A piscina do Zé Hilton foi a pérola de minha infância. Jamais poderei esquecer os momentos de grande alegria que passei lá. Aprendi a nadar ali naquele pedacinho de água e também meus irmãos. Meu pai, vendo que não abríamos mão de ir à piscina, concordou que fizéssemos uma em nosso próprio quintal, para alívio de minha mãe. Demos início de imediato ao projeto, nós e nossos primos, cavando sofregamente um buraco. Mas neste tempo, chegou a notícia de que teríamos que mudar de cidade pela transferência de posto de meu pai. E ficamos a ver navios, ou melhor, piscinas e bem de longe. Asseguro que de todas do mundo, nenhuma outra teve água mais gostosa do que a de minha infância.
Nunca mais fui àquela piscina, é claro. Sei que hoje já nem existe, mas na minha vívida memória ela está intacta. Há pouco tive a oportunidade de ver fotos cedidas gentilmente pela Heloise, filha do Zé Hilton. Marejei os olhos de lágrimas e atravessei o tempo, me enrosquei entre as pessoas no preto e branco daquelas fotos e me senti inundada de alegria e gratidão. Fica minha homenagem e meu agradecimento ao Zé Hilton por ter contribuído para minha felicidade de pequena. No fundo, no fundo, não passamos de crianças que apenas cresceram.