Caixa de Pássaros é provavelmente um dos livros com história mais original lançada nos últimos anos, e essa pode ser a grande razão de sua popularidade. Se até então os apocalipses (tema já batido, diga-se de passagem) aconteciam por epidemias zumbis, guerras nucleares e afins, aqui o autor Josh Malerman consegue se diferenciar: o apocalipse é causado por algo que ninguém sabe o que é, mas, se a pessoa ver, comete suicídio. E milhares de pessoas morrem mundo afora. Com medo dessa ameaça desconhecida, os sobreviventes passam a viver de olhos fechados, trancados em suas casas.
É nesse contexto que Malerman nos apresenta a protagonista Malorie, uma mulher grávida que, pouco antes do estouro da epidemia, lê em um jornal um anúncio oferecendo uma casa segura. Malorie viaja de carro até a residência e encontra um grupo pequeno de pessoas com alimentos contados, um poço d’água à disposição e sem muito objetivo a não ser sobreviver.
A história de Caixa de Pássaros tem uma série de acertos. O melhor, sem dúvidas, é a divisão da trama em duas linhas do tempo. Na principal, Malorie precisa conviver com os sobreviventes na casa, resolvendo problemas como a falta de comida. Na segunda linha, quatro anos à frente, Malorie decide sair da casa após treinar seus dois filhos para navegarem pelo rio de barco, rumo a um lugar que não é revelado de início.

Mistérios e mais mistérios

Por que Caixa de Pássaros prende o leitor? Por conta dos mistérios que instigam a continuação da leitura, e que vão sendo desenvolvidos aos poucos. O que as pessoas vêem antes de se suicidarem? Por que resolvem se matar? Para onde Malorie está levando seus filhos pelo rio?… As interrogações são muitas e o bom enredo sabe lidar com elas .
Ainda sobre as perguntas, vale ressaltar que as respostas, em muitos momentos, alinham as duas linhas do tempo. Não raro acontecem situações em que Malorie vê ou sente algo no futuro (quatro anos à frente, com os filhos no barco) e logo um momento no passado explica a reação da protagonista. Tudo muito bem desenvolvido.
Outro destaque são as cenas de terror. Não são muitas, mas, quando acontecem, realmente conseguem dar um sentimento de tensão. O clímax do livro segue pela mesma linha: ao mesmo tempo perturbador e verossímil, dá uma desfecho crível à história.
Se você apenas está procurando um livro com uma boa história, Caixa de Pássaros é recomendadíssimo.

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