Não é por acaso que A cidade à beira da
eternidade é considerado por muitos o melhor episódio de Jornada nas Estrelas.
É um daqueles exemplos de episódio em que tudo funciona, a começar pelo roteiro
de Harlan Ellison.
Na história, McCoy recebe, acidentalmente, uma
dose massiva de cordrazina, uma droga que provoca paranoia, e desce até um
planeta inexplorado onde se encontra um portal temporal, chamado Guardião da
Eternidade. Kirk, Spock e um grupo descem para procurá-lo. Enlouquecido pela
dose excessiva do remédio, McCoy entra no portal, voltando no tempo. E isso
muda completamente a história da humanidade, a ponto de Enterprise não existir
mais. Assim, Kirk e Spock precisam voltar ao tempo e impedir essa mudança
temporal.
Só por isso esse episódio já seria memorável.
Ellison introduz um conceito que posteriormente seria conhecido como efeito
borboleta (uma pequena mudança pode provocar grandes alterações), mas na época
nem mesmo a ciência havia elaborado esse princípio. Justiça seja feita, Ray
Bradbury já tinha lançado o conceito no conto “O som do trovão”, mas
certamente esse episódio é pioneiro ao lançar o conceito numa série de TV. Além
disso, o roteirista tem a inteligência de explicar exatamente como a morte de
uma pessoa pode mudar toda a história da humanidade.
Mas Ellison acrescenta um elemento dramático:
Spock descobre que para salvar o mundo como o conhecem, precisam evitar que
McCoy salve uma assistente social pela qual Kirk se apaixona ao longo do
episódio. Isso introduz um elemento emocional e um dilema ético que elevam o
drama do episódio a um nível dramático poucas vezes visto na série. Dificil não
se emocionar.
Uma curiosidade é que a assistente social, que
ajuda necessitados na época da crise de 1930, em determinado momento faz uma
exortação aos necessitados enquanto eles comem a sopa. Pela lógica, espera-se
que ela faça um discurso religioso, mas seu discurso é uma utopia científica e
tecnológica, em consonância com a ideologia de Jornada nas Estrelas.

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