Carlutti Veloso – Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

No dia 29 de dezembro de 1968, lá em Salvador, eu nasci. Gostei tanto que não parei mais. Vivo nascendo, aqui e ali. No Rio já faz mais de vinte anos.

Espero nunca parar de nascer.  É difícil porque às vezes a gente esquece como faz. Mas, quando isso acontece, a vida vem e dá um sopro, forte, no nosso ouvido e lembra.

Bem, pelo menos comigo tem sido assim.

Fale-nos sobre o livro. O que motivou a escrevê-lo?

As poesias de Pois, foram escritas ao longo de alguns anos e em sua grande maioria capturam sentimentos em torno do meu relacionamento com minha companheira Dani. Nossa história é de encontros, separações, reencontros, desencontros e novencontros. E ao longo dessa história de busca do amor, a busca de mim mesmo, do meu crescimento como pessoa. Pois, (com a virgula) é uma palavra que pode ser o início (Pois que no início da manhã, caminhavam eles juntos pela praia…) ou o final (Pois fim, com tanto desencontro, decidiram entregar ao destino o seu próprio.). No final queria fazer um presente para Dani mesmo que não ficássemos juntos. Ao longo da escrita, vários foram os possíveis fins para essa história, pois a vida nos surpreende sempre.

Inspiração ou transpiração na hora da escrita?

Eu amo a palavra, como instrumento de produção de beleza e de encantamento. Encanta-me quando a combinação de palavras produz coisas maravilhosas como “e recebi teu beijo, molhado pela aurora, como se me viesse do mar que nos rodeia” ou “ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequeninas” ou “Ele dorme dentro da minha alma E às vezes acorda de noite E brinca com os meus sonhos.”, “…. o resto é silêncio”.

Para encontrar essa beleza é preciso sentir, é preciso inspirar-se em si, nas coisas, nas pessoas, no mundo à volta. É preciso um excesso de ser para que a emoção tome conta das impressões cotidianas e descubra uma beleza, um encanto, a semente de uma história. 

Mas para traduzi-la em palavras é preciso o trabalho atento e insistente de um ourives, é preciso buscar a perfeição ao juntar as palavras para criar beleza que fale com a alma das pessoas, além das turbulências de suas vidas. Isso requer um pouco de transpiração, pesquisa, estudo, repertório, para não sermos somente um colador de mesmas coisas.

Não sei se alguma vez consegui, no juntar das minhas palavras, algo que seja sequer perto da beleza perfeita. Mas sigo tentando, um dia darei essa sorte, de tanto a trabalhar.

Link para o livro:

CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024). Colunista da revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024). 

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Uma resposta

  1. Eu sou suspeita para falar, pois a forma como Carlutti lida com as palavras me faz sentir, viver as mais diversas emoções. É tudo de uma beleza singela, que ao mesmo tempo tira o fôlego, faz sorrir, faz chorar. Faz querer ter para sempre o “pois,” em minha vida, ou melhor em nossas vidas.
    Dani.

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