Marcelo Marçal nasceu em Santo André, São Paulo, onde vive com sua esposa e dois filhos. Graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Marçal especializou-se em Nefrologia. De volta a Santo André, fundou uma empresa de diálise hospitalar, consolidando sua carreira no campo médico.
A pandemia trouxe consigo um período de introspecção e reflexão, reascendendo o antigo amor de Marçal pela literatura. Foi então que ele decidiu lançar seu primeiro romance. Agora com Desconectados ele nos presenteia com seu segundo trabalho, reafirmando sua paixão e talento no mundo literário.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Marcelo Marçal: Comecei a escrever bem cedo, quando ainda estava no ensino médio. Passava horas criando histórias. Escrevi alguns prospectos de livros nessa época e adorava também escrever poesia e contos. Isso me rendeu alguns prêmios. Parei de escrever por falta de tempo, quando iniciei a carreira médica e, redescobri essa minha paixão durante a pandemia, quando publiquei meu primeiro livro.
Conexão Literatura: Você é autor do livro “Desconectados”. Poderia comentar?
Marcelo Marçal: Sim, Desconectados foi o terceiro livro que escrevi e o segundo que publiquei. Antes dele, escrevi um thriller médico chamado Mercadores de Memórias, que estou amadurecendo a ideia de publicar. Passei muito tempo desenvolvendo a história de Desconectados. Embora contenha elementos de ficção científica, ele não segue o formato clássico do gênero. Queria criar algo que saísse do lugar-comum, e acabei desenvolvendo uma trama que usa a ficção científica como pano de fundo para explorar um drama centrado em relações humanas, cheio de suspense, mistério e reviravoltas. Essa combinação torna a leitura instigante e, ao final, provoca reflexão no leitor.
Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação? Quais são as suas inspirações?
Marcelo Marçal: Sempre tive muita imaginação e, embora pense em várias histórias ao mesmo tempo, só começo a escrever quando tudo está bem delineado na minha mente. O curioso é como a história se transforma ao longo do processo, mesmo com todo o planejamento inicial. O resultado final geralmente acaba sendo completamente diferente do que eu havia imaginado, e acho que essa é uma das partes mais atraentes da escrita para mim. É fascinante perceber como o livro ganha vida própria, escapando das minhas mãos.
Minhas inspirações variam de acordo com o momento que estou vivendo e, de certa forma, atuam de maneira inconsciente. Quando releio minhas histórias, percebo emoções que surgiram a partir de outras leituras. Não sou um leitor de clássicos ou de romances literários, prefiro romances de entretenimento, que é exatamente o tipo de história que gosto de escrever. Nessa linha, aprecio autores como Stephen King, Victoria Schwab, Harlan Coben, Blake Crouch, Andy Weir, entre outros.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Marcelo Marçal: “Sabíamos que aquela seria a nossa última noite juntos. Thomas sugeriu que fôssemos até a praia da cidade de Amanda. Estávamos sentados havia algum tempo na areia. Uma lua magra externava um fiapo de luz que refletia tímido sobre as ondas, deixando-as como borrões brancos, que eram percebidos somente quando quase tocavam nossos pés. Já se iam muitos segredos e recordações, que arrancaram choros e gargalhadas, até que o som de uma rolha sacada com força seguiu-se de uma garrafa de vinho passada de mão em mão e compartilhada no gargalo. Quando me alcançou, entornei-a em um último gole, deixando o casco vazio atrás de mim, junto aos outros. Abracei, então, minhas pernas encolhidas e virei-me para o lado, desafiando a tontura. Buscava olhares na penumbra para dividir aquela angustia que dormia e acordava comigo sem que ninguém desconfiasse.
— Existe algo que eu nunca revelei a ninguém… — eu disse.
— Você pode contar o que quiser, Amanda. Este é o momento — Thomas respondeu.
Minha respiração ficou ofegante enquanto uma lembrança dolorosa era resgatada de minha mente. Fechei os olhos e respirei fundo, buscando coragem para prosseguir.
— Eu preciso falar sobre o dia em que eu morri.”
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Marcelo Marçal: Desconectados está disponível na Amazon, no site da editora Novo Século e pode ser encontrado nas grandes livrarias. Quem quiser saber um pouco mais, poderá acessar meu site: marcelomarcalescritor.com.br ou meu Instagram: @marcelo_pmarcal.
Conexão Literatura: Como analisa a questão da leitura no Brasil?
Marcelo Marçal: Os autores estrangeiros ainda desfrutam de uma vantagem significativa sobre os nacionais. Isso é um fato, quer aceitemos ou não. Podemos discutir as razões por trás desse cenário: falta de incentivo por parte das editoras tradicionais, que muitas vezes negligenciam a literatura nacional; falta de preparo de muitos autores, que se lançam em projetos sem planejamento adequado e, naturalmente, acabam frustrados com os resultados; e, em alguns casos, falta de maturidade, com autores reagindo mal às críticas recebidas, afastando leitores qualificados e prejudicando sua própria credibilidade. Para os autores brasileiros, esse tipo de divulgação é uma ferramenta acessível e eficaz, e sabotá-la é prejudicar a própria carreira. No entanto, há muitos talentos em nosso país, e não é à toa que a literatura brasileira está ganhando mais espaço, impulsionada pelo crescente interesse de leitores estrangeiros, que estão cada vez mais encantados com nossas histórias.
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Marcelo Marçal: Sim. Estou escrevendo meu quarto livro. Cada livro que escrevo, é completamente diferente do anterior. Até o gênero é outro. Esse último, em especial, tem me encantado cada vez mais. Espero conseguir terminá-lo até o meio do ano que vem.
Perguntas rápidas:
Um livro: Flores para Algernon Um ator ou atriz: Al Pacino Um filme: Interestelar
Um hobby: Beach Tênis
Um dia especial: Minha família é meu porto seguro e seguramente, meus dias mais especiais foi quando consegui desfrutar de momentos juntos a ela. Seja em viagens, na praia, em casa…
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Marcelo Marçal: Escrever Desconectados foi uma experiência única na minha vida. Eu realmente vivi no mundo que criei. Saber que muitas pessoas terão a chance de experimentar essa mesma sensação é indescritível. É como se cada leitor se tornasse parte desse novo universo, um habitante desse mundo que nasceu da minha imaginação.
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Fã de Edgar Allan Poe. Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado De Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo” e outros. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com