A Marvel sempre teve como característica personagens diferentes,
que se distinguiam muito da imagem clássica dos super-heróis. Mas nenhum deles
eram tão singular quanto Manto e Adaga.
Surgidos em uma história do Homem-aranha, eles ganharam uma
minissérie em quatro edições no ano de 1983, publicada aqui na revista Heróis
da TV. Foram apenas quatro histórias, mas que chamaram atenção e marcaram os
leitores da época.
Vítimas de uma experiência de traficantes, dois jovens ganham
poderes opostos: Manto assume as trevas, enquanto Adaga é a luz.
Pode parecer algo simplório, mas o roteirista Bill Mantlo
conseguiu dar grande profundidade ao conceito, transformando-os em opostos em
tudo, mas complementares como se fossem versões humanas do Yin Yang.
Por viver nas trevas, Manto se alimenta de luz e é a parceira que
lhe cede a essa energia, mas isso a afeta, podendo até mesmo matá-la. Esse
impasse ético é boa parte do charme das histórias.
A história vai muito além da dicotomia típica das histórias de
heróis, em que vilões e heróis são extremamente demarcados: em alguns momentos
Manto parece o vilão em sua fome de luz, que o leva a sugar a energia de outras
pessoas, matando-as.
Para ilustrar essa história foi chamado Rick Leonardi, um dos mais
subestimados desenhistas dos comics americanos. Seu traço era bonito, inovador,
dinâmico. E a caracterização dos personagens era perfeita na: Adaga era
desenhada num traço limpo, enquanto o traço de Manto era uma massa de sombras. Contribuia
muito, claro, a incrível arte-final de Terry Austin, que ajudava a dar leveza
para a Adaga e peso para o Manto.  

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