Não é de agora que os leitores se interessam pelo que seus autores prediletos têm a dizer para além de sua obra literária. Usualmente essa abordagem costuma aparecer em revistas ou encartes literários, mas não é raro que figure em outras publicações. Livros de entrevistas com escritores consagrados sempre estiveram em pauta. O poder de alcance de uma obra desse naipe vai depender muito da popularidade ou representatividade do autor entrevistado.
No Brasil, a obra do escritor argentino Adolfo Bioy Casares (1914-1999), autor do clássico “A invenção de Morel”, não é tão conhecida quanto merece. Seu nome como escritor costuma estar associado à Literatura Fantástica Universal, embora o autor também tenha se enveredado pelos gêneros Ficção Científica e Policial. Foi grande amigo do escritor Jorge Luis Borges, com quem manteve uma relação produtiva e duradoura, resultando em diversas histórias policiais escritas conjuntamente.
Apesar de não ser um autor muito conhecido pelos leitores brasileiros, a Editora Penalux resolveu trazer ao país a tradução do livro Sete conversas com Adolfo Bioy Casares, com entrevistas realizadas pelo escritor Fernando Sorrentino, conterrâneo do entrevistado. O entrevistador já é conhecido do público brasileiro por conta de outro livro seu, também de entrevistas, com igual proposta. Trata-se da obra Sete conversas com Jorge Luís Borges (Azougue Editorial, 2009). Aliás, além do entrevistador, os dois livros têm outro ponto em comum: a tradução da carioca Ana Flores.
Nas sete conversas com Bioy, encontramos um autor que não fala somente da sua época, mas também consegue antecipar muitas facetas do nosso tempo. A despeito das quase três décadas que separam sua morte desta publicação, essas entrevistas com o escritor espantam pela atualidade de suas falas. Numa delas, ele alfineta: “É uma doença desta época. Os escritores não escrevem para os leitores, mas para os críticos; com isso, sem dúvida conseguem críticas interessantes. Conseguem fazer com que os críticos discutam esses livros. Mas vão afastando as pessoas da leitura, porque lhes dão livros que não são para elas. Livros que, em vez de apresentar assuntos que interessam a todos nós – quer dizer, assuntos para a ficção –, estão preocupados com teorias e oficinas literárias” (p. 185). E concluí o raciocínio dizendo que desejava “que os escritores fossem como carpinteiros, que fabricam uma cadeira para que alguém se sente nela”. Conclui: “Se alguns desses tais livros fossem cadeiras, cairíamos no chão. Sem dúvida, quase todo escritor recebe por ano uma infinidade de livros que não consegue ler. Não é que não tenha tempo para lê-los, é que são livros quase ilegíveis, que não consideram a existência do leitor”.
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Bioy Sorrentino – Arquivo pessoal do entrevistador |
A obra é um importante registro para os admiradores da obra de Bioy e, por conseguinte, da literatura argentina. Não só dessa, mas também da literatura universal, uma vez que não faltam ao livro opiniões, críticas e comentários do entrevistado sobre autores de várias nacionalidades e suas respectivas obras.
SERVIÇO
Título: Sete conversas com Adolfo Bioy Casares
Autor: Fernando Sorrentino
Publicação: 2017
Tamanho: 14×21
Páginas: 220
Preço: R$ 38,00
Link para compra: http://bit.ly/sete_conversas_bioy_casares_leia
Amostra grátis: http://pt.calameo.com/read/0018123018dc04b9395ab
SOBRE OS AUTORES
Suas criações costumam misturar de maneira sutil, e quase sub-reptícia, realidade e fantasia, de maneira que nem sempre é possível determinar onde termina a primeira e começa a segunda.
Seus livros mais recentes de contos são: Costumbres del alcaucil (2008), El crimen de san Alberto (2008), El centro de la telaraña (2008), Paraguas, supersticiones y cocodrilos (2013), Problema resuelto / Problem gelöst (edición bilíngue espanhol/alemão, 2014), Los reyes de la fiesta, y otros cuentos con cierto humor (2015). Grande parte de sua obra de ficção foi traduzida para vários idiomas.
Do autor são também dois volumes de entrevistas: Siete conversaciones con Jorge Luis Borges (1974) y Siete conversaciones con Adolfo Bioy Casares (1992). Do primeiro, existe edição brasileira (Sete conversas com Jorge Luis Borges, 2009, Rio de Janeira, Azougue Editorial) com tradução de Ana Flores.
Sua página na web:
http://www.fernandosorrentino.com
Entrevistado: Adolfo Bioy Casares nasceu em Buenos Aires, em 15 de setembro de 1914. Seu nome como escritor é muito associado à Literatura Fantástica Universal, embora o autor também tenha se enveredado pelos gêneros Ficção Científica e Policial. Começou a escrever muito jovem e logo se juntou ao círculo cultural cosmopolita da Revista Sur, firmando por essa época uma estreita amizade com aquele que teria uma influência decisiva em sua carreira literária: o escritor Jorge Luis Borges, com quem manteve uma relação produtiva e duradoura, resultando em diversas histórias policiais escritas conjuntamente.
Em 1932, Bioy conheceu a escritora Silvina Ocampo e com ela se casou em 1940.
No mesmo ano do seu casamento veio a publicação do livro A Invenção de Morel, sua obra mais famosa e um clássico da literatura contemporânea.
Autor de vasta obra, Adolfo Bioy Casares é considerado não apenas um dos escritores mais importantes de seu país, mas também da literatura hispânica, e seus livros continuam a impactar e cativar leitores e a ganhar reedições e traduções em vários países.
Sua produção literária lhe rendeu muitos prêmios, incluindo o Grande Prêmio de Honra da Sociedade Argentina de Escritores (SADE), em 1975, e o aclamado Prêmio Cervantes, em 1990.
Faleceu em 08 de março de 1999, aos 84 anos.