Desde que me entendo por gente, sempre enxerguei a literatura como algo vivo. Ela não é apenas um conjunto de letras ordenadas — é uma extensão da alma humana. É através da leitura que nos aproximamos do outro, mesmo que esse “outro” seja um personagem fictício, de uma época distante ou de um mundo que jamais existiu. A literatura tem essa força silenciosa de tocar o que há de mais profundo em nós.

Ao longo da vida, percebi que ler é um ato de resistência. Num tempo em que tudo é rápido, descartável e superficial, a leitura exige tempo, entrega e sensibilidade. E é justamente por isso que ela é tão necessária. Ler nos torna mais atentos, mais humanos, mais preparados para lidar com a complexidade da vida.

Foto que o Maurício enviou ao autografar uma revistinha da Mônica para mim.

Com esse espírito, nasceu a Revista Conexão Literatura. Um projeto que não surgiu apenas da vontade de divulgar livros, mas da necessidade de abrir caminhos. Caminhos que levem crianças, jovens e adultos a descobrir o prazer da leitura, a importância de conhecer novas vozes, novas ideias. Enfrentamos muitos desafios. Ainda existem pessoas que tratam o hábito da leitura como algo elitista, inútil ou até perigoso. Já ouvi críticas desconstrutivas, recebi olhares de desdém, mas nunca deixei de acreditar no poder dos livros. Acreditar na transformação pelo livro é o que me move.

E por falar em transformação, não posso esquecer da minha própria história. Quando criança, fui incentivado a ler. Esse incentivo, que pode parecer simples, mudou completamente o rumo da minha vida. Não comecei com grandes romances ou clássicos difíceis. Meu primeiro contato com o universo das palavras foi através dos quadrinhos — e que universo maravilhoso! As revistas da Turma da Mônica e os gibis da Walt Disney eram como portais mágicos. Me mostraram que a imaginação não tem fronteiras, que qualquer um pode ser herói, que o impossível pode ganhar forma nas páginas de uma história.

Ao lado, Mauricio de Sousa com uma revistinha da Mônica autografada. Ampliando a imagem, pode-se ler: “Oi, Ademir

Foi ali, entre aventuras de coelhinhos dentuços e patos rabugentos, que minha criatividade ganhou asas. Aqueles personagens me ensinaram mais sobre empatia, coragem e amizade do que muitas aulas. E foi ali, também, que nasceu meu desejo de contar histórias, de criar meus próprios mundos.

Hoje, como autor e como idealizador de uma revista literária, sigo com esse propósito firme no coração: espalhar histórias, inspirar leitores, abrir portas. Porque acredito, de verdade, que a literatura é uma das principais ferramentas de mudança que o ser humano pode ter em mãos.

E se eu puder ser esse elo entre o livro e o leitor, então toda a luta já valeu a pena 🙂

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4 respostas

  1. “Ademir, ler o seu relato é como ouvir o próprio coração da literatura pulsar. Sua trajetória é a prova viva de que a leitura é mais do que um hábito — é um ato de amor, de resistência e de transformação. Você não apenas acredita no poder dos livros: você o espalha, o multiplica e o torna acessível a todos que têm a felicidade de cruzar seu caminho. Sua história inspira, emociona e, acima de tudo, lembra a cada um de nós por que começamos a amar as palavras.
    Obrigado sempre pelo seu incentivo aos autores, em especial a mim, por todas as entrevistas, matérias e considerações às minhas obras e projetos. Sou fã do seu trabalho, como também das produções em suas revistas.
    Seu trabalho é luz em tempos de pressa e superficialidade. Que sua paixão continue abrindo portas e inspirando gerações.”

    — Henrique Medeiros Sérgio

  2. Brilhante texto em prol da literatura e da leitura! Sua trajetória leitora é inspiradora; seu trabalho com a revista Conexão Literatura, uma forma não só de manter acesa a sua disposição maravilhosa de divulgar a literatura, levando ao público autores que, de outro modo, não teriam acesso à mídia, como também de nos lembrar de que a literatura pode mudar vidas, tornando o ser humano um pouco melhor.

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