Gloria Marchetto  – Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

Sou Gloria Marchetto, nasci em Guaporé no ano de
1964. Sou casada com Romeu Breda e mãe da Nicoli Cristina que, atualmente, tem
10 anos de idade.

Sou pedagoga formada em 1991 pela Universidade de
Passo Fundo (UPF), pós-graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) em 2004.

Trabalhei como professora de séries iniciais do ensino
fundamental durante 39 anos, grande parte deste tempo, na alfabetização. Sou
Facilitadora de PAV – Projeto de Alternativas à Violência, desde 2005 e ainda
em atuação.
 

ENTREVISTA:

Você escreveu o livro “Educação para a paz”.
Fale-nos sobre ele.

O livro Educação para a Paz foi escrito com o
objetivo de relatar e registrar as atividades que realizava em sala de aula com
meus alunos. Todas as atividades são baseadas em dinâmicas do PAV (Projeto de
Alternativas à Violência). No momento em que o livro foi escrito, a Escola Estadual
de Ensino Médio Bandeirante, onde eu lecionava, desenvolvia um projeto de
Cultura de Paz e, nesse projeto, nós pudemos conhecer diversas dinâmicas e
atividades que ajudavam nossas relações diárias em sala de aula, especialmente
para jovens e adultos. Não havia dinâmicas específicas para crianças. Tivemos
que criar, inventar, adaptar. E é essa linda experiência que está registrada
nesse livro.

O que é cultura de paz?

O Projeto de Cultura de paz era o projeto principal
que norteava as ações da escola, foi intitulado desta forma porque o objetivo
de todo esse movimento era de mudar as realidades de violência dentro da escola
e criar a cultura do cuidado, tanto entre alunos e professores, mas também com
funcionários e comunidade em geral. O cuidado consigo mesmo, com o outro e com
o meio ambiente permeava todas as ações propostas na escola. Sabemos que apenas
dizer algumas frases não mudará a cultura de um ambiente, mas proporcionar
momentos e alternativas para que essas transformações aconteçam pode ser um
caminho mais viável, embora não seja o caminho mais fácil ou mais rápido.

As escolas devem ensinar cultura de paz? Quais os
caminhos?

Sim, acredito que as escolas são o caminho para a
cultura de paz. Muitos alunos começam em idade escolar e permanecem na escola
até a formação do ensino médio, qual o melhor momento para mudar uma cultura senão
no ambiente escolar?

Os caminhos principais partem da Gestão Escolar,
pela equipe diretiva que deve proporcionar a construção de ações com a
comunidade escolar, especialmente professores, que pensem e tragam para a
escola estudos, caminhos e alternativas viáveis que visem à cultura de paz.
Muito mais do que apenas trazer propostas, penso que é preciso acreditar na
proposta e resistir em busca do objetivo. É preciso levar e conectar todos os
integrantes da escola, professores, alunos, funcionários e comunidade escolar
para sonhar, acreditar, construir e caminhar juntos, valorizando cada pessoa e
tratando cada um e cada uma que faz parte da caminhada com muito respeito,
cuidado e afeto.
 

Você é uma das coordenadoras da ONG Ecopaz.
Fale-nos sobre esse trabalho.

A Ecopaz é uma ONG que foi criada para dar
continuidade ao trabalho de Cultura de Paz fora dos muros da escola, com mais
autonomia e uma maior abrangência dentro da comunidade.
Somos um grupo multidisciplinar que acredita e
investe na educação como força mediadora na construção de uma cultura de paz, a
partir de ações concretas no resgate de valores que qualifiquem o ser e o
conviver nas instituições e desenvolvam uma consciência de cuidado consigo
mesmo, com o outro e com o meio de pertença. Acreditamos na magia do Poder
Transformador, como força capaz de criar e de recriar as circunstâncias de vida
pessoal e social. Apostamos na construção de uma nova realidade, centrada no
paradigma biocêntrico, e buscamos desenvolver uma espiritualidade de
valorização e de cuidado com a vida em todas os seus níveis e dimensões.

Diante das realidades mais recentes de violências nas escolas do Brasil,
como a Ecopaz poderia contribuir para transformar tais realidades?

A Ecopaz é um grupo que investe em muitas formas de
educação, nós atuamos como formadores para grupos e instituições que desejam
mudar suas realidades de violência com projetos voltados ao cuidado do e com o
ser humano. Nós temos formas personalizadas de encontrar caminhos viáveis
dentro dos ambientes, primeiramente precisamos entender a realidade existente e
qual é o desejo de mudança da equipe, compreender quais são os recursos
disponíveis e quanto as pessoas da gestão estão dispostas a fazer tudo
acontecer. Então elaboramos um projeto personalizado para executar com a
instituição interessada. Dentro de nossas atividades estão: Cursos Imersivos
para toda a comunidade escolar e Formações Humanizadora para Professores.


CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas
Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos
livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita:
atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca
(Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O
quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021) e Exercícios de bondade (Editora
Ciência Moderna, 2023). Colunista da revista Conexão Literatura. 

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde
1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática,
literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou,
com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da
revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula
Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de
Letras, 2020) e seu mais novo livro se denomina Exercícios de bondade (Editora
Ciência Moderna, 2023). 

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