Vencedora do Jabuti estreia na literatura infantil com Formiguinhas, a história do amadurecimento de uma menina que aguarda o nascimento do irmão
Considerada uma das escritoras mais promissoras da literatura nacional contemporânea, Natalia Borges Polesso é uma autora multifacetada e reconhecida no Brasil e no exterior.
Seu primeiro livro, Recortes para álbum de fotografia sem gente, de 2013, foi vencedor do Prêmio Açorianos, concedido pela Prefeitura de Porto Alegre (RS). Em 2016, a gaúcha de Bento Gonçalves venceu o Prêmio Jabuti na categoria Contos e Crônicas com Amora. Em 2017, foi incluída na lista Bogotá 39, que destaca 39 escritores latino-americanos. Polesso levou novamente o Jabuti em 2021, na categoria Romance de Entretenimento, como coautora do livro Corpos secos. E, no ano passado, desta vez na categoria Romance, foi finalista do Jabuti com Extinção das abelhas.
Pesquisadora e doutora em Teoria da Literatura, Polesso agora embarca em uma nova aventura, lançando seu primeiro livro infantil pela FTD Educação: Formiguinhas, ilustrado pela artista visual PriWi.
“Formiguinhas é a adaptação de um conto que está no meu primeiro livro (Recortes para álbum de fotografia sem gente). Esse é um conto bem pessoal, que fiz a partir de uma fotografia minha de infância, em que estou realmente olhando formiguinhas com um arame numa pracinha”, explica a escritora.
Indicado para leitores a partir dos 7 anos, o livro conta a história de uma família que sai para passear na praça antes do almoço. A mãe está grávida e quer descansar um pouco enquanto esquenta os pés no sol. O pai faz companhia para ela e a filha se aventura pela praça, munida de uma lupa imaginária feita de arame. O encontro com formiguinhas que devoram uma aranha faz a menina pensar na bala que não deveria estar comendo antes do almoço e no irmão que em breve irá nascer.
Trata-se de uma delicada e divertida narrativa em que uma criança precisa enfrentar, a partir de uma situação corriqueira, os desafios do amadurecimento diante das mudanças que ocorrem na vida.
“O livro é sobre curiosidade e ansiedade — e como uma coisa, às vezes, ajuda a gente a lidar com a outra”, diz a autora, que dedicou a obra, justamente, “às pessoas ansiosas e curiosas”.
Já a artista visual PriWi criou, com suas ilustrações, uma narrativa visual circular que potencializa e expande o alcance do texto: começando na capa, com a família saindo para o passeio, e terminando na quarta capa, com a volta para casa. Pelas páginas do livro, a ilustradora usa a lupa imaginária da menina para fazer o leitor mergulhar nos detalhes que se escondem nas pequenas coisas às quais não se costuma prestar atenção. Formiguinhas é o primeiro livro de PriWi feito todo com lápis de cor.
A ilustradora conta que sua proposta foi imaginar as cenas de várias perspectivas e proporções, porque via no texto um potencial para tocar sentimentos universais. “Quando li, me identifiquei imediatamente com a personagem, as formigas e a aranha. Foi um trabalho de medir os pesos e as cores e temperar as emoções para que tudo ganhasse corpo, sem perder a leveza e o humor que o universo infantil merece”, conta.
O projeto gráfico de Daniel Justi, designer e editor de arte da FTD Educação, também ajuda a construir a história e conduz a leitura, em um jogo visual que nos coloca dentro do mundo imaginário da personagem. Ao longo das páginas, a menina observa miudezas na praça com a lupa e vai — ela mesma — diminuindo enquanto as formigas aumentam. “O projeto gráfico nesse intervalo é parte ativa da narrativa, acompanhando o zoom e crescendo junto com as formigas até o ápice”, descreve o designer.
