Filho de pai estivador na Rede Ferroviária Federal,
em Parnaíba, Piauí e mãe, dona de casa. Originário de uma família grande, com
mais de 20 pessoas. Casa pequena, onde todos dormiam em rede, uns por cima dos
outros e a comida era pouca.
Estudou as primeiras letras na Escola São Francisco
dos Capachinhos.

No começo
da década de 60, seus pais se transferiram para Fortaleza. Em Fortaleza estudou
no Liceu do Ceará onde fundou o jornal “O Estrago”, foi assistente de revisor
no jornal “O Povo” e participou ativamente do Clube dos Portas Cearenses. Se
casou cedo e a literatura ficou guardada por mais de 50 anos.
 

ENTREVISTA: 

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos
leitores como foi o seu início no meio literário?
 

José Nelson Freitas Farias: Quando criança gostava de ouvir os cantadores de
cordel e repentistas, no Mercado Municipal, em Parnaíba. Gostava também de
livros de história. Como éramos muito pobres, minha madrinha, Criselite, que
era professora, sempre me levava livros.
 Sempre fui um leitor voraz. Adorava ler
história geral. Lia e ficava penando naqueles povos antigos, em suas guerras e
em como viviam as famílias.
 

Desde muito cedo fui um devorador da literatura. Jose
de Alencar, Castro Alves e Machado de Assis eram os meus autores preferidos.

Quando li o Guarani, foi como se entrasse em um sonho.
E ao ler o Navio Negreiro de Castro Alves, foi uma imersão na história. O livro
de Machado de Assis que mais gostava era “O Alienista”. Quando o li, fiquei
durante muitos dias impressionado, encafifado, imaginando como seriam as
pessoas daquela cidade. Depois de adulto meu livro de cabeceira passou a ser “O
Velho e o Mar”.
 

Em Fortaleza, todo ano o Clube dos Poetas Cearenses
publicava uma Antologia. Participei de duas e escrevi contos e poemas que foram
publicados nos jornais. Naquela época a poesia e a literatura era vista como um
pano de fundo para a subversão. Muitos de nós foram censurados e eu tive um poema
que o jornal recursou. Esse poema e muitos outros acabei perdendo. Aqueles
tempos eram muito difíceis.
 

Conexão Literatura: Você é autor do livro “O
Segredo do Caminho – O Chamado”. Poderia comentar? 

José Nelson Freitas Farias: Trata-se de uma Trilogia e esse é o primeiro livro da
saga. Essa história sempre esteve comigo, desde quando ouvi pela primeira vez
“O Pavão Misterioso”, lá nos idos de 1957. Durante mais de 50 anos, sonhei,
vivi e muitas vezes, mesmo acordado ouvi e presenciei algumas das cenas que se
passa no livro.
 

Tentei fazer uma narrativa que lembrasse a cultura de
cordel, substituindo o verso pela prosa. Como toda literatura de cordel,
trata-se de uma história épica.
 

Essa é a sinopse da obra: um dia as galáxias
se alinharão, e esse alinhamento poderá causar o desequilíbrio das forças
universais e a destruição do universo. Para impedir o alinhamento, os Magos
ungiram com seus poderes 33 pedras e as lançaram no espaço. Essas pedras
circum-navegaram a imensidão do universo, absorvendo sua energia para permitir
a montagem do “Colar Universal”. As pedras vagaram por muitas eras e finalmente
caíram, aleatoriamente, na Terra, para os Magos, um planeta insignificante.

 

Para recolher as pedras, os Magos
percorreram todas as galáxias em busca de um herói especial e descobriram que
Yakecan e Anahi, dois índios Tupi-Guarani, seriam os escolhidos.

 

Os dois terão que comandar um exército,
enfrentar os Guardiões do Caminho, cruzar os sete portais, recolher as pedras,
montar o colar e entregá-lo ao Rei de Iria Flavia, antes que as galáxias se
alinhem.

 

É isso o que oferece a obra “O Segredo do
Caminho”: admirar e conhecer esses heróis que saíram da Floresta Amazônica para
salvar o universo.
 

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e
quanto tempo levou para concluir seu livro?
 

José Nelson Freitas Farias: O roteiro, não nesse formato, já estava esboçado há
muito tempo. Na realidade a história ficou amadurecendo por mais de 50 anos.
Ela se apresentou por inteira quando fiz, em 2019, o Caminho de Santiago de
Compostela, fazendo o Caminho Frances.
 

Iniciamos, eu e minha esposa, por Sanit Jean Pierd
Port, uma cidadezinha medial, nos Pirineus Franceses e seguimos o caminho por
quase 1.000 km, cruzando todo norte da Espanha, até Santiago de Compostela.
Foram 31dias caminhando, dormindo em albergues públicos, com 20 ou 30 pessoas
no mesmo quarto, convivendo com gente de mais de 30 nacionalidades, mesmo não
falando nenhuma outra língua, além do português.
 

Foi nessa peregrinação que conheci os que depois viriam
a ser meus personagens. Ou seja, grande parte dos personagens estiveram conosco
nessa peregrinação de vida.
 

Entre as pesquisas sobre o “Big Bang” e outros temas
que envolvem a criação do universo, passando pela Bíblia, teoria quântica, a
lei da relatividade e muitos, foram dois anos. Li muito sobre Amazônia e os
indígenas, antes e depois de Cabral.
 

