Fale-nos sobre você.

Meu nome é Renan Alves Melo,
nasci na cidade em Inhumas, um município que fica no interior de Goiás, no ano
de 1987. 

Cresci em um lar de educadoras.
Inclusive, com minha tia sendo minha professora. E talvez essa convivência com
livros e letras em casa tenha despertado meu interesse para a escrita. Minha
mãe e minha avó sempre foram ligadas à educação também, o que fazia do ambiente
escolar, em especial a biblioteca, meu lugar preferido. 

Foi no ensino fundamental que
escrevi meus primeiros contos, em razão de um concurso literário do colégio. E
desde então, cultivei esse hábito, passando para a poesia e investindo em um
longo projeto de romance também. 

Nesse
caminho, conquistei alguns prêmios, dentre eles: Prêmio Kelps de Poesia, Prêmio
Sesi Arte e Criatividade, Concurso Literário Mário Quintana, Medalha Castro
Alves, Concurso de Contos de Niterói, Prêmio Internacional Castelo de Duino e
Coleção Belamor da UFG.
 

Não vivo da
escrita, mas vivo para escrever. Profissionalmente, atuo na área de propaganda
como diretor de criação da Agência Espaço, há mais de 10 anos.
 

“Ver de
Novo o Mar” é minha terceira obra publicada.
 

ENTREVISTA: 

Fale-nos sobre o livro “Ver de Novo o Mar”. 

“Ver de Novo o Mar” é um livro sobre
redenções. O título da obra ilustra e sugere meu compromisso: um olhar para a imensidão
do próprio ser humano, com todas as suas ondas e inquietudes.
 

É a segunda chance, é a nova remada, é o
percurso que se abre. Ou seja, um mergulho profundo no mais íntimo de
personagens machucadas, solitárias e incompletas. Tudo a partir de uma voz, no
mínimo questionável, que ressignifica o assombro da vida com a poesia e suas
cicatrizes.
 

“Ver de Novo o Mar” foi escrito durante
os dois anos de pandemia. E agora, com um olhar distanciado do projeto, vejo
que o livro também fala de uma liberdade comprometida. É como se coubesse à
escrita preencher o vazio que nos foi imposto. Não que a obra trate diretamente
da covid. Na verdade, é uma obra que trata da morte, do tempo e, como já
mencionado, dos nossos próprios vazios.
 

Acredito na literatura que incomoda.
Gosto de escrever um texto que me deixa desconfortável. É saindo da zona de
conforto que a gente encontra a nossa verdade. E “Ver de Novo o Mar” é sobre
isso.
 

Outro ponto importante é como a Editora
Mondru enxergou o meu livro e o traduziu em seu projeto gráfico. Tudo,
absolutamente tudo, dialoga com o propósito da obra. Cada cor, elemento e
passagem existe por um motivo. E torço para que cada leitor mergulhe nesse
texto potencializado pelo trabalho de tantos outros.
 

Parafraseando
Valter Hugo Mãe, para mim todo livro é um filho de mil homens.
 

Fale-nos sobre seus outros livros. O que motivou a escrevê-los? 

Antes de “Ver de Novo o Mar”
publiquei dois livros, ambos pela Editora R&F. O primeiro, em 2012,
intitulado “Mar Escrito”, foi fruto de uma lei de incentivo. Trata-se de uma
obra que reúne os meus primeiros 30 contos. São narrativas sobre desejos e
relações intempestivas, onde me propus a uma linguagem mais poética. Gosto de
dizer não dizendo. Gosto de mostrar não mostrando. E sinto que nesse meu primeiro
livro, os traços dessa minha marca já estavam presentes. 

No ano seguinte, publiquei
“Caminhárias – da névoa ao sangue”. Também fruto de uma lei de incentivo, o
livro reuniu minhas primeiras poesias. A obra se inspira na figura de duas
mulheres que marcaram minha adolescência: Virginia Woolf e Frida Kahlo. Fiz de
cada uma delas um caminho, onde os versos se transformaram em passos. E os
passos me trouxeram imagens interessantes. 

Acredito que o texto em prosa nasça
de uma imagem enquanto a poesia é a busca por essa imagem. E agora, respondendo
a essa entrevista e encarando meus dois primeiros livros, acredito que essa
forma de ver a literatura já vivia dentro de mim, sem que eu tivesse a mínima
noção. 

Como analisa a questão da literatura no país? 

Com preocupação. Infelizmente a
literatura é uma das tantas bolhas que vagam pelo nosso país. Se por um lado
notamos um trabalho hercúleo de iniciativas literárias, como essa própria
revista e também a Editora Mondru, por outro temos uma sociedade mais
preocupada em investir na sua autoafirmação. Agora, como propor um diálogo,
utilizando da literatura, se tão poucos querem ouvir? 

E eu adiciono a esse cenário um
dado assustador: o brasileiro lê em média 4 livros por ano. Um país com tamanha
riqueza cultural se contentar com essa realidade é muito triste. Ou melhor, é
constrangedor. Os pais não incentivam seus filhos à leitura. Até porque o maior
incentivo seria fazer desse pai um leitor também. 

Sinto que esse peso cai muito nas
costas das escolas. E aqui registro o quanto vejo injustiça nisso. Não cabe a
um professor mudar comportamentos. Cabe a esse professor inspirar a criança que
já deve vir com sede de livros. E essa sede só vai ser possível quando a
família presentear crianças com mais livros e menos carrinhos ou bonecas. Não
só presentear, mas fazer da leitura um momento de conexão daquele ser humano em
formação com um mundo que ele pode colaborar para ser melhor. 

O que tem lido ultimamente? 

Gosto de alternar gêneros e
períodos literários. De obras contemporâneas a obras clássicas, tem de tudo na
minha estante. Fala-se muito que a literatura é um recorte do tempo. E nada
melhor que o tempo para nos contar sobre o homem. 

Nesse viés, tenho lido muito João
Gilberto Noll, (“Lorde”), Valter Hugo Mãe (“O Filho de Mil Homens”), Virginia
Woolf (“Rumo ao Farol”) e Hilda Hilst (“Cantares”). 

Faço questão também de citar
alguns contemporâneos e colegas de casa: Humberto Conzo Jr. com o romance “As
Sete Mortes do meu Pai”; Gabriela Queiroz, com o livro de poesia “Na
Consciência da Natureza que me Compõe”; Jeferson Barbosa, com o livro também de
poesia “Os Móveis Continuam Prisioneiros”; e Carlos Freitas, com sua coletânea
de contos “Domingo Passado”. 

 Link
para o livro:
 https://mondru.com/produto/ver-de-novo-o-mar/ 

 

CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades
Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros
O enigma da velha casa
(Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak
Editora, 2019), O enigma da biblioteca
(Editora Verlidelas, 2020), Horror na
biblioteca
(Editora Verlidelas, 2021), O
quarto número 2
(Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial,
2023),
Somos
a diferença neste mundo indiferente

(Editora Uirapuru, 2023) e Dayana Luz e
a aula de redação
(Saíra Editorial, 2023).
Colunista
da revista Conexão Literatura. 
 

SÉRGIO SIMKA

É
professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros
publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura
infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério,
publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu
mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora
Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência
Moderna, 2023), Horrores da escuridão
(Opera Editorial, 2023),
Somos a diferença neste mundo indiferente
(Editora Uirapuru, 2023) e Dayana Luz e
a aula de redação
(Saíra Editorial, 2023).

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