Marco Lucchesi – Foto divulgação |
Marco Lucchesi é poeta, escritor, romancista,
ensaísta, tradutor, historiador, autor de extensa e premiada obra e professor
de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ).
Nesta entrevista exclusiva, Lucchesi fala sobre o período em que presidiu a Academia Brasileira
de Letras, sobre seu atual trabalho como presidente da Fundação Biblioteca
Nacional e seus novos livros.
Você foi presidente da Academia Brasileira de
Letras (ABL) de 2018 a 2021. Fale-nos sobre seu trabalho à frente dessa
instituição.
Foi um tempo desafiador. Um somatório de instabilidades. A
crise econômica, do país e da cidade, a crise política, a pandemia, e toda uma
guerra deflagrada contra a cultura e a diversidade.
Refundamos a administração da Casa, com protocolos modernos,
eficazes, transparentes.
Abrimos uma agenda solidária, visitando prisões e
comunidades, terras indígenas e quilombolas. Assinamos protocolos com as
Academias da África, Europa e América Latina.
Com a Marinha do Brasil, dois acordos: para levar os livros
da ABL ao mundo e, outro, para levá-los aos ribeirinhos da Amazônia, nos
“navios da esperança”. Livro também é “remédio”. E, assim, também, foram aos
hospitais que possuem bibliotecas.
Inauguramos o projeto Monte Alverne de leituras para cegos. Presentes,
tradutores de Libras em nossas atividades.
Com a volta do país ao mapa da fome, ações para integrar o
livro na cesta básica.
Mais de quatro mil doações de livros.
Aumentamos o site em matéria exponencial durante a pandemia.
Combatemos o negacionismo e as fake news, com a participação constante de
profissionais da área da saúde.
Trabalho intenso, incluindo a nova edição do dicionário da
Academia, um site de palavras novas, além de todo o acervo da museologia no
site. E muito mais fizemos.
Em 2023, você foi indicado para presidir a Fundação
Biblioteca Nacional (FBN). Fale-nos sobre seu trabalho. Quais as
expectativas/perspectivas? Quais os seus projetos?
A Biblioteca Nacional é um dos maiores tesouros bibliográficos
do Planeta. Nossa responsabilidade é imensa. 10 milhões de itens. E um
crescimento anual de 80 mil livros e revistas. Os desafios são os mesmos da
série histórica: o desafio de espaço e o número de servidores. Estamos
trabalhando intensamente.
Além disso, a preservação material e digital, que duplicam os
horizontes da Biblioteca futura.
Atingimos, ano passado, 100 milhões de acessos. Um número
forte. Pretendemos somar todas as sinergias da digitalização, porque o acesso é
um dos temas essenciais quando se trata de uma biblioteca de nação.
Uma série de acordos em andamento, inéditos ou renovados, com
instituições congêneres no mundo. A opção preferencial é pelo diálogo sul-sul,
África e América Latina, mas não apenas.
Seminários, reativação das publicações da Casa, bolsas de
tradução, exposições: a cada aspecto, um maior volume, sonhando com a
Biblioteca do século XXI. Sonhando e trabalhando para.
Há um trabalho em frentes variadas, em processo. Darei
detalhes mais adiante.
Em junho, você lançará dois livros: “Hinos
matemáticos” e “Marina”. Gostaríamos que comentasse sobre essas obras.
Os hinos matemáticos encontram-se na terceira ou quarta
edição e obtiveram ótima acolhida nas escolas, na reflexão da poesia e na
interseção criativa com a matemática, algo que me alegra e estimula.
Acabam de sair duas traduções que fizemos do turco para o
português. Uma do poeta Yunus Emre (Caderno
azul, editora Patuá) e, outra, do poeta Tozan Alkan (Babel, editora Attar). Duas línguas absolutamente diversas.
Marina é o nosso quarto livro de ficção.
Uma novela epistolar, cartas, e-mails, etc. Uma estória de amor, antiga e nova,
dentro de um quadro indireto e existencial. O posfácio é de Ana Miranda. Sai
pela Rua do Sabão. No segundo semestre, pela mesma editora, completa-se a
trilogia carioca, em segunda edição, de O
bibliotecário do imperador.
Marco Lucchesi “virou” linha de pesquisa do grupo
CNPQ liderado pela profa. dra. Ana Maria Haddad Baptista, da Universidade Nove
de Julho, como também “disciplina” nos programas de
Educação na universidade.
Como vê sua obra sendo objeto de análise na academia?
Fico feliz e tudo isso me encoraja. Minhas iniciativas são estudadas em Universidades
do Brasil e do exterior. Ana Haddad é uma voz amiga e solidária. Gosto
especialmente do grupo que organizou e com quem me encontro de quando em
quando, de forma virtual. Tudo me alegra. Mas é no silêncio, no trabalho, e na
solidão que olho direto para o abismo que me alimenta e no qual flutuo.
Link para outra
entrevista com Marco Lucchesi:
https://www.revistaconexaoliteratura.com.br/2021/05/exclusivo-marco-lucchesi-presidente-da.html
Link para a biografia
de Marco Lucchesi na ABL:
https://www.academia.org.br/academicos/marco-lucchesi/biografia
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas
Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos
livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita:
atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca
(Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O
quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021) e Exercícios de bondade (Editora
Ciência Moderna, 2023). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde
1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de
gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil.
Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru.
Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se
intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora
Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro se denomina Exercícios de
bondade (Editora Ciência Moderna, 2023).
Muito boa a entrevista! Salve a nossa Literatura Brasileira!