Roberto Luiz, o Bob, é professor de Língua Portuguesa e Literatura e pai de três gatos – Capitu, Bentinho e Sancha. Mestrando em Linguística Aplicada pela Universidade de Taubaté, é apaixonado pela sala de aula e pela arte literária (e pela franquia “Jurassic Park). Explorador inquieto do reino das palavras, como criança, brinca de poesia no chão da realidade com seus “amigos” Manoel de Barros e Adélia Prado. Sua primeira experiência como leitor foi a partir dos gibis da Turma da Mônica; por esse motivo, é fã de carteirinha do Mauricio de Sousa.

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Roberto Luiz Bob: Nos bastidores do ofício de professor, alguns poemas surgiram timidamente e ficaram arquivados em blocos de notas. Durante a pandemia (2020 – 2023), as circunstâncias instáveis colaboraram para que as produções poéticas se intensificassem. Esse exercício potencializou meu espírito criativo, além de haver contribuído como instrumento terapêutico para o autoconhecimento. A partir do retorno positivo das postagens dos poemas em redes sociais, alimentei-me de coragem para a publicação do primeiro livro e da concepção de que havia me tornado um escritor.

Conexão Literatura: Você é autor do livro “Lápis de cor”. Poderia comentar?

Roberto Luiz Bob: A poesia, assim como toda manifestação artística, é um convite à contemplação da fantástica potência da vida; é um apelo para a redução da velocidade do cotidiano; é um alerta para o (re)descobrimento de si mesmo. A partir dessa reflexão, surge o poema que dá nome ao livro, uma homenagem ao jovem Vinicius Castro, querido ex-aluno, que nos deixou em 2021 de maneira trágica. “Lápis de cor” é uma obra – despretensiosa, mas repleta de segundas intenções – que reúne alguns instantes de afeto materializado em palavras como forma de conectar vida, tempo e amor. Três grandes mistérios que assumem novas cores e conduzem a nostálgicas ou inusitadas reflexões a cada leitura.

Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?

Roberto Luiz Bob: Os textos costumam brotar de inquietações, motivadas ou não por acontecimentos do dia a dia. E, dependendo da estrutura – versos livres ou metrificados – seu processo de elaboração pode variar. Um soneto, por exemplo, pode levar dias para ser concluído. No entanto, geralmente o eixo temático conduz a criatividade e provocam os signos verbais para novas aventuras, e os poemas ficam prontos antes do amanhecer. Ah, sim, as inspirações geralmente ganham vida durante a madrugada.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?   

Roberto Luiz Bob: Deixo aqui, para degustação, “O fio da vida”:

A vida passa

pelo risco das escolhas;

pelo traço do destino;

pela linha de expressão;

pelo cordão umbilical;

pela curva das letras;

pela folha que voa;

pela gota que escorrega;

pela frequência cardíaca;

pelo remendo da camisa;

pela cicatriz na pele;

pela direção dos sonhos.

Estamos sempre por um fio.

Esse poema nasceu em janeiro de 2023, quando minha vovó, depois de 20 dias de internação devido a complicações no pulmão, despediu-se deste mundo.

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?

Roberto Luiz Bob: Para adquirir o “Lápis de cor”, bastar entrar no site da Editora Telha ou acessar o link na minha bio do Instagram (@bob.robertoluiz). A partir dessa conta, também é possível acompanhar meus trabalhos como professor e escritor.

Conexão Literatura: Como analisa a questão da leitura no Brasil?

Roberto Luiz Bob: A leitura (e agora serei bem óbvio) – hábito imprescindível para o aprimoramento da escrita, elaboração da argumentação, manutenção do senso crítico, estímulo da criatividade e elevação do processo comunicativo – é, infelizmente, um desafio no Brasil devido a uma ineficiência da sua prática cultural. Entre tantos fatores que contribuem para esse prejuízo, destaco a substituição do livro por um smartphone desde a primeira infância.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Roberto Luiz Bob: Vem aí o segundo livro: “Apontador”, obra que reunirá novos “poemas-convites” para a contemplação do instante e o desbravamento dos bastidores do cotidiano. O projeto já está em andamento e pretendo concluí-lo em junho deste ano.

Perguntas rápidas:

Um livro: “Grande sertão: veredas”, de João Guimarães Rosa

Um ator ou atriz: Matheus Nachtergaele

Um filme: “A Lista de Schindler”, de Steven Spielberg (“Jurassic Park” também!)

Um hobby: colecionar dinossauros (livros, álbuns, brinquedos, réplicas, pelúcias)

Um dia especial: no dia 21/09/2024, durante a FLIM (Festa Lítero Musical), na presença da minha tia Inês, de amigos queridos, alunos e ex-alunos, realizei o lançamento do “Lápis de cor” e ganhei uma manhã de autógrafos.

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Roberto Luiz Bob: palavras têm som, calor, beleza, aroma e cores e podem redimensionar a vida por meio da arte literária. Abracemo-nos com poesia.

Compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *