Em janeiro de 2021, com apenas 22 anos, Amanda Gorman declamou um poema na cerimônia de posse do presidente estadunidense Joe Biden. A partir de então, a jovem norte-americana virou referência mundial quando o assunto é transformar momentos aterradores em versos de esperança e cura. Para a sorte dos leitores brasileiros, chega às livrarias em maio, pela Intrínseca, parte da obra incrível da autora: a edição especial de O monte que escalamos (o poema da posse) e a coletânea Seremos chamados pelo que levamos, uma narrativa lírica construída a partir do legado de grandes epidemias — como a covid-19, a gripe espanhola e a aids — e de temas como o racismo e as consequências da crise climática. Com versos fortes e instigantes, a intenção de Amanda Gorman em O monte que escalamos era fazer um pedido de união à nação dos Estados Unidos diante da divisão sociocultural que tomou conta do país e da invasão ao Capitólio por parte de apoiadores do ex-presidente Donald Trump. No entanto, o resultado foi muito além disso: uma sensibilização mundial. Em edição especial, o livro eterniza esse poema e oferece doses necessárias de coragem, conforto e inspiração para que a esperança não seja perdida. Com prefácio elogioso de Oprah Winfrey, o texto celebra a promessa de um futuro melhor e reafirma o poder da poesia: “As palavras de Amanda Gorman nos renovaram, curaram nossas dores e ressuscitaram nossos espíritos. Uma nação ferida — mas inteira — que estava de joelhos se pôs de pé”. Já na grandiosa coletânea Seremos chamados pelo que levamos, a autora best-seller aborda temas como história, linguagem, identidade e apagamento a partir de uma perspectiva íntima e criativa. Fundamentados na dor coletiva gerada por grandes pandemias globais, momentos de sofrimento e estruturas opressoras, os poemas indicam uma oportunidade para um ajuste de contas, contemplando também episódios de amor e alegria. Neles, Gorman consegue atuar tanto como uma guardiã da memória e mensageira do passado — utilizando-se inclusive de citações, trechos de cartas e poemas de outros escritores — quanto como uma voz para o futuro. Além disso, Gorman faz uso de recursos visuais — como diferentes espaçamentos entre linhas, caracteres especiais e formas — para enfatizar certas mensagens. No poema “Anônimos”, por exemplo, no qual a autora provoca o leitor a refletir sobre as mudanças que o uso da máscara pode ter causado na personalidade de cada pessoa, as linhas formam o contorno desse artefato. Já em “América”, que trata da divisão sociocultural nos Estados Unidos, o poema assume o formato da bandeira do país: o fundo retangular preto e as linhas alternadamente brancas. “Desde o início, os colonizados são adjetivos compostos: afro-americanos, americanos-asiáticos (…) Americano & adjetivo (…) O termo é dividido e desmontado, despido e listrado.” |
Amanda Gorman / Foto: Kelia Anne |
AMANDA GORMAN é a poeta mais jovem a ter participado da cerimônia de posse presidencial dos Estados Unidos. É defensora do meio ambiente, da equidade racial e da igualdade de gênero. O ativismo e a poesia de Gorman receberam destaque em diversos programas e veículos, como The Today Show, PBS Kids, CBS This Morning, The New York Times, Vogue, Essence e O, The Oprah Magazine. Em 2017, foi a primeira escritora a receber o título de National Youth Poet Laureate, da Urban Word, um programa que apoia jovens poetas. Também é autora de Canção da mudança, publicado pela Intrínseca. Após terminar a graduação na Universidade Harvard com distinção cum laude, Amanda voltou a morar em sua cidade natal, Los Angeles, na Califórnia. |
O MONTE QUE ESCALAMOS, de Amanda Gorman Tradução: Stephanie BorgesPáginas: 32 Editora: Intrínseca Livro impresso: R$ 39,90 E-book: R$ 26,90 |
SEREMOS CHAMADOS PELO QUE LEVAMOS, de Amanda Gorman Tradução: Stephanie BorgesPáginas: 224 Editora: Intrínseca Livro impresso: R$ 69,90 E-book: R$ 46,90 |
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado de Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo”, “Contos e Poemas Assombrosos” e outras. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com