Não foi por acaso que escolhi um casal de índios
Tupi-Guarani para serem os heróis dessa história. Foi minha forma de fazer uma
homenagem e um tributo a eles. Os heróis poderiam ser quaisquer pessoas, mas a
escolha de Yakecan e Anahi, não foi por acaso. Vendo o que estamos fazendo com
nossos ancestrais, foi minha forma de amplificar a importância que eles
tiveram, tem e terão em nossa história. Não se pode, em função do dito
progresso dizimar uma cultura e um povo. 
 

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que
você acha especial em seu livro? 
 

José Nelson Freitas Farias: Uma cena que acho antológica é a da despedida final de
Anahi e Yakecan, antes de deixarem a aldeia, nos confins da Floresta Amazonica:
 

”Sapaim, juntamente com todos os habitantes da aldeia haviam
elaborado um colar de contas multicoloridas e a anciã mais velha, Amana,
entregou para eles, dizendo:
 

– Esse colar representa cada árvore da floresta, cada
semente brotada aqui. E com esse colar vocês estarão ligados, estejam aonde
estiverem, com tudo o que a floresta representa. Vocês nunca estarão longe de
nós porque esse colar foi banhado com a água do rio que nos dá vida. Vocês são
filhos da floresta e como filhos, ela nunca vai abandona-los. Qualquer
dificuldade que vocês tiverem, pensem em como estaremos e peçam a essas arvores
que os protejam como nos tem protegidos há tantos e tantos anos. Cada conta
desta, representa mil arvores que estão aqui desde sempre, então, vocês levam
um poder infinito – e colocou o colar, no pescoço de cada um.
 

Depois deste ritual eles partiram sem olhar para trás,
seguindo sempre no sentido do grande rio”.
 

E tem uma outra, que descrevo o Kuarup: 

Os últimos raios de sol cortavam o horizonte com sua luz
vermelho e azul, intensos. A lua já começava a se sobrepor e eles se sentaram,
exaustos e cantaram cantigas de cada uma das suas terras.
 

Yakecan aproveitou e convidou alguns guerreiros e guerreiras
para aprenderem a dançar o kuarup.
 

“O Kuarup é um ritual de homenagem aos
mortos, celebrado pelo seu povo. O rito é centrado na figura de Mawutzinin, o
demiuro e primeiro homem do mundo da sua mitologia. Em sua origem, o Kuarup
teria sido um rito que objetivava trazer os mortos de novo à vida.
 

Yakecan explicou que o Kuarup é uma festa alegre, onde cada
um coloca a sua melhor vestimenta na pele. Na visão de seu povo, os mortos não
querem ver os vivos agindo de forma triste ou feia. Para representar os mortos
eles organizam
toras de madeiras que são alinhadas no centro do terreiro em
frente às malocas”.
 

Conexão Literatura: Como analisa a questão da leitura
no país?
 

José Nelson Freitas Farias: O Brasil sempre foi um pais de uma cultura
diversificada. Muitos dizem que no Brasil se ler pouco, mas, acho que há um
engano neste comentário. O brasileiro gosta de ler, o que precisamos fazer é
colocar o livro e os autores mais próximo do público.
 

Estive visitando a Biblioteca Pública perto de casa e
achei maravilhoso o trabalho que eles fazem. Toda semana, nas quartas feiras,
tem o Clube de Leitura, quando selecionam um autor e uma obra e as pessoas da
comunidade leem e discutem o que leram. Essa é uma ação que precisa ser
multiplicada.
 

Assim como todos os produtos nacionais, o que precisa
ser feito é baratear mais o livro, o acesso a cultura. Os altos impostos que
pagamos é um entrave para que o livro chegue mais perto do leitor.
 

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve
proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu
trabalho literário?
 

José Nelson Freitas Farias: Quem tiver interesse, pode me acompanhar no meu
Instagram: @freitasfariasescritor, no Facebook
https://www.facebook.com/josenelson.freitas
e no Linkedin
www.linkedin.com/in/freitas-jose-nelson 

A obra, em mais alguns dias estará disponível em todos
os sites de venda de livros, mas, por enquanto, está disponível no site da
Editora CRV:

https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/37765-o-segredo-do-caminho-bro-chamadobrcolecao-os-guardioes-do-caminho-o-colar-universalbr-volume-1 

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

José Nelson Freitas Farias: Atualmente estou com dois projetos em curso: concluir
o segundo (Os Guardiões do Caminho) e o terceiro (O Colar Universal) livros da
Trilogia e terminar a edição do meu primeiro livro infantil: O Diário da Lótus.
 

Esse é o diário que fiz para minha filha mais nova, a
minha cadelinha, Lótus Farias que, inclusive tem Instagram: @lotusfarias. Um
livro mais ilustrado do que narrativa.
 

Neste diário a Lótus coloca suas angustias, seus
medos, seus pesadelos e seus momentos de felicidades. Não é porque escrevi, mas
está um livro muito humano, no olhar da minha cadelinha.
 

Perguntas rápidas: 

Um livro: O Velho e o mar 

Um (a) autor (a): 
Erico Verissimo

Um ator ou atriz: Marlon Brando

Um filme: O Senhor dos Anéis

Um dia especial: O dia do nascimento da minha primeira
filha.
 

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

José Nelson Freitas Farias: Mesmo sendo um autor iniciante, minha obra estará na
Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em setembro e, na FLIP – Feira da Literatura
Internacional de Paraty, em novembro.
 

No dia 05 de julho, faremos um pré-lançamento na
Livraria Martins Fontes, na Av. Paulista, 509 das 18:00 as 21 horas. Estou
muito ansioso e espero que seus leitores possam nos prestigiar.
 

Agora, por último, agradecer pela oportunidade de
contar um pouco sobre minha obra e minha vida.

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