Natural do Rio de Janeiro, Junior Berts
cresceu em Brasília. Ingressou na literatura através da poesia, aos quatorze
anos, mas foi na prosa que se situou. Amante de História, aos dezessete anos se
decidiu por ser romancista, dando início à produção de seu primeiro romance
histórico, “O mal do século”. Abandonou a faculdade de Letras para investir em
cursos de escrita criativa, sempre conciliando os estudos literários com a
produção de romances, atividades que exerce há quinze anos.
 

ENTREVISTA: 

Conexão Literatura: Poderia
contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
 

Junior Berts: Aos dezessete anos deixei Brasília para
voltar a morar no Rio de Janeiro. O choque cultural e minha resistência adaptativa
em meio à caótica realidade carioca me compeliu de vez para a escrita, uma
imersão tão profunda, apaixonada e terapêutica que não me restavam dúvidas de
que eu não era apenas um delinquente desabrigado: acima de tudo, eu era um
escritor.
 

Conexão Literatura: Você é autor
do livro “O mal do século”. Poderia comentar? 

Junior Berts: A violência e a desigualdade social das
comunidades cariocas me sensibilizaram. Eu já tinha a ideia da produção de “O
mal do século”, que narra a história de lorde Vincent, um libertino londrino angustiado
com as mazelas urbanas ocasionadas pela Revolução Industrial. Por coincidência (ou
não), a turbulenta mudança para o Rio de Janeiro me permitiu experimentar com
maior proximidade a depressão propiciada pela industrialização das cidades no
século XIX. Como um romance gótico, “O mal do século” se inicia com o
angustiado Vincent, um fiel representante do que hoje a literatura chama de Romantismo,
descobrindo que foi amaldiçoado por uma assustadora mendiga. Seu único meio de
combater a maldição é descobrindo se um campo de trigo pintado por sua mãe,
morta há dez anos, existe ou não. Supondo que a paisagem pintada exista, é provável
que pertença à cidade natal de sua mãe, Veneza. É a chance que Vincent tem para
escapar de Londres e do soturno cenário da Revolução Industrial. Em síntese, “O
mal do século” é uma narrativa sobre o período do Romantismo, em que a
imaginação nos transporta para a época das serenatas e dos duelos, permitindo
acompanhar de perto como possivelmente foi a vida de ícones desse movimento artístico,
como Vincent. Artistas que, em meio a uma era de abruptas mudanças, sentiram
dores e amores na intensidade que até hoje faz do Romantismo uma das escolas mais
memoráveis da literatura ocidental.
 

Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação?
Quais são as suas inspirações?
 

Junior Berts: Sou um assíduo leitor do escritor
britânico Bernard Cornwell, cujas obras, especialmente “As crônicas de Artur”,
me inspiraram a escrever; herdei de seu estilo a concisão de uma escrita fluida,
personagens peculiares e uma trama repleta de ação e comédia. Já as nuances
mais profundas do enredo devo ao delirante romantismo de Álvarez de Azevedo e à
sombria dinâmica dramática do também saudoso Edgar Allan Poe.
 

Conexão Literatura: Poderia destacar
um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores? 
 

Junior Berts: “Assustava qualquer marmanjo não por sua
suposta feitiçaria, nem pela imundice de seu corpo desnutrido ou por seus
cabelos fedidos a erva e lixo, mas pela certeza de que aquela mulher conhecia
cada uma das desgraças humanas tão profundamente que não lhe restavam
escrúpulos em propagá-las.”
 

Conexão Literatura: Como o
leitor interessado deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais
sobre você e o seu trabalho literário?
 

Junior Berts: “O mal do século”, em livro físico, pode
ser adquirido no site Uiclap.com. O formato ebook está disponível na
Amazon.com.br. Os leitores também podem entrar em contato comigo através de meu
Instagram, @autorjuniorberts, onde tenho o prazer de interagir com o público.
 

Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores
em início de carreira?
 

Junior Berts: Toda carreira é dura, mas se você tem
paixão, isto é, se existe mesmo um escritor dentro de você, a
determinação sempre falará mais alto do que a voz da desistência. Esse é
o espírito, o fogo que dispensa qualquer necessidade de estímulos motivacionais
vazios. Uma vez que seu coração se decidiu, uma vez que esse fogo se acendeu,
até o fim
, não há para onde correr. Escreva e leia muito. Também sempre
aconselho participarem de cursos de escrita criativa, para mim foram
imprescindíveis.
 

Conexão Literatura: Existem
novos projetos em pauta?
 

Junior Berts: “O mal do século” foi meu primeiro
romance, mas o primeiro a ser publicado foi meu segundo, “A burguesinha”, em
parceria com a Editora New Naipe. “A burguesinha” também está disponível na
Amazon.com.br em formato físico e ebook. A saga “A ilha do crime”, dividida em
dois volumes, “Sodoma ou morra” e “Gomorra e morra”, também pode ser adquirida
na Amazon.com.br, por enquanto apenas em formato ebook. Tenho novos projetos em
andamento, dessa vez me aventurando na Grécia Antiga.
 

Perguntas rápidas: 

Um livro: “Noite na Taverna”,
de Álvares de Azevedo.

Um ator ou atriz: o
formidável Marcos Nanini.

Um filme: “Pulp Fiction —
Tempo de violência”, de Quentin Tarantino.

Um hobby: ler ou assistir a
séries na companhia dos meus gatos (risos).

Um dia especial: O dia em que
eu tiver a oportunidade de autografar meus livros para todos que estão
acompanhando esta matéria, e por fim poder dizer para mim mesmo “é, marujo, o
sacrifício valeu a pena”.
 

Conexão Literatura: Deseja encerrar
com mais algum comentário?
 

Junior Berts: Este mundo precisa dos sonhadores. Ainda não realizei
meu sonho, mas reencontro a certeza de que vou chegar lá ao lembrar que nem por
um segundo pensei em desistir. Sonhos esvaziam cadeias e hospícios, mantêm de
pé tudo pelo qual vale a pena viver, e realizá-los tem mais a ver com
cooperação do que com competição, portanto ajudemos uns aos outros em busca de
um mundo mais luminoso. Há muitos modos de ajudar um companheiro de estrada;
por hora, toda ajuda que posso dar consiste em um fervoroso conselho: não mate
sua alma, não desista dos seus sonhos.

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