César Ribeiro – Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

Nascido em Salvador, César Ribeiro começou seu fascínio pelas artes na infância, passando pelo teatro, mergulhando na produção de jogos de RPG e vendendo histórias em quadrinhos que desenhava para os colegas de sala. Se formou em Biomedicina, obtendo título de mestre na mesma área. Foi durante a pandemia que criou o hábito da escrita como terapia, trabalhando a criatividade em obras originais com atenção para o terror político e social. Tem alguns contos publicados em diversas editoras, seu romance de estreia foi finalista do III Prêmio Book Brasil e semifinalista do V Prêmio ABERST de Literatura e recentemente teve um projeto aprovado pela Lei Paulo Gustavo. É apaixonado pela obra de Edgar Allan Poe, tem os escritores independentes como seus favoritos e ama tudo que envolve o Cosmos. Atualmente vive em Aracaju, no estado de Sergipe.

ENTREVISTA:

Você está lançando “Desespero Noturno”. Fale-nos sobre ele.

Desespero Noturno é um romance de suspense/horror com elementos góticos muito presentes e inspirado por dois episódios ocorridos comigo: uma paralisia do sono e a intolerância religiosa que vivenciei enquanto estava em um terreiro de umbanda. Dessa mistura de elementos surgiu a narrativa, a qual conta a história de Gustavo que acorda, após ter um pesadelo, em um estado de paralisia do sono. A partir daí as coisas complicam quando uma entidade sobrenatural sai de seu antigo guarda-roupa para obrigá-lo a revisitar seus traumas passados. Trata-se de uma história de suspense, inspirada nos clássicos de fantasmas de autores famosos do cânone literário (Edgar Allan Poe, Shirley Jackson e Charles Dickens), a qual levanta um debate sobre um tema social importante nos dias atuais: o preconceito.

Sobre seus livros, o que motiva a escrevê-los?

Muito do que escrevo surge a partir de vivências, sejam elas atuais ou passadas. Gosto de rememorar minha infância e de abordar a juventude em minhas obras. Meio que sou embalado por um forte sentimento de nostalgia, mas também tento focar na atualidade e em sua importância, principalmente no que diz respeito a temas sociais. Além disso, também me inspiro fortemente em elementos culturais e em suas importâncias, como fiz no meu romance de estreia, Sob a Vigília da Carranca, onde exploro sobre o surgimento de importante peça para a cultura baiana e nordestina. Digamos que há uma mistura de emoções dentro de mim, vindas de diferentes épocas, as quais preciso expressá-las para não ser sufocado.

Como analisa a literatura de terror/horror escrita por autores brasileiros?

Eu vejo o cenário nacional com muito bons olhos. Tenho lido muita coisa incrível produzida por escritores brasileiros. Tenho presenciado uma forte vontade de trazer novos ares ao gênero, de abordá-lo de uma maneira não puramente incômoda, mas dando novos significados aos desconfortos, como, por exemplo, a maneira de abordar certos preconceitos sem o intuito de ser puramente impactante aos leitores, mas criando uma imersão narrativa que aborda o tema com inteligência, um estilo um tanto Jordan Peele. Eu gosto do que vejo, acho que o horror nacional vem numa crescente revolucionária e está em muito boas mãos.

Como é seu processo criativo?

Eu não sigo muitas regras ou etapas. Gosto da fluidez que a liberdade traz. Não sou do tipo que esquematiza todos os pormenores da narrativa. Eu basicamente tenho uma ideia, mergulho em uma pesquisa referencial e teórica intensa e depois parto para a escrita enquanto escuto Lo-fi. Basicamente é assim que funciona comigo.

Qual o seu próximo projeto?

Após o fim dos trabalhos com Desespero Noturno, tenho um terceiro romance para sair e que se chama “O Homem dos Olhos Púrpura”. Fora este novo lançamento, estou trabalhando na pesquisa e escrita do projeto aprovado pela Lei Paulo Gustavo, o “Fantástico Sergipano “, minha primeira coletânea de contos que abordará a cultura do Sergipe em narrativas dentro do gênero fantástico. Mais novidades vocês podem me acompanhar pelo instagram @ocesarribeiro.

Links para os livros do autor:

https://editora-alarde.lojaintegrada.com.br/desesperonoturno

CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023) e Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023). Colunista da revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023) e Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023).