tom melancólico, conforme ele diz que assim determinou
no relato sobre a criação do poema “A Filosofia da Composição” (quem ainda não
leu esse ensaio do Poe, recomendo altamente que leia!).
Algo que não nos é revelado,
porém, no ensaio de Poe: outra provável e inclusive viva inspiração para Poe
talvez tenha sido o corvo de estimação do escritor Charles Dickens! Não que Poe
tenha pessoalmente conhecido o corvo de Dickens, mas o pássaro foi imortalizado
como um personagem no romance de Dickens chamado Barnaby Rudge, em que a ave
aparece como um corvo falante. E adivinhem quem escreveu uma resenha deste
romance e ainda comentou sobre ter gostado da idéia do corvo? Se alguém aí
disse Poe, acertou!
Claro que este não foi a única
obra de Dickens resenhada por Poe, pois ele escrevera diversas resenhas de
muitos de seus contemporâneos (nos dias de hoje ele poderia escrever para o
Indique um livro assim, que tal?) e, entre os autores mais resenhados por Poe,
figurava Dickens. Os dois escritores chegaram a se conhecer, certa vez, quando
Dickens e a esposa, Catherine Dickens, passaram seis meses nos Estados Unidos
em 1842, pois devido a ter resenhado diversas obras de Dickens, Poe escrevera a
ele solicitando que eles se encontrassem – os estudiosos dos autores imaginam que
Dickens tenha ajudado Poe a encontrar uma editora britânica, mas pouco restara
das correspondências trocadas entre os autores.
Não é algo concretamente
comprovado, mas evidências não faltam de que o corvo Grip, personagem do
romance de Dickens tenha sido a inspiração para Poe escolher um corvo como a
ave falante de seu mais famoso romance, Na resenha do romance de Dickens, Poe
descreveu a presença do corvo falante como “intensely amusing” (intensamente
agradável). Além disso, há semelhanças entre as descrições do corvo na obra de
Dickens e no poema de Poe.
Após a morte do corvo real de
Dickens, chamado Grip, o escritor mandou empalhar a ave e o manteve em uma
caixa de vidro em sua casa até o fim de seus dias. Atualmente o corvo está
localizado na Biblioteca Pública da Filadélfia (Free Library of Philadelphia).
Fontes:
http://www.atlasobscura.com/articles/a-photographers-literary-quest-to-find-the-bird-that-inspired-dickens-and-poe
(veja aqui mais fotos da biblioteca onde está o corvo Grip)
http://www.bbc.com/culture/story/20150820-the-mysterious-tale-of-charles-dickenss-raven
http://www.phillymag.com/news/2011/10/31/poes-raven-stuffed-free-library/
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