Luciana Cordeiro Felipetto – Foto divulgação

Fale-nos sobre você. 

Sou Luciana Cordeiro Felipetto, me graduei em Fonoaudiologia
em 1995, na Faculdade Metodista Izabela Hendrix, em Belo Horizonte, e, desde
então, trabalho com crianças das mais variadas dificuldades e transtornos de
aprendizagem.

Sou fonoaudióloga clínica. Sou fonoaudióloga educacional pelo
Conselho Federal de Fonoaudiologia. Mestre em Ciências da Educação pela Emil
Brunner World University/ Fl- USA. Sou especialista em psicopedagogia,
escritora, palestrante nacional e internacional.
 

ENTREVISTA: 

O que motivou a escrita do livro? 

Resolvi escrever o livro “A descoberta do
mundo das letras”, que tem a personagem principal com um transtorno específico
de aprendizagem que é a dislexia, com o objetivo de enfatizar que apesar da
dificuldade de fluência leitora, de entender o texto lido, de soletração e
outras dificuldades que a dislexia causa e de não ter cura, que ela pode ser remediada
com adaptações curriculares, metodologias ativas, empatia e muito amor. 

O intuito do livro é trazer
identidade às crianças com transtornos de aprendizagem e ressignificar todo o
processo. Todos aprendem e têm seu tempo e motivação para isto.

É preciso modificar a forma
como a escola ensina, uma vez que muitas dificuldades de aprendizagem em
escolares também transitam em problemas com os métodos e as práticas
pedagógicas sem ludicidade e afetividade que não atingem o verdadeiro
protagonista do processo: o aluno.
 

Conceito de diversidade 

Minha profissão e atuação me fizeram compreender que somos
seres únicos, misturados em um contexto social, que ainda não contempla a
diversidade.

Como explicar a diversidade? Utilizo a definição da
Neurociência que diz que é utilizada
para descrever as enormes e diversas diferenças existentes entre os cérebros
humanos, causadas pela sua constituição, pela genética, pelas emoções e pelo
impacto do meio no qual o indivíduo está inserido.

Assim, nenhuma pessoa é igual
à outra. Pode ter a mesma patologia, doença, transtorno, enfim, qualquer
condição, mas terá sua própria forma de aprender, de absorver os conceitos e de
evolução e necessitará de planejamento, tratamento e adaptação curricular
adequados às necessidades individuais e baseadas nesta diversidade.

Pensando em proporcionar
condições de acesso iguais a meus pacientes, comecei minha luta pela inclusão
de todos, independentemente de condição social, sexo, raça ou velocidade de
aprendizagem. E a lógica disto: a neurodiversidade! Nenhum cérebro é igual ao
outro. E por que o processo de aprendizagem deveria ser o mesmo para todos?

Precisamos de mais livros
com personagens que mostram crianças, adolescentes, adultos e idosos com
dificuldade ou deficiências e suas histórias de superação. Precisamos
demonstrar através deles que o ambiente escolar é constituído de diversidade e
deve ser colaborativo.

A aprendizagem
compartilhada é uma rica oportunidade de crescimento para todos.

Incluir não é um processo
fácil, mas pode criar cidadãos mais empáticos e preparados para os desafios da
contemporaneidade.
 

Público 

O livro de história “A
descoberta do mundo das letras” se destina a todos os públicos. Se a criança
não lê ainda pode ouvir a história contada por seus pais ou professores e já
ter assim contato com a Literacia familiar e emergente.

O livro de atividades pode
ser utilizado por pais, professores, profissionais da educação e saúde para
trabalhar com as crianças, independentemente de serem ou não disléxicas.
Partimos do princípio de que se buscamos estratégias focadas na patologia, já
não estamos sendo inclusivos. Devemos desenvolver estratégias voltadas para o
desenvolvimento de habilidades que desenvolvam pré-requisitos para a idade e
escolaridade e atinjam todas as crianças, independentemente de sua condição ou
dificuldade. Isto é incluir.

