Rubens Francisco Lucchetti, ou R. F. Lucchetti, é um ícone da literatura fantástica e de terror brasileira. Sua vasta produção literária envolve 1.547 obras sob encomenda e cerca de 100 escritos autorais, além da infinidade de inéditos que estão na gaveta.

Entre tantos livros, sem contar roteiros e textos para quadrinhos, o autor tem dois livros de poemas. O primeiro foi Música Secreta, datado de 1952 que reúne poemas que foram publicados no Jornal de Ribeirão Preto. Trata-se de uma edição com pouca tiragem.

Poemas de Vampiros, publicado pela Editora Clepsidra, conta com a seleção de Marco Aurélio Lucchetti, filho do autor. A obra lançada em 2018 tem ilustrações de Anasor ed Searom e notas biográficas de Carlos Primati, além de prefácio de Cid Vale Ferreira (profundo conhecedor do universo vampiresco).

“Ninguém sabe quem sou
Ou o que sou,
Mas todos sabem
Que Nosferatu
É o meu nome.”

Das lamentações de Nosferatu, vemos o personagem principal do poema de seu sepulcro, da vivência da morte, fazendo suas lamentações, afirmando que “só no jazigo os amantes ficam realmente a sós”. E há, por parte dele, o pedido de que a donzela vá viver em seu Paraíso. 

Em outros poemas temos o desejo dos vampiros pelas mulheres e a sua junção com a morte, passando pelo clamor de quem aguarda a chegada de um vampiro (“sei que virás”). Há ali a voz de quem espera pela chegada do vampiro em seu quarto. Já em outro dos poemas, por exemplo, temos a revelação do beijo tão ansiado que a conduz para a imortalidade. Notamos, portanto, que os poemas de R. F. Lucchetti trazem vozes distintas. Ora é o vampiro quem fala, ora uma possível mulher que o espera, ora um terceiro que narra uma cena de forma poética.

Alguns poemas carregam uma dose de sensualidade que paira no ar em meio ao sombrio. O beijo que conduz para a imortalidade carrega o lascivo e o medo. O vampiro também se apaixona, mas rouba a vida para saciar a sede de sangue. E nós leitores, notadamente perceberemos as referências utilizadas por Lucchetti em alguns poemas, tais como Drácula e Nosferatu.

A morte, que tanto ronda o imaginário em relação aos vampiros, e que se encarrega de levar a eleita, também causa tormento.

“Um dia, perdido nos séculos,
A morte veio
Minha amada buscar.
Desde então, vivo
Em tormento eterno…”

As poesias de Lucchetti são objetivas e com uma linguagem acessível, o que permite ao leitor menos apaixonado por terror, ser impactado por sua obra. Na poesia vozes distintas dialogam com o leitor, o que é representado pelo eu lírico manifesto pela voz do vampiro ou de outros personagens, como mencionado acima.

Na poesia estão explicitados os desejos, sonhos, a sensualidade e até a saudade. A morte é adorada, temida, mas expressa a vontade de eternidade.

“R. F. Lucchetti – A Trajetória Brilhante do Autor que Escreveu Demais” é a nota biográfica que encerra a obra e desperta a tenção do leitor para produção literária desse nome bastante representativo da literatura brasileira, sobretudo nos gêneros de terror/horror e fantasia.

Poemas de Vampiros é uma excelente edição. Um livro curto que pode ser lido num único fôlego e que nos dá uma visão da grandeza da obra de Lucchetti.
Ficha Técnica

Título: Poemas de Vampiros
Escritor: R. F. Lucchetti
Editora: Clepsidra
Edição: 1ª
Número de Páginas: 63
Ano: 2018
Assunto: Poesia brasileira

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