Cida Pedrosa – Foto: Andrea Rego Barros

A poeta pernambucana, vencedora do Jabuti 2020, lança pela Cepe Editora a segunda edição da obra, com poemas metrificados

Claranã, o primeiro livro da escritora Cida Pedrosa com métrica e rima nas poesias, ganha nova edição pela Cepe Editora quase dez anos após o lançamento original, em 2015. O título contém 40 poemas que falam sobre amores, solidão, morte, erotismo, fé, arte, o existir. São temas sociais e filosóficos comuns à produção da autora pernambucana, mas criados de outra forma, sob a inspiração de cordelistas, cantadores, cantorias de viola e do Sertão nordestino, onde estão as raízes de Cida.

A segunda edição da obra, que será apresentada terça-feira (30/07), às 18h, na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco, em Santo Amaro, no Centro do Recife, traz novidades, como o prefácio do brincante, bailarino, músico, ator e pesquisador Antonio Nóbrega. “Também fiz atualizações estéticas em um ou outro poema, mudei rimas porque encontrei algumas repetidas”, afirma Cida Pedrosa, nascida em Bodocó, poeta, feminista, militante comunista e vencedora do Melhor Livro do Ano do Prêmio Jabuti 2020 com Solo para Vialejo (Cepe).

Para escrever Claranã – a palavra é de origem indígena, significa clarão/claridade e dá nome a uma pedra em Bodocó – Cida Pedrosa contou com a colaboração de amigos, que a provocaram com motes. Dessas sugestões nasceram poesias de gêneros populares variados: gemedeira, quadrão, galope à beira-mar, coqueiro da Bahia. Alguns motes, como o de Chico Pedrosa (Moisés balançou a vara / E o mar com medo se abriu) foram criados exclusivamente para o livro.

“Já os motes de Marco Polo Guimarães (Que na gravura em madeira / O Samico é um danado) e Wilson Freire (No terreiro da paz Salú descansa / Silencia a rabeca genial) tinham sido dados para uma corda virtual no site Interpoéticas, que fazia pelejas virtuais e era coordenado por mim e Sennor Ramos, lá eu tive minhas primeiras experiências com a métrica (o ritmo de um poema, o verso medido pela contagem das sílabas)”, declara. A publicação tem 140 páginas e ilustrações de Luiza Morgado. “Claranã é um clarão na minha vida, na minha criatividade, na minha construção poética”, destaca Cida Pedrosa.

O multiartista Antonio Carlos Nóbrega destaca, no prefácio da segunda edição, a habilidade da poeta. “O modo como usa a língua, a substância das ideias e a natureza oral dos versos e estrofes me deixa não só hipnotizado como com a consciência alerta em relação aos poderes da poesia rimada. E aí volto a uma questão que tem me batido frequentemente: a necessidade de desalojarmos essa forma de criar versos da cela do regionalismo onde está confinada.”

No prefácio que fez para a primeira edição, o escritor, compositor e dramaturgo Braulio Tavares traduz a inspiração para o livro: “A poesia popular entra na vida da gente por todos os lados, muito antes da gente saber com que letra começa o nosso nome. Entra pelo cheiro e pelo gosto de tudo quanto a gente compra na feira ou na calçada obedecendo à atração de uma trova cantada a plenos pulmões, de um pregão engraçado e sonoro. Entra nas cantigas de lavadeiras e nos aboios de vaqueiros.”

Sobre a autora – Cida Pedrosa é advogada de formação, defensora dos direitos humanos e vereadora no Recife (PCdoB). Além de poeta, com 11 livros publicados, é contista e recitadora. Pela Cepe Editora, lançou Gris (2018), Solo para Vialejo (2019) e Estesia (2022). Foi selecionada pelo Prêmio Oceanos de Literatura, com Claranã (primeira edição) e As Filhas de Lilith (2009), e conquistou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) com Araras Vermelhas (2022). Tem participação em antologias de contos e poemas no Brasil e no exterior.

Serviço

O que: Lançamento de Claranã, em bate-papo de Cida Pedrosa com o jornalista e escritor Cícero Belmar

Quando: 30 de julho (terça-feira)

Hora: 18h às 21h

Onde: Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco (Rua João Lira, s/n, Santo Amaro, Recife)

Preço: R$ 40 (impresso) e R$ 20  (e-book)

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