Devemos tirar o foco do
transtorno e nos preocupar com práticas pedagógicas desenvolvidas para
desencadear o processo de aprendizagem em todos os educandos e que contemplem
toda a diversidade da sala de aula. O foco deve ser o desenvolvimento de
habilidades e prontidão para aquisição dos processos de leitura e escrita, além
de estimular memória, processamento fonológico (acesso lexical, memória de
trabalho e consciência fonológica), habilidades auditivas e fundamentos que
ajudem no processo.

E o livro de atividades foi
desenvolvido com exemplos de atividades que estimulam essas habilidades e que
servirão de modelo para que o leitor possa reproduzi-las em variados contextos
e criar suas próprias estimulações.

A principal estratégia foi
utilizar conceitos básicos da Literacia, principalmente Familiar e Emergente como
veículo e fonte de desenvolvimento de habilidades e prontidão para as
aprendizagens acadêmicas e sociais.

Literacia que é a
utilização da leitura para acessar as crianças. Crianças estimuladas desde
pequenas pelos pais através da leitura, além de serem bons leitores, têm menos
dificuldades de aprendizagem e de linguagem.
 

Estratégias
do livro de atividades
 

Uma das estratégias que o
livro apresenta para trabalhar com as crianças é o reconto da história, ou de
parte da história.  A criança pode ler a
história ou ouvir alguém lendo para ela e depois deve recontar com o máximo de
detalhes o que ouviu.

Esta estratégia trabalha a
memória operacional auditiva da criança, além da estruturação da linguagem,
quando ela deve organizar o pensamento em palavras, o processamento auditivo e
a fala.

Crianças disléxicas têm o
processamento fonológico alterado e têm dificuldades no reconto do que ouvem.
Este também é um dos fundamentos para fixação de conceitos e conteúdos naquele
que aprende.
 

E o
que é necessário para que ocorra aprendizagem?
 

É preciso afetividade nas
práticas pedagógicas, pois o cérebro motivado, encantado, aprende com mais
assertividade e facilidade. Isto porque memória e aprendizagem se conectam
desta forma.

E a ludicidade também
provoca aprendizagem. Excesso de conteúdos, educação formal, tradicional, não
ativam os locais necessários para a fixação de conteúdos e a sua manutenção,
além de se perderem com o tempo. Tudo o que é motivador e afetivo se mantém na memória.
Um exemplo para ilustrar esta condição é que o leitor não deve se lembrar de um
conteúdo que aprendeu na escola e que não utiliza ou não gosta, mas tenho
certeza de que se lembraria deste mesmo conteúdo se fosse trabalhado em uma
excursão ou de forma lúdica.

Para finalizar, deixo uma
fala inspiradora de Rubem Alves de que “É PRECISO PROVOCAR A APRENDIZAGEM
E A INTELIGÊNCIA”, uma vez que as práticas pedagógicas inclusivas atingem
todos os estudantes e dão a oportunidade de serem fontes de motivação e
formação de circuitos neuronais que afetam e desencadeiam a verdadeira
aprendizagem e minimizam dificuldades.

E na clínica as
intervenções devem ser pautadas nestes mesmos princípios, pois devemos ter o
olhar da patologia sim, mas principalmente o foco deve ser o de como buscar as
potencialidades de nossos pacientes, sem deixar de lado o conceito de
diversidade e que mesmo tendo a mesma dificuldade os pacientes terão condução e
prognósticos diferentes por causa de sua neurodiversidade.
 

Link
para os livros:
 

https://wakeditora.com.br/produto/a-descoberta-do-mundo-das-letras/

https://wakeditora.com.br/produto/a-descoberta-do-mundo-das-letras-livro-de-atividades/ 

 

CIDA
SIMKA

É
licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP).
Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru,
2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora,
2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca
(Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021),
Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023) e Horrores da escuridão
(Opera editorial, 2023). Colunista da revista Conexão Literatura. 

SÉRGIO
SIMKA

É
professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros
publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura
infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério,
publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu
mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um
ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos
livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência
Moderna, 2023) e Horrores da escuridão (Opera editorial, 2023).
 

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