Agatha Christie não só continuou o legado de
Conan Doyle na literatura policial, como praticamente criou sozinha um
subgênero, em que uma pessoa é assassinada em um local fechado, com poucas
pessoas presentes, todas elas suspeitas do crime. No final, o detetive (Poirot
normalmente) reúne todos os suspeitos, analisa as motivações de cada para o
assassinato e no final revela o verdadeiro assassino, geralmente aquele que o
leitor menos espera.

Um ótimo exemplo dessa estrutura é Morte na
Mesopotânia. Christie foi casada com um arqueólogo e usou essa experiência para
criar uma trama intrigante. Um grupo de arqueólogos está trabalhando nas ruínas
no Iraque quando a esposa do chefe da expedição é assassinada. O local onde
ocorre o crime é fechado, com guardas no único portão. A situação se agrava
mais ainda ao se descobrir que a vítima recebia cartas ameaçadoras de seu
ex-esposo, que supostamente estava morto.

Agatha Christie é famosa não só pelas tramas
bem elaboradas e pela estrutura inovadora: ela também é uma escritora
deliciosa, com uma narrativa fluída, que não perde o encanto nem mesmo quando o
que é mostrado é apenas algumas pessoas fofocando. Além disso, tinha a incrível
capacidade de criar personagens marcantes e carismáticos, tridimensionais. Essa
perícia na criação de personagens se reflete na própria vítima, mostrada tanto
como uma dama encantadora quanto como uma vilã capaz de manipular e provocar
dissensões no grupo.

São 230 páginas que passam muito rápido.

Compartilhe!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *