Poe, Poe, Poe. Há algo de Poe por todo o mundo. Em quase tudo que há de sombrio nos dias de hoje, há algum toque do imortal Edgar Allan Poe, o poeta do macabro, autor do Corvo, do Coração denunciador, O gato preto e muitos outros clássicos. Claro que Poe não foi um autor exclusivamente de terror, pois ele também escreveu muitos ensaios, resenha, contos de ficção científica, investigação e até comédia de humor negro, além de sua escrita ter sido praticamente a base do que se conhece por conto nos dias de hoje; no entanto,  aqui neste texto, o foco é o lado mais famoso de Poe – seu lado das sombras, pois foi principalmente este aspecto do escritor que influenciou o peculiar e consagrado diretor Tim Burton.

Os filmes de Burton sempre trazem universos macabros, em que o mundo dos mortos é sempre mais vivo e mais interessante do que o dos vivos e, por mais mórbidos que sejam esses mundos de Burton, eles geralmente tem um toque de inocência, o que os toda apropriados para o público. O diretor mostra criaturas mortas dançando ou brincando de tirar a própria cabeça fora para recitar Shakespeare no Halloween, crianças revivendo animais em estilo Frankenstein e até mesmo o assassinato de uma jovem noiva. Tudo narrado com imagens surreais e sombrias, refletindo um estilo único do diretor, cheio de listras, espirais e casas com arquiteturas nada convencionais. Toda essa atmosfera sombria e obsessão por narrativas macabras já mostram uma certa influência do mestre do macabro, mas tudo isso poderia ser até considerado coincidência, não fosse pelo curta Vincent, um dos primeiros trabalhos de Burton, em que vemos o quão forte é a influência de Poe na formação do estilo do diretor.

O curta de 1982, narrado por Vincent Price, conta a história de um menino obcecado pelas sombras, cujo autor preferido é, adivinhem quem? Edgar Allan Poe. Veja abaixo a imagem de uma das ilustrações de Burton que deram origem ao curta, e repare no nome escrito abaixo do quadro da mulher:

Vincent era obcecado com sua imaginária Lenore, sua esposa que foi enterrada viva – mais uma ideia vinda direto dos contos de Poe. No final do curta, Price recita os versos finais do poema O Corvo.
A influência de Poe em Burton talvez tenha se dado, a princípio, de forma indireta, pois Burton sempre foi muito fã do ator Vincent Price – famoso principalmente por ter estrelado diversos filmes de terror da década de 60, muitos dos quais eram adaptações de obras de Edgar Allan Poe. Burton via os filmes, e talvez tenha conhecido Poe através dos filmes estrelados por Price, por isso o diretor herdou tanto o lado mais obscuro de Poe, representado e muitas vezes até aumentado pelos filmes da Hammer e da Universal, que o tornaram um ícone do cinema de terror.

Enfim, direta ou indiretamente, a influência de Poe na carreira de Burton é inegável e foi um fato importante para formar a identidade do diretor, que tanto se destaca com seus peculiares filmes.

Veja abaixo o curta Vincent, legendado, e veja por você mesmo os traços de Poe presentes na obra de Tim Burton.

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5 respostas

  1. Amo de paixão esse curta do Burton! Quando vi que era narrado pelo próprio Vincent Price (que também é citado no poema), fiquei ainda mais empolgada.
    Adorei o artigo <3

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