Fale-nos sobre você.
Meu nome é Marcelo Nunes, e nasci em São Paulo em 1966. Trabalhei 30 anos como tradutor, e no ano passado resolvi abandonar a tradução e abrir uma editora, a Nauta,
que iniciou suas operações em setembro. Também sou escritor, e já publiquei três romances: “Nirvana”, pela Kotter Editorial, em 2021, “Valentina e os tomates”,
pela Editora Ipêamarelo, em 2022, e acabo de publicar “O domínio da violência”, pela Nauta. Publiquei também um livro de contos, “Travessia marítima”, pela Nauta, em 2023.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre seus outros livros.
Eu comecei a escrever ainda na adolescência, e escrevia principalmente poesia. A partir dos 30 anos, decidi escrever romances, e fiquei muitos anos me desenvolvendo,
escrevendo e estudando. Escrevi três romances que nunca foram publicados, até que publiquei o meu quarto romance, “Nirvana”, já com 54 anos de idade.
Ou seja, eu comecei muito cedo, mas publiquei bem tarde. Trata-se de um romance longo, de fundo filosófico, no qual trabalhei três anos. Talvez por isso agora eu tenha
decidido escrever romances menores e mais simples, como é o caso de “Valentina e os tomates” e “O domínio da violência”. Há dois anos, eu decidi escrever contos,
e revisitei algumas ideias para romances que eu havia anotado, e o resultado foram os oito contos de “Travessia marítima”. Eu gostei bastante do resultado, modéstia à parte.
Você é fundador e editor-chefe da Editora Nauta. Fale-nos sobre trabalho à frente da editora.
Eu divido o trabalho do editor em duas partes: tem a parte de edição mesmo, que é ler os originais, revisar, fazer capas, diagramar, conversar com os autores; e tem a parte burocrática, de fazer contratos, manter o site, contatar livrarias, emitir nota fiscal, fazer inscrições em prêmios etc. Eu gosto muito da primeira parte, e desgosto muito da segunda. Infelizmente, como um editor independente, de uma pequena editora, eu preciso fazer tudo sozinho. Mas a parte de editor mesmo compensa, porque o resultado são livros bonitos e caprichados. Eu tenho orgulho do trabalho que a Nauta faz.
Como analisa a questão da leitura no país?
É a velha queixa de todos: as pessoas leem pouco, e as que leem compram pouco, porque o livro é caro e o poder aquisitivo do brasileiro é baixo.
Esse é o grande desafio de um editor como eu: encontrar leitores. Porque o leitor médio compra pouco, e quando compra, prefere autores consagrados,
ou livros conhecidos, premiados. É muito difícil fazer com que ele gaste o seu dinheiro num autor novo, ainda desconhecido. Essa é a nossa luta diária.
Uma pergunta que não fizemos e que gostaria de responder.
Se tudo isso vale a pena. Eu responderia que sim, vale muito a pena. Eu acredito na literatura, e acredito no livro físico. Não há sensação melhor do que pegar um livro novo, abri-lo e cheirá-lo, antes de começar a ler. É uma relação que também é tátil, quase sensual. E depois você mergulha naquela história, é transportado, é tocado pelo que lê. O livro tem um poder transformador. E, para mim, o mais importante é isso:
nós precisamos ler os clássicos e os escritores consagrados, mas também precisamos conhecer aqueles que estão escrevendo hoje, a literatura atual.
O meu trabalho, a minha missão, é essa: encontrar e publicar esses autores novos, que estão espalhados por todo o país.
Link para o site da editora: https://editoranauta.com.br/
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023) e Mariano (Opera Editorial, 2024).
Paulista, escritor e ativista cultural, casado com a publicitária Elenir Alves e pai de dois meninos. Editor da Revista Conexão Literatura (https://www.revistaconexaoliteratura.com.br) e colunista da Revista Projeto AutoEstima (http://www.revistaprojetoautoestima.com.br). Fã de Edgar Allan Poe. Chanceler na Academia Brasileira de Escritores (Abresc). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Participou em mais de 100 livros, tendo contos publicados no Brasil, México, China, Portugal e França. Publicou ao lado de Pedro Bandeira no livro “Nouvelles du Brésil” (França), com xilogravuras de José Costa Leite. Organizador do livro “Possessão Alienígena” (Editora Devir) e “Time Out – Os Viajantes do Tempo” (Editora Estronho). Fã n° 1 de Edgar Allan Poe, adora pizza, séries televisivas e HQs. Autor dos romances “Jornal em São Camilo da Maré” e “O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe”. Entre a organização de suas antologias, estão os títulos “O Legado De Edgar Allan Poe”, “Histórias Para Ler e Morrer de Medo” e outros. Escreveu a introdução do livro “Bloody Mary – Lendas Inglesas” (Ed. Dark Books). Contato: ademirpascale@gmail.com
O Marcelo tratou com profissionalismo e bom gosto a edição do meu livro de estreia, A Outra Mulher, lançado em março deste ano. Assim como ele, eu também escrevo faz um tempo, mas posterguei por anos a publicação.
Agradeço ao Marcelo o acolhimento dos meus contos e a rapidez com que responde minhas demandas.
Quanto à produção literária do Marcelo, conheço os elegantes contos de Travessia Marítima; os textos partem de premissas muito originais. Recomendo fortemente a leitura. Em breve, receberei o seu livro mais recente.
Boa sorte à Editora Nauta!
Nessa afirmação “Esse é o grande desafio de um editor como eu: encontrar leitores” percebemos a essencial diferença de buscarmos uma editora para publicar um livro… Como escritor, não pretendo enriquecer financeiramente com a literatura, mas conquistar leitores (e comprometidos com a literatura!)… Neste sentido, percebemos o Marcelo Nunes como alguém com essa perspectiva. Parabéns, Marcelo Nunes!