Confira alguns trechos da entrevista com a escritora Natalia Borges Polesso feita para o portal Conteúdo Aberto da FTD Educação (https://bit.ly/3ItgyfY )
FTD Educação – Quais foram os maiores desafios em escrever um livro infantil?
Natalia Borges Polesso – O maior desafio foi, realmente, a linguagem — tentar calibrar e achar uma linguagem que fosse acessível e, também, desafiadora. Que não deixasse as questões caírem na superficialidade e provocasse curiosidade.
A chegada de um irmãozinho traz alegrias e, também, um senso de responsabilidade aos mais velhos. Como foi traduzir esses sentimentos?
Natalia – Eu sou a filha mais velha, tenho um irmão e uma irmã, e me lembro da chegada do Matheus — lembro-me da minha mãe indo para o hospital e eu esperando para ver o que ia acontecer. Depois, a dinâmica da casa mudou completamente, porque tinha uma criança e a mãe fora por uns dias. Acho que tentei voltar um pouco para aquele lugar de expectativa em relação a essa nova vida, a esse irmãozinho. O exercício partiu desse meu deslocamento, bem pessoal.
Como foi criar, diante desses sentimentos, a voz literária e o ponto de vista de uma criança nessa obra?
Natalia – Acho que o mais importante dos meus textos — sejam contos, sejam romances — é criar personagens. Como a personagem será, como ela vai lidar com as pessoas ao redor dela e como esse núcleo vai vê-la também. Como a personagem se mostra e como ela é vista. E para mim foi muito importante pensar nesse jogo, em Formiguinhas, pensar em como a menina estava vendo a situação. Isso vai revelar bastante de como ela pensa sobre as coisas, mas, também, de como ela é tratada pelo pai e pela mãe e de como ela se sente através do “problema” que cria para as formigas. Acho que a graça foi tentar construir isso de uma maneira que as pessoas se identificassem também.
As ilustrações são um ponto-chave do livro. O que você achou delas e como foi ter a Pri-Wi como parceira?
Natalia – Achei as ilustrações fabulosas, porque eu não tinha nenhuma ideia de como seriam, de como elas viriam. Também as cores que ela escolheu, esse desenho meio de giz, meio de aquarela… Eu não conhecia o trabalho da Pri-Wi e achei que foi um grande acerto, senti que as imagens e o texto ficaram superintegrados.
Você pretende continuar escrevendo para crianças?
Natalia – Eu tenho ideias e algumas coisas escritas, mas preciso fazer o processo de adaptação de linguagem, com coisas que escrevi especificamente para o público infantil. Tem toda uma medida [de texto escrito], por exemplo, quando há ilustrações, com a qual não estou muito familiarizada. Então, vou precisar olhar com um pouco mais de atenção para esses textos, mas eles existem e tenho a vontade de continuar escrevendo, sim!
A AUTORA
Natalia Borges Polesso é doutora em Teoria da Literatura. Publicou Coração à corda (2015), Amora (2015) — vencedor do prêmio Jabuti em 2016 —, Recortes para álbum de fotografia sem gente (2018), Pé atrás (2018), Controle (2019), Corpos secos (2020) — vencedor do prêmio Jabuti em 2021 — e A extinção das abelhas (2021). Formiguinhas é seu primeiro livro infantil.
A ILUSTRADORA
PriWi é artista visual. Publicou Inusitado (2014) e Pérolas (2016), pela série Gibi Quântico, além de Mamãe tamanduá (2016), Romeo and Juliet e Alfabeto poético (ambos de 2021). Entre 2016 e 2020, trabalhou com animação (Cupcake e Dino: serviços gerais, para a Netflix) e campanhas publicitárias. Formiguinhas é seu primeiro livro feito todo com lápis de cor.
FORMIGUINHAS
Recomendado a partir dos 7 anos
autora Natalia Borges Polesso
ilustradora PriWi
páginas 32
formato 20,5 cm × 27,5 cm
preço sugerido R$ 51
Sobre a FTD Educação
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