É inegável que os romances de fantasia caíram nas graças dos
leitores brasileiros. Histórias de dragões, feiticeiros, elfos e anões ganharam
legiões de fãs nos últimos anos, impulsionados por sucessos de adaptações no
cinema como O Senhor dos Anéis, Harry Potter e As Crônicas de Nárnia. Viu-se um aumento considerável da demanda
desse tipo de literatura, seja de autores estrangeiros ou nacionais.
A novidade fica por conta de autores capazes de unir mágica
e aventura – características básicas da fantasia – ao folclore brasileiro.
Roberto de Souza Causo (A Sombra dos
Homens
) e Simone Saueressig (com suas histórias baseadas no folclore
brasileiro, em especial o gaúcho) são exemplos de autores consagrados que
souberam trabalhar com competência esses cenários. Felipe Castilho (com sua
série O Legado Folcórico) e Marcus
Achiles (com o surpreendente Danação)
são nomes que surgiram mais recentemente, dando um belo empurrão na fantasia
brasileira.
Um outro belíssimo exemplo dessa literatura é a série A Bandeira do Elefante da Arara, de
Christopher Kastensmidt, autor norte-americano radicado em Porto Alegre. A
primeira história dentro desse universo foi a noveleta O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara, que teve boa
aceitação no exterior, chegando a ser finalista do Prêmio Nebula e ganhou o
Reader’s Choice Awards da Revista Realms of Fantasy.

Na história, conhecemos a dupla Gerard van Oost e Oludara.
Aquele, um holandês que veio ao Brasil em busca de fama e aventura; este, um
guerreiro africano capturado e trazido ao Brasil como escravo. Juntos, eles criam
uma bandeira incomum, e começam a desbravar o interior do Brasil, onde conhecem
os mais variados perigos, enfrentando criaturas surpreendentes do folclore
nacional.

A noveleta foi traduzida e publicada em 2010 pela Devir
Brasil no volume Duplo Fantasia Heroica,
como parte do selo Asas do Vento. A publicação foi seguida por mais duas
noveletas: A Batalha Temerária contra o
Capelobo
e O Desconveniente Casamento
de Oludara e Arani
. A estas, unem-se uma história em quadrinhos (adaptação
de O Encontro Fortuito), outras três
noveletas publicadas em inglês na Amazon e o projeto de um jogo de tabuleiro a
ser lançado em breve.
O produto mais recente dessa empreitada é o romance A Bandeira do Elefante e da Arara, lançado
este mês pela Devir. O volume com pouco mais de 300 páginas traz a republicação
das primeiras aventuras da dupla de heróis, cada capítulo sendo uma das
noveletas citadas acima. Traz também as três histórias publicadas anteriormente
apenas em inglês e ainda quatro histórias inéditas, dando um fecho às aventuras
da bandeira.
A escrita de Kastensmidt é agradável e fluida. Apesar de
mais voltado para o público jovem, deve agradar a leitores de todas as idades. O
texto é bem-humorado e segura o leitor, especialmente nas sequências de batalhas.
O autor trabalha com habilidade as entidades folclóricas brasileiras, aproveitando
com maestria as características de cada personagem. O resultado final é um
livro extremamente agradável.

A Bandeira do Elefante
e da Arara
merece todas as recomendações possíveis, seja pelo uso
inteligente das entidades folclóricas brasileiras, pela caracterização
competente de um Brasil Colônia desconhecido por muitos ou pelos pequenos
dramas pessoais que movem os protagonistas.
Mas talvez a qualidade mais importante e atraente do livro
não seja nada disso. Seja simplesmente porque as histórias são legais pra
caramba!
Leia mais sobre A
Bandeira do Elefante e da Arara
no site do autor. Ou no site da Devir Brasil.
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